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Quadrilhas adulteram veículos e causam prejuízo às vítimas

Clonagem de "cabritos" preocupa motoristas e polícia

Maicon de Souza, talhador de 23 anos e morador de Botuverá, nunca saiu de Santa Catarina, no entanto, em 2013, ele recebeu 22 multas cometidas na cidade de Feira de Santana, Bahia. Ele foi uma vítima do esquema de adulteração de veículos que causa dor de cabeça a proprietários e à Polícia Civil, responsável por investigar esses casos.

Souza afirma que comprou um Celta em Botuverá em fevereiro de 2011. O carro já tinha 14 mil quilômetros rodados, mas estava com tudo em dia. Nos dois primeiros emplacamentos, tudo correu normalmente. No final de 2013, veio a surpresa: a placa do carro estava com 22 infrações registradas na cidade baiana. Ele diz que foi até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência, porém não teve apoio. “Não ligaram para ninguém para saber de nada. Mandaram eu ir atrás disso sozinho”.

O morador de Botuverá procurou um advogado e recorreu das multas, mas não obteve sucesso. Depois de contestar as infrações, mais duas vieram e então os atos cessaram. “É como se eles soubessem que eu tinha descoberto”, afirma Souza. Ele já pagou os débitos e vendeu o veículo. Segundo o delegado Alex Bonfim Reis, da Divisão de Investigações Criminais (DIC), o procedimento nestes casos é procurar as autoridades assim que perceber o crime. A polícia deve instaurar um inquérito para investigar a situação.

Reis explica que este tipo de crime tem origem, muitas vezes, eletrônica. Por isso ele pode ser praticado de qualquer lugar do país, o que dificulta o trabalho de investigação. “A pessoa olha no sistema que tem dois carros com as mesmas características em dois estados. Aí ela pega a placa de um deles e faz uma igual para o outro carro. De repente, o dono do veículo original descobre multas que ele não cometeu e, muitas vezes, nem esteve naquela cidade”.

Cabritos
A duplicata de carros é uma prática mais rudimentar de adulteração de veículos. O modo “mais profissional” é o “cabrito”. Um cabrito é um carro que circula com a numeração de outro. As quadrilhas vão a um leilão de carros batidos e compram veículos que ainda não foram baixados e, por isso, têm a documentação ativa. Eles pegam o automóvel danificado e entram em contato com outros integrantes do grupo. Esses são responsáveis por roubar um modelo igual ao comprado.

Com isso, eles retiram o chassi do veículo batido e colocam no roubado. Como não foi baixado, o registro do carro consta apenas que ele foi batido. O automóvel roubado deixa de existir e as peças sobressalentes são revendidas para ferros-velhos. “Sabemos da existência desse tipo de crime aqui em Brusque”, diz o delegado Reis. Somente uma perícia técnica pode descobrir se o chassi foi removido ou a numeração modificada. Esse trabalho não é realizado em vistorias veiculares por ser invasivo.