Cinco anos depois: após a luta contra o câncer, brusquense lança livro sobre as mudanças de vida durante o tratamento
Em O Lado Colorido da Dor, Loriane Fürbringer Dalcastagne reflete sobre ressignificação
Em O Lado Colorido da Dor, Loriane Fürbringer Dalcastagne reflete sobre ressignificação
Após a luta contra o câncer de mama, a professora Loriane Fürbringer Dalcastagne, de 42 anos, lançou o livro O Lado Colorido da Dor nesta terça-feira, 18, no Shopping Gracher. A história foca nas mudanças na vida da brusquense após o diagnóstico, em janeiro de 2016.
“Fiz um exame de rotina, não sentia nada. Foi pedido um ultrassom, pois já tinha 35 anos na época, e a mamografia não era indicada. No ultrassom apareceu uma mancha preta”, recorda a moradora do Jardim Maluche.
Com o resultado suspeito, foi feita a mamografia e a biópsia, o que confirmou o câncer. Foi o início da jornada contra a doença, na expectativa de completar o período de cinco anos sem complicações.
“Nós, pacientes, ficamos esperando pelos cinco anos. É muito significativo. No ano passado, quando completei o período, percebi que estava bem e que comecei a fazer coisas para cuidar de mim”, destaca.
Foi então que ela decidiu contar sobre o que passou. “Eu sempre tive vontade de escrever um livro, pois sempre gostei de ler e escrever. Só que eu não pensava que seria sobre um tema assim”, comenta.
Loriane aponta que são diversos desafios na luta contra o câncer, como efeitos pós-cirurgia e as consequências na recuperação. Porém, ela queria focar a escrita em outro ponto. “Não queria que o livro falasse só da doença, da fase de tratamento, mas que falasse das transformações, o que aconteceu e o que mudou”, ressalta.
Ela conta que a publicação é destinada para todas as pessoas, não somente quem luta contra o câncer. “O livro não é pesado e técnico, ele contextualiza a minha história para as pessoas saberem pelo o que eu passei. Mas coloquei um pouco mais de leveza, pois mesmo na dor a gente pode encontrar mais amor e alegria”, diz.
“Tu encontras possibilidades de enfrentar, mas isso depende de uma escolha. Ou você deixa o mundo cair na sua cabeça, pois muitos acham que o diagnóstico de câncer é o fim, mas também temos muitos recursos hoje em dia”, complementa.
A escritora ressalta que também sentiu a necessidade de incentivar o autocuidado, como a busca pelo exame. “Se você tem amor por si mesmo, você vai cuidar de si, do seu corpo, da alimentação e fazer exames de rotina. Embora as pessoas estejam cansadas de ouvir isso, tem que fazer. Tem recursos, mas é preciso descobrir ele em um momento que ainda dê para agir”, orienta.
Publicado pela editora Cores e Valores, o livro O Lado Colorido da Vida tem 164 páginas. Parte do valor das vendas será destinado a Rede Feminina de Combate ao Câncer.
Ao falar sobre a escolha do título, a brusquense explica que quis deixar a palavra câncer de fora. “Eu sou uma pessoa muito visual, tudo o que você falar para mim, eu vou pensar numa cor”, pontua.
Loriane relembra que, antes do diagnóstico, ela se via presa em uma rotina entre casa e trabalho. Ela observa que era muito focada nas atividades profissionais e exigente consigo mesma.
“Será que a minha vida não era meio em preto e branco, sem cor? Porque eu só estava naqueles papéis ali? Aí eu pensei que, depois de passar por uma doença, pensamos em diversas possibilidades, inclusive que o tratamento pode não dar certo. No hospital, vi outras realidades, coisas que eu não imaginava que existiam, e comecei a olhar diferente para a vida, valorizar e agradecer mais”, reflete.
Ela pontua que o principal é tentar apreciar a vida diariamente, buscar pelas cores no cotidiano. “Eu fui esperar minha filha no curso, à noite, não tinha graça nenhuma, sem estrelas, mas pensei ‘nossa, que lindo’. É o apreciar as pequenas coisas, quando que tiramos tempo para isso?”, questiona.
Assim, cada capítulo do livro tem o nome de uma cor. Por exemplo, o que relata o ultrassom é intitulado Preto, referente às manchas no resultado. Já o diagnóstico é Cinza e a quimioterapia é Vermelho.
“Eu fui passando pelos processos, até chegar no final do livro e chegar em um arco-íris de possibilidades. É quando eu acho que abro minha visão de mudar. A gente pode aprender a ser feliz nas pequenas coisas, pois todo mundo tem uma dor. Não precisa ser física. Mas a gente tem que tentar conviver e superar da melhor forma”, diz.
“O Lado Colorido da Dor é um livro que fala sobre ressignificar a vida. Eu tive que passar por isso, mas, talvez, outra pessoa que for ler o livro e ter um pouco de sensibilidade pode refletir sobre necessidades de mudanças, sem ter que passar por algo ruim. Ninguém está livre do câncer”, completa.
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