Clube do Verde: relembre concurso de jardins realizado em Brusque na década de 1990
Cidade tem a tradição da jardinagem, trazida por imigrantes alemães e italianos
Apaixonados por jardinagem, um grupo de brusquenses fundaram na década de 1990 o Clube do Verde, que surgiu com o objetivo de “embelezar ainda mais a cidade” e foi responsável por realizar um concurso de jardins. A iniciativa acabou não tendo uma segunda edição e, com o avanço da industrialização e urbanização da cidade, muitos jardins tradicionais, que coloriam Brusque na época, hoje não existem mais. Alguns moradores da cidade, porém, mantêm a tradição viva.
Agrônomo e paisagista, Haro Kamp foi convidado pelo Clube do Verde para ser jurado do concurso. Na época, ele tinha uma empresa de jardinagem na cidade. Até hoje, ele trabalha na área, mas atualmente mora em Timbó.
Ele é engenheiro agrônomo e continua prestando seus serviços de consultoria, projetos e administração de obras. Haro se especializou em arboricultura e comercializa principalmente arvores caducifolias juvenis, mas também capins ornamentais, trepadeiras e arbustos.
“A Dona Helga, minha mãe, como também minha avó materna Wally von Buetner Erbe são minha maior inspiração e exemplo. Hoje ainda, a Helga possui e cuida de seu lindíssimo jardim com todo carinho e atenção, mesmo com mais de 90 anos de idade. É um exemplo para todos que a conhecem”.
Haro destaca que o paisagismo e a jardinagem são bem fortes na cultura alemã e italiana, bastante presente na colonização brusquense. Ele conta que, durante sua infância, entre os anos 1960 e 70, a diferença entre o urbano e rural era muito grande e as áreas urbanas tinham jardins impecáveis e praças floridas, o que foi se perdendo ao longo do tempo.
“Com a industrialização, isso mudou, as pessoas focaram mais no trabalho, e só os mais ricos conseguiram manter essa capacidade de contratar serviços para cuidar dos jardins”.
Concurso chegou a ter destaque em revista de circulação nacional
No dia 10 de novembro de 1992, os jurados percorreram os 22 jardins inscritos no I Concurso de Jardins de Brusque, como noticiado na época pelo jornal O Município.
Os jurados foram Daniela Mayerle, Lídia Moser, João Maurici, Raynério Krieger e Vânia Campos. “O julgamento terminou ao meio-dia, quando todos foram almoçar na Churrascaria Pruner, a convite da Verdelândia, co-promotora do evento. Depois disso, computaram-se as notas para um levantamento”, diz a reportagem.
Para o concurso, os jardins foram divididos em tipo (residencial e empresarial) e de acordo com o tamanho: pequeno, médio e grande. Os vencedores receberam como premiação utensílios de jardinagem, com apoio de empresas brusquenses. Cada participante também recebeu um troféu e uma planta ornamental.
Além disso, os vencedores apareceram em um artigo na revista Sítios & Jardins, que circula até hoje com o nome Natureza, e receberam uma assinatura de três meses de forma gratuita.
Quem assinou o texto, publicado no início de 1993, foi Haro Kamp. No texto, ele destaca o amor “quase ancestral” dos colonizadores de Brusque pela jardinagem, mas que a característica simpática da cidade “foi se perdendo” ao longo do tempo. “Decidimos resgatar a tradição esquecida. Foi assim que surgiu o Clube do Verde”, escreveu.
Relembrar esse momento foi uma lembrança reativada para Haro, que não se recordava mais desse artigo publicado. “Tentamos convidar mais pessoas para participar, trabalhamos meio ano para isso, mas não teve muita adesão. Escrevi algumas outras matérias, mas já tinha esquecido totalmente. Agora tenho até registro dela”, disse.
Os vencedores
Pela harmonia entre o estilo da casa, o gramado e as coníferas, na categoria de jardins médios, quem venceu foi Uldemira Maluche. Já entre os jardins grandes, o vencedor foi para Irmgart Renaux pelo equilíbrio que manteve, ao longo dos anos, o seu jardim, que ficava no Centro de Brusque, onde atualmente está a Escola Guga.
Na categoria de pequenos jardins, Lúcia Loos dos Santos foi a vencedora. Até hoje, ela mantém o seu jardim no mesmo local, em frente à sua casa no bairro Jardim Maluche, com muito carinho e respeito pelas plantas.
Em alguns canteiros, as plantas são substituídas a cada estação, já que não se adaptam tão bem com as variações de temperatura. Lúcia também fazia topiaria, que é a arte de podar plantas em formas ornamentais.
Lúcia era leitora da revista Sítios & Jardins e ainda guarda em casa várias edições, incluindo aquela em que seu jardim foi destaque, em janeiro de 1993.
Para ela, cuidar de seu jardim é uma terapia. A conexão dela com as plantas é algo que ela herdou da mãe e, desde que se mudou para sua atual residência, há 44 anos, cuida com carinho de suas árvores, flores e arbustos.
Todos os dias, ela dedica uma boa parte de seu dia a suas plantas, que, além do jardim frontal, estão espalhadas em outras áreas da casa de Lúcia,
Ela cultiva suculentas, flores da estação, ipê amarelo, coroa de Cristo, que ela encomenda de Roraima, floreiras, bonsai, orquídeas, entre outras. O jardim está bem diferente de quando foi campeão do concurso, mas ainda chama muita atenção pelo cuidado e pela beleza. Ela conta que o local é plano de fundo de vários ensaios de modelos, que aproveitam das molduras criadas pelas plantas para fazerem suas fotos.
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