Em coletiva, Luan Carlos explica questões sobre Fernandinho, Luiz Antônio, pressão e mais
Treinador pede para que torcida "o deixe de lado" com a bola rolando contra o Operário e foque no apoio ao elenco
Treinador pede para que torcida "o deixe de lado" com a bola rolando contra o Operário e foque no apoio ao elenco
O técnico Luan Carlos, do Brusque, voltou a comentar em coletiva de imprensa sobre as questões envolvendo alguns jogadores que vêm sendo pedidos pela torcida no time titular, e também comentou sobre a pressão que vem sofrendo. A equipe vem de três derrotas consecutiva em casa na Série B. Diante do Operário, às 21h30 desta sexta-feira, 1º, o quadricolor tenta quebrar a sequência negativa no Augusto Bauer.
Na coletiva de imprensa desta Luan Carlos pediu para que a torcida o “deixe de lado” durante o jogo e apoie os jogadores com tudo, para empurrar a equipe rumo à vitória. O treinador também afirmou que prefere que a responsabilidade pelo momento irregular da equipe caia sobre si, e reforçou a confiança nos jogadores de que o elenco está comprometido com os objetivos do clube.
Em resumo, o treinador afirma que não vem utilizando Luiz Antônio por conta da alta concorrência entre os volantes da equipe, e que faz opções, no momento, por jogadores que tenham características diferentes das do ex-jogador de Flamengo, Sport, Bahia e Chapecoense.
A Fernandinho e Álvaro, Luan Carlos teceu diversos elogios. Ambos treinaram entre os titulares nesta quinta-feira, 30. Fernandinho, a princípio, está apto para jogar apenas meio-tempo, mas deve ser titular, formando um trio de ataque com Alex Sandro e Júnior Todinho. Crislan não treinou por conta de reações a uma dose de vacina.
“[Pressão] da imprensa, do torcedor, da diretoria. São cobranças diárias. Mas a minha é a maior. Eu exijo muito do meu trabalho, sei o que posso oferecer. A pressão, apesar de ser inerente do futebol, você pode ter 50 anos de futebol, não é fácil de absorver. Mas o torcedor pode ter certeza que na função de treinador aqui, eu estou tentando fazer o meu melhor.”, comenta o treinador.
Assista à coletiva e leia diversos destaques transcritos a seguir.
“Acho que o Brusque sempre foi muito forte no Augusto Bauer, principalmente devido ao apoio do torcedor e o envolvimento do torcedor com o time. Sei que o torcedor está chateado, machucado, triste pelo momento, assim como nós estamos. Estamos muito tristes e tentando buscar essa recuperação. E o jogo de amanhã é importantíssimo para isso.”
“Bom, já deu para perceber, eu e a torcida toda, todo mundo vendo que eu não sou uma unanimidade para o torcedor. O torcedor não aprova muito o meu trabalho. Mas o que vou pedir para eles amanhã é que me deixem de lado um pouco e apoiem bastante a equipe. Terminou o jogo, as coisas não saíram como queriam, podem xingar, falar. Mas, durante o jogo, que transmitam o máximo de positividade à equipe. Não gostam de mim? Me deixem de lado, mas olhem para os jogadores ali dentro, porque eles estão representando o clube para o qual torcem, representando a cidade de Brusque. A vitória amanhã é muito importante para nós, é fundamental.”
“Eu estou aqui de passagem, tem torcedor esperando para que seja uma passagem rápida. Mas estou só de passagem. O importante é que eles apoiem muito. Apoiem muito para que a gente consiga a vitória amanhã. O ponto mais importante que faz o Brusque forte em casa é o torcedor.”
“Vou deixar antes de começar a partida: vão acontecer erros. Nossos jogadores não são perfeitos. Mas vão lutar muito, vão tentar demais alcançar a vitória. Os erros são naturais no processo. Tentem apoiar até o final. Como eu disse: terminou o jogo, a gente não conseguiu alcançar o objetivo? Aí vem a cobrança, vem o xingamento. Mas antes disso, apoiem. Podem ter certeza que todo mundo aqui dentro está focado para alcançar esta vitória. Que, repito, é importantíssima para o clube dentro do campeonato.”
“A posição do Luiz é muito concorrida aqui no elenco. Nós temos bons jogadores nesta posição. São seis jogadores hoje que fazem a função de volante, cada um com suas características. O Luiz tem uma qualidade muito grande de saída de jogo, tem bom passe, é um jogador que tem uma vivência muito boa no futebol. É vencedor e nos ajuda muito no dia a dia.”
“Porém, eu acredito que, neste momento, alguns jogadores, pelas características, têm dado mais à equipe. No sentido de marcação, intensidade, agressividade. Por isto, neste momento, tenho optado por outros nomes, mas não necessariamente por alguma deficiência particular do Luiz, mas por características destes outros atletas.
“(…) Quando a gente usa os três volantes, acredito muito que o Luiz se encaixa neste sistema. Neste último jogo, optei pelo Zé Mateus, porque o Zé tem uma característica muito interessante de finalizar dentro da área. Infelizmente a gente não conseguiu encaixar um bom jogo no primeiro tempo, tivemos que fazer as mudanças, e gostei muito da equipe que voltou para o segundo tempo. Agora, a questão particular do Luiz, das decisões de não utilizá-lo de início nas partidas passa muito por isso. Muito pelo contexto coletivo mesmo.”
“O Luiz tem evoluído muito enquanto trabalho em equipe. Acho que meu papel é mostrar para os atletas a fundamental importância do coletivo. Que todos são importantes, que tudo que a gente já vivenciou e venceu é importante, mas não determinante na escolha de 11 jogadores. E que todos precisam de todos. É mais ou menos isso que tenho tentado passar para eles, a importância da estrela maior ser o Brusque. É isso que a gente vem fazendo no dia a dia e acho que o Luiz vai ajudar muito o Brusque ainda, como já ajudou no decorrer da competição.”
“Eu falava com o pessoal do departamento médico sobre o Fernandinho. Hoje a gente analisa que ele consegue fazer 45 minutos. E aí eu disse ‘qual a diferença entre 45 iniciais e finais?’ ‘Ah, o adversário está mais desgastado, não precisa fazer tanto o retorno’. Eu entendo, mas talvez o Fernandinho iniciar o jogo seja até uma forma de prepará-lo também. Daqui a pouco é um contexto diferente, vai pegar dificuldades diferentes. Então talvez até acelere a adaptação ao ritmo de jogo. Estou analisando muito esta possibilidade. Vamos analisar como ele vai se apresentar hoje.”
“O Álvaro é um jogador de característica de meio, a gente precisa na equipe. Tem muita mobilidade, é um jogador que tem o um contra um muito bom. Apesar de ser um meia, é um jogador vertical e entrou muito bem.”
“Elogiei muito as entradas deles, mas é muito bom a gente contextualizar o que estava acontecendo no jogo naquele momento. O Bahia vencia por 2 a 0, nos entregou a bola e abaixou as linhas. Então a gente tinha mais espaço, teoricamente, para chegar ao gol adversário, do que no primeiro tempo.”
“Tem que ter toda uma frieza de análise, entender o contexto em que os dois entraram para saber que, se não tivesse aquele espaço, como eles (Fernandinho e Álvaro) iriam reagir, principalmente o Fernandinho, com a questão do ritmo. Então tem que ter muito cuidado, muita cautela, mas entender que entraram muito bem, fizeram ações muito positivas. Nos deu muita confianças para apostar neles como fichas de entrada contra o Operário.”
“[Pressão] da imprensa, do torcedor, da diretoria. São cobranças diárias. Mas a minha é a maior. Eu exijo muito do meu trabalho, sei o que posso oferecer.”
“A pressão, apesar de ser inerente do futebol, você pode ter 50 anos de futebol, não é fácil de absorver. Mas o torcedor pode ter certeza que na função de treinador aqui, eu estou tentando fazer o meu melhor. Estou me entregando ao máximo no dia a dia aos atletas. Acredito que o líder tem que servir. O líder que não serve, não serve. E estou tentando ao máximo potencializar os jogadores, a nossa equipe.”
“Errei, bastante. Acertei muito em alguns quesitos de tentar ajudar o nosso time a pensar enquanto equipe, principalmente a honrar a camisa deste clube, da instituição. Só que nem tudo está no meu controle. Quando o árbitro apita, eu me sinto um pouco refém do processo, porque é um jogo de futebol. Pode acontecer um erro no começo e a gente tomar um gol, pode acontecer uma expulsão e ficar difícil de reverter o placar. São contextos.”
“No geral, estou assimilando da melhor forma possível, me aproximando de pessoas que me conhecem há bastante tempo para dar força e continuarmos a caminhada. Acredito muito que a gente pode, sim, dar sequência no trabalho, vencendo o jogo amanhã, garantindo um bom resultado em casa e devolvendo o equilíbrio para a equipe na competição. Acho que nesta coletiva já falei em equilíbrio mil vezes. É porque é o que está faltando ao Brusque e a 80% dos clubes no campeonato.”
“A diretoria é muito presente. Eles interagem muito com a gente da comissão, com os jogadores. E falaram da história que o Brusque tem dentro de casa, da força que o Brusque tem dentro de casa. Tenho ciência disso. (…) A cobrança é grande, é um clube que tem crescido muito com esta diretoria. E eles cobram bastante porque conhecem a instituição, sabem das necessidades internas.”
“As cobranças são muito pontuais e canalizadas, e isto facilita para o treinador. A gente entende o que eles estão querendo e qual o processo. Ao mesmo tempo que é uma cobrança, nos dá confiança, porque a gente vê que eles estão fazendo a leitura correta e sabe onde a gente precisa chegar.”
“A gente tem que compartilhar responsabilidades e o elenco faz bem isso. O elenco também se cobra, já tiveram reuniões entre eles. Este número de três derrotas é muito forte, pesa muito, e é difícil analisar o contexto porque a gente sai de casa para dois jogos, consegue voltar com quatro pontos, sem sofrer gols. O que pesou na nossa concepção não foi nem a derrota para o Bahia, em que o time rendeu.”
“Acho que o que pesou muito foram derrotas anteriores para concorrentes diretos como Náutico e Ituano. Isto pesou muito, pesou demais no meu trabalho, pesou demais no nosso dia a dia em relação a desenvolver ideias. Mas vejo que os atletas têm tentado, têm buscado. (…) Internamente percebo que estão buscando, estão tentando.”
“Eu prefiro que seja em mim a responsabilidade, prefiro que as acusações venham canalizadas em cima do treinador, até para não tirar muito o que os atletas precisam dar: rendimento em campo, concentração. Acho que, num contexto geral, é melhor que venha no treinador, para que você consiga blindar o elenco e fazê-los render.”
“Confesso que, quando cheguei, detectei alguns pontos, fiz questão de assistir todos os jogos do Brusque quando cheguei, dos que não assisti completos, assisti a compactos. E comecei a detectar algumas coisas, ouvindo vocês também. Em relação a alguns desequilíbrios ofensivos, alguns gols que vinha sofrendo, muita chance de gol sendo criada, mas tomando muito contra-ataque. E falei: ‘preciso equilibrar isso’.”
“E o meu primeiro objetivo como treinador da equipe foi achar um equilíbrio defensivo, fazer com que nossos zagueiros e laterais deixassem de sofrer confrontos individuais. Tentei fazer isso com um fortalecimento de cobertura defensiva, trabalhamos muito em cima disso, tentamos fortalecer nossa marcação de meio-campo. E ao mesmo tempo, achar um equilíbrio para não perder o fator ofensivo.”
“Mas o tempo foi me mostrando que era necessário achar um equilíbrio de defesa para aos poucos você ir consolidando a equipe dentro do campeonato. A gente sai para jogar contra o Vila e já começa a sentir este meio-campo mais posicionado, a linha de quatro quebrando menos. E aquilo me deixou muito feliz. Veio a vitória, mas o que me deixou mais feliz contra o Vila Nova foi a maturidade tática da equipe em relação aos posicionamentos de cobertura.”
“É algo que o torcedor não vê porque é natural, o torcedor vê só o resultado. Mas eu como treinador aqui dentro preciso analisar isso. Depois, a gente foi enfrentar Criciúma e Sport fora e eles continuaram mostrando estes fatores. O fato é que, em casa, a gente precisa sair, propor, fazer acontecer.”
“Mas eu já disse aos jogadores: comecem a analisar o campeonato. O Guarani é fortíssimo jogando no Brinco de Ouro da Princesa e ganhou um jogo de oito. O Náutico nos Aflitos é histórico, qualquer adversário que vai lá, tem dificuldade, e ganhou um jogo lá no campeonato. Vila Nova em Goiânia: mesma situação. Ponte Preta em Campinas; CSA, CRB jogando em Alagoas: a mesma situação. O campeonato está muito difícil. Jogar em casa é um fator importantíssimo, te aproxima da vitória. É importante, mas não é determinante. É isto que estou tentando explicar aos jogadores, para não gerar uma descompensação e acabar perdendo aquilo que eles vêm construindo.”