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A colonização italiana no Vale do Itajaí-Mirim – Parte 5

A contínua chegada de imigrantes italianos acumulava gente nos barracões de recepção, que lá ficavam seis ou mais meses recebendo subsídios dos Cofres Públicos e à espera de lotes onde seriam localizados. Se essa gente se espalhasse proporcionalmente por diversas colônias que estivessem prontas para a sua localização, com os lotes medidos e recursos financeiros […]

A contínua chegada de imigrantes italianos acumulava gente nos barracões de recepção, que lá ficavam seis ou mais meses recebendo subsídios dos Cofres Públicos e à espera de lotes onde seriam localizados.

Se essa gente se espalhasse proporcionalmente por diversas colônias que estivessem prontas para a sua localização, com os lotes medidos e recursos financeiros disponíveis, o movimento colonizador poderia ser útil e trazer esperanças tanto para os recém-chegados, quanto para o Brasil. Mas não foi bem assim, e um dos problemas aqui da região estava na concentração de imigrantes na Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro.

As cláusulas do Contrato Caetano Pinto
No início de 1877, os barracões estavam completamente abarrotados, pois, só em janeiro e fevereiro daquele ano, 952 imigrantes haviam se juntado à população que em dezembro de 1876 já somava 8.110 almas na Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro. A administração tinha dificuldades para localizar tão grande número de imigrantes, e a situação se agravava devido às cláusulas do Contrato Caetano Pinto, que davam ao colonizador o direito de escolher o seu lote.

Ele poderia rejeitá-lo, implicando numa situação bastante difícil para o Governo, pois o fato de o imigrante não aceitar o lote fazia com que o trabalho de agrimensura se perdesse – em parte – e, por outro lado, enquanto não estivesse devidamente estabelecido, cabia aos Cofres Públicos o seu sustento. Mesmo vivendo em condições precárias nos barracões, alguns preferiam a ocupação de “jornaleiros”, recebendo por dia de trabalho na conservação das estradas da Colônia. A ocupação de jornaleiro não poderia exceder seis meses, findos os quais, em tese, o colono já teria condições de tirar o seu sustento e o da família da sua própria lavoura.

A questão da distribuição das ajudas de custo na decisão dos imigrantes
A situação não era a mesma em todas as Colônias da Província de Santa Catarina. Em muitas delas, como no caso de Blumenau, existiam lotes medidos e prontos para serem ocupados, mas a grande maioria dos imigrantes italianos preferiria a Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro. A causa do problema novamente estava nas cláusulas do Contrato Caetano Pinto, pois já na Europa o imigrante escolhia o lugar onde queria fixar-se no Brasil e nada havia a fazer, a não ser atender as prerrogativas dos imigrantes.

Dentre outros fatores, a preferência dada à Colônia Brusque dava-se às formas como eram feitas as distribuições das ajudas de custo para a compra de sementes e ferramentas. Não havia uma norma comum a todas as Colônias. Na de Blumenau, por exemplo, o colono só recebia as ajudas que lhe eram devidas quando já estava na propriedade do lote no qual deveria se fixar, mas na Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro, as quantias já lhes eram entregues quando ainda esperavam nos barracões a demarcação dos seus lotes.

O poder de atração da Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro
O fato é analisado pelo Presidente da Província de Santa Catarina, Dr. Alfredo D’Escragnolle Taunay, em seu relatório ao Ministro da Agricultura datado de 11 de outubro de 1876, quando ele aponta duas razões de maior importância para o poder de atração da Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro:

a) porque o elemento germânico repele a fusão com outras raças e em Blumenau ele predomina; e

b) pelas insinuações e cartas que eram encaminhadas pelos imigrantes que já estavam instalados em Brusque para os seus patrícios na Europa, indicando-lhes as regalias especiais de que gozariam logo à chegada.

Fonte: Roselys Izabel Correa dos Santos. In: Colonização Italiana no Vale do Itajaí-Mirim, Florianópolis. 1981.

Leia a continuação do artigo na coluna da próxima semana