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A colonização italiana no Vale do Itajaí-Mirim – Parte 2

O grande movimento migratório dos italianos aconteceu depois do germânico, mas o movimento migratório na Europa não era novidade. Desde o século XVI, contingentes populacionais deixaram a Europa em busca de oportunidades no Novo Mundo. No século XIX, o movimento se intensificou em função de uma série de fatores, despertando em certos países, especialmente na […]

O grande movimento migratório dos italianos aconteceu depois do germânico, mas o movimento migratório na Europa não era novidade. Desde o século XVI, contingentes populacionais deixaram a Europa em busca de oportunidades no Novo Mundo. No século XIX, o movimento se intensificou em função de uma série de fatores, despertando em certos países, especialmente na Alemanha e na Itália, o desejo de buscar novas e melhores oportunidades longe de sua pátria.

A Alemanha se viu envolvida por guerras entre 1848 e 1870 que culminaram na sua unificação, mas que, durante o período das guerras, deixou uma estrutura econômica bastante instável. Na península italiana, o movimento de ordem política que culminaria com a sua unificação iniciou em 1820 e se estendeu até 1861. O saldo de todos esses anos de revolução foi um violento desiquilíbrio econômico-financeiro. Mas além dos problemas de ordem econômica, existia um desiquilíbrio demográfico, com concentração excessiva em áreas agricultáveis e cidades industriais do Norte.

A selva humana que alimentava a emigração na Itália
O historiador Roberto Schnerb (1969), citado por Roselys Izabel Correa dos Santos (in: Colonização Italiana no Vale do Itajaí-Mirim, Florianópolis. 1981), ao se referir sobre o movimento emigratório italiano, dizia: “A selva humana pujante na Itália (18 milhões de habitantes em 1800, 33 milhões em 1901, que dá uma densidade média superior a 100 habitantes por km²), concentra as multidões na Planície do Pó e nos vales toscanos, na Campânia, nas costas sicilianas, porém deixa pouco habitadas as montanhas e as planícies secas, ou nas áreas onde grassa a febre; é esta selva humana que alimentava a emigração. De uma parte, belas tradições artesanais, mas, de outra, a carência de combustíveis e minerais. Era uma classe camponesa muito pobre, atrasada, sem instrução, vítima da grande propriedade e da falta de capitais”.

As razões da imigração do Trentino
Uma das regiões de onde provém grande parte dos imigrantes italianos chegados à Colônia Brusque-Príncipe Dom Pedro provém da região do Trentino. Andrietta Lenard (1975), referenciada por Roselys I. C. dos Santos (1981) cita algumas razões da emigração do Trentino: “entre as primeiras razões, devem ser lembradas a epidemia de pebrina que desfalcou, nos anos 1856/1857, os bichos da seda, e a criptógama da videira. Esta última doença se alastrou em toda a Europa entre 1845 e 1850; chegou ao Trentino em 1851, e causou danos gravíssimos. A criação do bicho da seda, as indústrias da fiação e tecelagem, o cultivo da videira e a produção de vinhos, muito comuns, eram os dois eixos da economia trentina. Seu abalo comprometia as possibilidades de subsistência da população trentina. O setor da sericultura e a indústria da seda não se recuperaram, estendendo-se a crise também ao setor da ocupação operária. De 11.700 homens e mulheres empregados no setor em 1852, descemos para 6.700 empregos em 1875 e, em 1899, havia apenas 1.500 empregados no setor.

A propaganda oportunista dos agentes de emigração
A disparidade na distribuição da população fazia com que, nas áreas onde havia excessiva concentração, grande parte da população vivesse desempregada, ou em condições de subemprego. Não se pode, neste contexto, subestimar a influência dos agentes de emigração, prometendo uma mudança para melhor aos que quisessem vir para o Brasil. Essa população oprimida, descontente com sua situação, seria justamente o alvo dos propagandistas da emigração que ofereciam, nas terras do Novo Mundo, oportunidades incríveis de riqueza e estabilidade social.

Leia a continuação do artigo na coluna da próxima semana