Cine Gracher deve instalar equipamentos para acessibilidade de surdos e cegos em 2022
Prazo para instalação foi prorrogado pelo governo federal para até janeiro de 2023
O Cine Gracher deve implantar equipamentos que assegurem a acessibilidade de pessoas surdas e cegas, em todas as salas de cinemas em Brusque, durante 2022. A tecnologia teria sido implantada em 2020, contudo, por conta da pandemia da Covid-19, o plano foi adiado.
A adequação foi prevista por uma instrução normativa da Agência Nacional do Cinema (Ancine) em 2019. Naquela época, o cinema já se movia para a instalação de equipamentos que fazem a audiodescrição para cegos e que tragam a legenda descritiva para os surdos. “São tablets que vão ser implantados, aí a pessoa que chegar no cinema e precisar usar, solicita pelo equipamento”, explicou o proprietário da rede, Carlos Búrigo, na ocasião.
Segundo o diretor do Cine Gracher, Sandro Baran, a pandemia interferiu no processo e o prazo, estipulado pelo governo de adequação, foi prorrogado para 2023. Ele afirma que o cinema fez um investimento de mais de R$ 1 milhão para a adequação há dois anos.
“Estamos com equipamentos comprados, com o que a normativa exige, só que tudo parou por conta da pandemia e as instalações dependem das empresas autorizadas”, conta.
Em Brusque, são seis salas de cinema, três no próprio Shopping Gracher e outras três na Havan. No entanto, a rede soma 30 salas no total e está presente em outras cinco cidades no estado e em outras duas no Paraná.
Sandro acrescenta que foi feito um evento-teste, com instalação da tecnologia, em Pato Branco (PR). Mas a empresa ainda deve instalar os equipamentos em outras salas ao longo do próximo ano. “É uma normativa, precisa ser feita a instalação”, completa.
Empresas afetadas
Sandro detalha que as empresas específicas para compra e instalação destes equipamentos também foram afetadas pela crise da pandemia. Pois os clientes delas, os cinemas, enfrentam desafios econômicos.
“Os cinemas pararam, isso automaticamente afetou os pagamentos a serem pagos. As empresas também estão se readequando. A pandemia mexeu com o nosso setor de cultura e pegou a gente. Automaticamente, somos prejudicados, e essas as empresas [autorizadas] também foram”, continua.
Ele explica que os cinemas pagam pelos produtos e instalações. “Nós, por exemplo, pagamos uma quantia alta, adiantado. Essas empresas precisam fazer as instalações, mas elas compram parte dos equipamentos do Brasil e também fora. Então, elas dependem de outras empresas pagarem para fazer os investimentos. Mas acredito que no próximo ano teremos esses equipamentos instalados”, finaliza.
Prorrogação do prazo
Em janeiro deste ano, o governo federal prorrogou por dois anos o prazo para que todas as salas de cinema do país passem a oferecer recursos de acessibilidade a pessoas com deficiência visual e auditiva. A mudança está na Medida Provisória (MP) 1025/20, publicada no dia 31 de dezembro e enviada ao Congresso Nacional.
A exigência para esse tipo de adaptação nos cinemas está prevista na Lei Brasileira de Inclusão. Originalmente, deveria entrar em vigor em 1º janeiro de 2020. Porém, no último dia de 2019, o presidente Jair Bolsonaro editou a MP adiando a regra para 1º janeiro de 2021. Esta é a segunda prorrogação e leva o prazo para 1º janeiro de 2023.
Segundo a Bolsonaro, a MP se faz necessária em razão das medidas restritivas e do fechamento das salas de cinema provocados pela pandemia de Covid-19, o que prejudicou o faturamento do setor em 2020. O Ministério do Turismo explicou que, se o prazo de adaptação não fosse prorrogado, de 50% a 70% do parque exibidor nacional se tornaria irregular em 2021.
Necessidades audiovisuais
Para pessoas cegas, a experiência cinematográfica é criada a partir de sons. O equipamento, portanto, atua como aparelho sonoro de audiodescrição, que narra e que descreve paisagens, cenários e cenas do filme.
Além disso, o aparelho contribui para a compreensão das expressões e o estado emocional dos personagens. As pessoas que possuem a surdez completa ou parcial, possuem a dificuldade de compreender na totalidade o que a obra cinematográfica traz. Em filmes nacionais, por exemplo, a falta de legenda piora ainda mais a experiência.
Contudo, o uso de recursos de legendagem, legendagem descritiva, audiodescrição ou de Língua Brasileira de Sinais (Libras) traz acessibilidade ao cinema. O equipamento trará a audiodescrição completa da obra, que tornará imersiva a experiência no filme.
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