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Coligação de Ciro Roza contrata ex-advogado de Collor e Marcelo Odebrecht para tentar reverter absolvição de Paulo Eccel

Nabor Bulhões foi incluído na banca de advogados que atua junto ao Supremo Tribunal Federal

A coligação A Força do Povo, capitaneada pelo ex-prefeito Ciro Roza (PSB), está disposta a reverter a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que em setembro deste ano inocentou o ex-prefeito Paulo Eccel (PT) das acusações de abuso do poder político e econômico, resultantes na cassação de seu mandato.

Foi apresentado, após a decisão de Lewandowski, um recurso pedindo o restabelecimento da sentença condenatória proferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, desde o início de dezembro, faz parte da banca que defende a coligação o advogado Nabor Bulhões, um dos mais conhecidos da cena política em Brasília.

Bulhões é um notório advogado de figuras poderosas da República. Recentemente, atuou na defesa do empresário Marcelo Odebrecht, da empresa que leva seu sobrenome, responsável pela delação de centenas de deputados, senadores e outros políticos.

Antes disso, porém, já atuou em outros casos de repercussão nacional. Defendeu Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, empresário condenado por envolvimento com o crime organizado.

Também defendeu o ex-presidente Fernando Collor de Mello, nas acusações que resultaram no seu impeachment, junto ao STF, onde Collor, ao final, restou absolvido.

A contratação de Bulhões pela coligação foi vista com surpresa até pelos próprios advogados. Mário Mesquita, que atuou na ação desde o começo.

“Isto também nos chamou a atenção, a contratação deste profissional cuja banca é de uma qualidade e de um respeito profissional muito grande”, afirma.

Para ele, isso demonstra o interesse do ex-prefeito Ciro Roza em reformar a decisão anterior. Mesquita afirma que o processo está concluso para o ministro do STF, que deverá levar o caso para julgar junto aos demais ministros.

“Reiteramos as razões que levaram à punição e aplicação da penalidade ao ex-prefeito [Eccel], em conformidade ao que definiu o TSE”, diz Mesquita.

“Entendemos que se for julgado juridicamente, a decisão já tomada pelo TSE vai ser mantida. O que nós colocamos na balança é o entendimento do julgamento político da causa, isso pode vir a ocorrer”.

Relembre o caso
O ex-prefeito Paulo Eccel foi recentemente absolvido pelo STF da acusação de abuso do poder político e econômico, durante a eleição de 2012, quando foi reeleito. Ele foi acusado, pela coligação rival, de Ciro Roza, de ter feito uso político de recursos públicos, com a confecção de informativo exaltando os feitos de seu governo.

Essa propaganda havia sido entendida como irregular pelo TSE, em 2015, quando esta Corte, ao julgar o caso, determinou a cassação do mandato de Eccel e de seu vice-prefeito, Evandro de Farias, o Farinha. Porém, dois anos depois, o ministro Lewandowski entendeu que ambos são inocentes das acusações.