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Cinco décadas de expansão contínua

De bicicletas a casas modulares, Irmãos Fischer aposta em ampla linha de produtos para tornar-se uma das maiores indústrias do Sul do país

Constituída oficialmente em 1966, a Irmãos Fischer ostenta números que impressionam.

Da rodovia Antônio Heil, a imponente sede da indústria brusquense se destaca pelo tamanho. São mais de 150 mil metros quadrados de área construída, divididos em quatro parques fabris, localizados em uma área total de 3,6 milhões de metros quadrados.

Lá, trabalham atualmente mais de mil funcionários no gerenciamento e na elaboração dos diversos produtos da empresa, que variam desde eletrodomésticos a casas modulares.

Produtos estes que são distribuídos em 40 mil pontos de venda espalhados pelo país. São mais de 1,5 mil cidades que recebem os produtos Fischer, e há cerca de 1,4 mil assistências técnicas pelo Brasil.

A responsabilidade de manter em funcionamento toda essa estrutura há mais de cinco décadas cabe aos cinco irmãos que dão nome e sobrenome à empresa.

Administram a empresa o diretor-presidente, Ingo; o diretor vice-presidente, Nivert; o diretor comercial e financeiro, Edemar; o diretor industrial, Norival, e o diretor de suprimentos, Egon.

Toda essa estrutura de equipamentos e funcionários tem rendido frutos à empresa, além das finanças. Nos últimos quatro anos, por exemplo, a Fischer ganhou mais de uma dezena de prêmios empresariais e selos de reconhecimento.

A modernização das atividades da indústria brusquense e ampliação da qualidade de seus produtos a levou a conquistar a certificação de qualidade ISO 9001.

E isso tem sido uma constante na vida da empresa. Todo ano, sem exceção, os produtos Fischer são reconhecidos e premiados nacionalmente.

Os irmãos Norival, Nivert, Ingo, Edemar e Egon administram a empresa | Foto: Arquivo Pessoal

Expansão produtiva em todas as décadas

Quem vê o tamanho da empresa hoje se surpreende ao conhecer suas origens. A Irmãos Fischer nasceu de uma modesta oficina de conserto bicicletas aberta por Ingo em 1961, quando este tinha apenas 17 anos.

Pouco tempo depois, os negócios foram expandidos, e o irmão Nivert se juntou a ele para fundar a empresa, em 1966. À época, a Fischer tinha como foco o conserto de eletrodomésticos e a fabricação de pias em aço inox. Em pouco tempo, os outros irmãos ingressaram na empresa.

A partir de então, a Fischer iniciou o caminho que a consagraria como uma das maiores empresas de Brusque: a expansão da sua linha de atuação. Do conserto de bicicleta, os irmãos passaram a enxergar em cada setor da economia brusquense uma nova oportunidade.

Na segunda metade dos anos 60, por exemplo, a empresa observou um crescimento na indústria pesqueira catarinense. Logo, começou a fabricar equipamentos para atendê-la, como tanques e mesas para descascar camarões. A Fischer chegou a ser a maior fabricante do ramo no Brasil.

Ao perceber o acerto, decidiram aproveitar a experiência na produção de máquinas para a indústria pesqueira para fazer o mesmo trabalho de ingresso na produção de equipamentos para frigoríficos, açougues e abatedouros.

Porém, a empresa também sabe a hora de mudar de ares. Conforme Ingo Fischer, a instabilidade da indústria até então atendida pela Fischer motivou os irmãos a investir em novos negócios, iniciando uma linha de fornos elétricos para uso doméstico, em meados de 1973.

A empresa continuou a expandir as atividades, reunindo todas elas em um só espaço a partir de 1996, no endereço atual, na rodovia Antônio Heil.

Novos produtos foram se juntando ao catálogo da Fischer: fornos elétricos e micro-ondas de embutir, churrasqueiras elétricas e a gás, fogões Cooktops a gás, elétrico e por indução, coifas e depuradores de ar, máquinas de lavar, centrífuga e secadora de roupas, carrinhos de mão, betoneiras, entre outros.

A Fischer também desenvolveu um sistema construtivo modular em aço, uma solução em ação que serve para construção de residências, consultórios, laboratórios, escolas e diversas outras construções, assim como produz uma linha termoisolante contemplada por painéis e telhas para fechamento e cobertura de grandes construções, tais como shoppings e galpões industriais.

Nos anos 2000, a empresa já possuía dezenas de produtos em suas linhas de fabricação, e continuava a expandir. Nessa época, a Fischer foi, inclusive, pioneira na fabricação de Cooktop no Brasil.  

Foi quando passou a ostentar posições de destaque em rankings nacionais, como em 2008, ano em que foi apontada como a maior empresa brasileira do setor Linha Branca, passando a figurar regulamente na lista das 500 maiores empresas do Sul do país.


O papel social está no DNA da empresa

“Está no íntimo da gente, sempre nos preocupamos muito com a parte social, com os nossos funcionários, e com a comunidade em si”, diz Ingo Fischer, diretor-presidente da empresa.

Segundo ele, as ações de caráter social da Fischer são praticadas desde que a empresa existe.

Em um passado recente, algumas tiveram mais destaque. Em 2009, por exemplo, a empresa destinou à Unidade Prisional Avançada (UPA) de Brusque um container transformado em oficina de trabalho.

No local, passou a ser oferecido serviço de montagem de peças aos detentos, uma parceria que rendeu a eles a remissão de tempo de pena em troca do trabalho feito. Um segundo container, no mesmo estilo, foi instalado um ano depois.

A empresa também fez ações na educação. Em 2012, inaugurou em suas instalações um Centro de Educação Infantil, denominado Bisa Olga Fischer, para atender preferencialmente os filhos dos funcionários, mas também disponível para a comunidade, já que o lugar é administrado em parceria com a prefeitura.

Mais recentemente, a Fischer foi também pioneira em outra ação cujos efeitos positivos são sentidos na sociedade brusquense.

“Os funcionários de uma organização são a alavanca para o progresso de uma indústria. Pode comprar todas as máquinas do mundo, mas sempre precisamos ter alguém que opere”

Em 2013, foi sugerido ao governo do estado que a empresa bancasse a duplicação de trecho municipal da rodovia Antônio Heil (SC-486), em troca de abatimento de ICMS [Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços]. Obra esta que saiu do papel e está prestes a ser entregue à comunidade.

Ingo Fischer diz que a necessidade de duplicação da rodovia foi vislumbrada a partir do fato de que ela estava se tornando muito perigosa.

Para o empresário, as ações sociais surgem, dessa forma, também como forma de valorizar os funcionários da empresa, considerados por ele indispensáveis ao seu progresso.

“Os funcionários de uma organização são a alavanca para o progresso de uma indústria. Pode comprar todas as máquinas do mundo, mas sempre precisamos ter alguém que opere”, avalia.


A crise nacional e os investimentos

A crise financeira do Brasil tem preocupado os empresários e, com a Fischer, isso não é diferente. Para o diretor-presidente, 90% da indústria nacional está sendo afetada pelas más condições da economia.

“Isso traz realmente uma grande preocupação. Quando se fala que tem 14 milhões de desempregados, são pessoas que não têm poder aquisitivo, são famílias inteiras, no fundo soma 50 milhões”, diz o empresário.

“Se o Brasil não mudar esse sistema tributário, trabalhista e político, ainda vamos passar por uma grande crise”.

Conforme Fischer, a empresa hoje está aguardando a melhora na situação da economia brasileira para voltar a fazer investimentos maiores.

“O Brasil somos nós, temos que fazer e acreditar neste nosso país. A única coisa que nos sobra é o trabalho, modernizar, automatizar, reduzir os custos do nosso produtos”

Ele explica que foram feitos investimentos grandes há cerca de cinco anos, quando havia um otimismo em relação ao país, e espera-se que, com a crise passando, esses investimentos venham a alavancar ainda mais as atividades da empresa. “Tenho muita esperança que realmente a parte econômica do nosso país melhore dentro de um ou dois anos”, diz.

“Nós, brasileiros, temos que nos unir. Não adianta falarmos de crise e de problemas. O Brasil somos nós, temos que fazer e acreditar no nosso país. A única coisa que nos sobra é o trabalho: modernizar, automatizar, reduzir os custos do nosso produtos”, conclui o empresário.