O Ciência sem Fronteiras, programa que concede bolsas para que estudantes brasileiros estudem no exterior ou que, segundo a definição de seu site, “busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional”, está com os dias contados. Na realidade, para alunos de graduação, essa contagem já acabou. Isso porque, na semana passada, o ministro da educação, Mendonça Filho, anunciou o fim de novas bolsas para estudantes da graduação (para alunos de pós-graduação ainda haverá bolsas).

A principal justificativa do governo federal é a escassez de recursos financeiros (porém também foi divulgado que, mesmo com a “volta” de dinheiro para o caixa, as bolsas não necessariamente voltarão) e o pouco retorno que o programa trouxe ao Brasil. Todavia, muitas vezes, os estudantes eram enviados sem ter noção do idioma local do país para o qual estavam indo (nestes casos, o programa custeava um curso do idioma no país em que se faria o intercâmbio). Fora isso, os próprios participantes do programa dizem que o governo não cobrava muito retorno.

Penso que, em situações realmente extremas, a suspensão de bolsas seria inevitável. Porém, a “filtração” dos beneficiados já causaria uma significativa redução de custos. O requisito de uma prova para avaliar quanto o candidato domina o idioma do país pelo qual demonstrou interesse, por exemplo, para só posteriormente aprovar seu intercâmbio, causaria uma nítida diferença. Além disso, a “exigência de resultados” (projetos de pesquisa, artigos, introdução de novas tecnologias, etc) acarretaria num aproveitamento muito maior dos estudantes e um retorno “mais visível” para o Brasil.

O fim das atividades do programa, que beneficiou aproximadamente 93 mil estudantes da graduação, é uma grande perda para o Brasil. Em média, mais de 40% dos participantes realizaram estágios em laboratórios universitários, governamentais e industriais de ponta, muitos com tecnologias que não são encontradas no Brasil. Fora que o percentual de alunos que se iniciaram mestrado após a graduação é muito maior entre alunos participantes do programa do que alunos “comuns”.

Sim, o projeto era de elevado custo para o governo federal. Contudo, creio que seus resultados deveriam ser avaliados com mais cautela antes de encerrá-lo. Por fim, nos resta cobrar melhorias desta gestão e que ela avalie mais cautelosamente suas prioridades.

 

Heloisa Wilbert Schlindwein – 17 anos – Farmácia UFSC