Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A colonização italiana no Vale do Itajaí-Mirim – Parte 6

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A colonização italiana no Vale do Itajaí-Mirim – Parte 6

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As razões de maior importância para o poder de atração da Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro são analisadas pelo Presidente da Província de Santa Catarina, Dr. Alfredo D’Escragnolle Taunay, em seu relatório encaminhado ao Ministro da Agricultura em outubro de 1876.

Segundo Taunay, eram razões de maior importância: o fato do elemento germânico, em geral exclusivista, repelir a fusão com outras raças e em Blumenau ele existir vivo com todos os seus defeitos e virtudes; e, pelas cartas que eram encaminhadas pelos imigrantes que já estavam instalados em Brusque, dirigidas aos seus patrícios na Europa, indicando-lhes as regalias especiais de que gozavam os colonos logo à chegada.

Para Taunay, representava o sistema mais irregular e antieconômico que se podia imaginar. E dizia mais: “esse sistema é filho das péssimas tradições existentes na administração da Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro…”

Como funcionava
Em seu relatório, Taunay ainda dizia: “Chega o colono e é levado para o barracão de recepção da Barra do Itajahy-Mirim e do Açu, onde fica dois dias à espera de uma condução, quer para a Colônia Itajahy- Dom Pedro, quer para a de Blumenau.

Consultados sobre o destino que desejam, gritam todos, em uma só voz: Itajahy, desconfiados de que possam ser enganados na direção a tomar e levados para Blumenau.
Aí aparecem agentes de negociantes estabelecidos em Itajahy, e notadamente um certo Pietro Beltramini, homem audaz e possuidor de alguns bens, que aconselha resistência até que todos sigam para o centro onde eles têm suas casas de negócios.

Uma vez em Itajahy, o colono recebe de uma só vez todo o dinheiro para o seu estabelecimento, fartura de casa, derrubadas (das matas), sementes e transporte, de modo que, se tiver três pessoas da família, recebe de pronto e de uma só vez 148$000, ainda que vá ficar oito ou mais meses dentro de um barracão de recepção à espera para que se localize num lote que ele, pelo seu contrato, ainda pode ou não aceitar, conforme for do seu agrado.

Enquanto está no barracão, o Estado lhe dá 2$000 (dois mil Réis) diários para que ele vá trabalhar em estradas, ficando a família a “abanar os braços”.

A preferência pela Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro
Quanto à razão da preferência dada à Colônia Brusque, Dr. Alfredo D’Escragnolle Taunay emitia sua opinião:

“O que se faz de afogadilho em Itajahy, faz-se sucessivamente (aos poucos) em Blumenau. Assim, na Colônia Blumenau o colono só obtém o dinheiro para fazer a casa quando entra na posse do seu lote, para derrubar (a mata) quando já tem casa, e para sementes quando já tem área para plantar”. E termina a sua análise:

“Uma vez de posse da soma que naturalmente lhes é fabulosa, aqueles proletários da Europa começam os gastos em botequins e casas de cerveja, de modo que uma dessas, do cidadão Thiess, vendeu em cinco dias 16.000 garrafas de cerveja. Some-se a esta porção o que foi consumido em outros negócios e, especialmente ao tal Pietro Beltramini, e terá V. Ex.ª. uma quantidade enorme de litros de cerveja pagos pelo Governo do Brasil aos seus imigrantes como saudação de feliz chegada”.

Gasto o dinheiro, muitos colonos se retiraram da Colônia sem maiores embaraços, pois de acordo com o Contrato não existia compromisso algum entre o colono e o Governo do Brasil, apesar de todos os proventos recebidos.

Nota: “ A Cervejaria de Friedrich Wilhelm Thies estava localizada na Sede da Colônia Itajahy-Brusque, próximo da esquina da atual rua Rui Barbosa com a Hercílio Luz, (Brusque). Do morro localizado atrás da construção brotava uma nascente que abastecia a cervejaria e as casas próximas.

Fonte: Roselys Izabel Correa dos Santos. In: Colonização Italiana no Vale do Itajaí-Mirim, Florianópolis. 1981

Leia a continuação do artigo na coluna da próxima semana.

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