A colonização italiana no Vale do Itajaí-Mirim – Parte final
O número de imigrantes que deu entrada na Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro, por força do Contrato Caetano Pinto, não é conhecido com exatidão, mas é sabido que entre os anos de 1875 e 1877 entraram 5.616 imigrantes. Quanto à procedência, a maioria dos imigrantes veio do norte italiano: Vêneto, Piemonte, Lombardia e Trentinos […]
O número de imigrantes que deu entrada na Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro, por força do Contrato Caetano Pinto, não é conhecido com exatidão, mas é sabido que entre os anos de 1875 e 1877 entraram 5.616 imigrantes. Quanto à procedência, a maioria dos imigrantes veio do norte italiano: Vêneto, Piemonte, Lombardia e Trentinos (tiroleses). Os Trentinos eram chamados de tiroleses e possuíam passaporte austríacos porque as províncias de Trentino e Ístria ficaram excluídas da unificação italiana, e só foram devolvidas à Itália depois da Primeira Guerra Mundial, ficando até então como Províncias austríacas. Alguns imigrantes eram bilíngues, falavam o austríaco e o italiano, outros, somente o italiano.
A realidade que os imigrantes italianos encontraram
Grande número de imigrantes veio para o Brasil com a perspectiva de se tornarem proprietários de terras, e devido à propaganda corrente na Itália afirmar que o solo aqui era fértil. Eles tinham vontade de vencer, mas a realidade que encontraram foi dura: as terras eram montanhosas, o isolamento era quase total, aliado ao desconhecimento do espaço que os cercava. A consequência foi o desencanto, o arrependimento, o desespero e a vontade de voltar. Houve revoltas e motins em vários pontos da Colônia e vários imigrantes deixaram a Colônia, voltando para a Itália ou foram em direção à América Platina (Argentina, Paraguai e Uruguai).
Onde os italianos receberam seus lotes
Os lotes junto à sede da Colônia já estavam ocupados pelos alemães. Das terras destinadas à colonização, restou a periferia e, principalmente, os terrenos da extinta Colônia Príncipe Dom Pedro, quase todos montanhosos, com pequenas várzeas, onde a agricultura de porte se tornou dificultada, áreas às quais se adaptaram somente aqueles que já eram lavradores em seu país de origem. As maiores áreas de concentração de elementos italianos foram as localidades de Cedro; Águas Negras, Porto Franco e Ribeirão do Ouro (Botuverá); Alferes (hoje Nova Trento) e um pequeno grupo foi instalado na localidade de Lageado Alto (Guabiruba).
A economia colonial dos primeiros tempos
Os lotes tinham, em média, 25 hectares. Aos poucos, os imigrantes foram se adaptando ao meio, tirando a subsistência através da agricultura. Entre os principais produtos, figuravam o milho, o feijão, a batata, o aipim, e a cana de açúcar. Devido ao terreno acidentado, os lotes produziam pouco, e quase tudo era consumido pela própria família. O excedente de produção era trocado nas “vendas” por gêneros de maior necessidade, como querosene, trigo, açúcar, sal e equipamentos agrícolas. Outra alternativa econômica foi o extrativismo vegetal, pois a área era rica em madeira nativa. Diversas serrarias foram implantadas e a madeira ficou sendo a base econômica de muitas famílias. No século XX, com a descoberta das jazidas de calcário, passou-se a explorá-lo em alta escala. Por volta de 1925, foi descoberto ouro no leito do rio Itajaí-Mirim, mas a atividade durou pouco, e a maioria da população continuou com a atividade agrícola a nível de subsistência até o advento da cultura do fumo, que viria a alterar a situação por volta de 1930. E, numa história mais recente, a industrialização marcou um novo tempo.
Muito tempo depois
O ideal de melhoria econômica e social dos imigrantes italianos que cruzaram o oceano a partir de 1875 e vieram buscá-lo nos apertados vales do Itajaí-Mirim demorou para se concretizar, mas aconteceu. Passados mais de 140 anos e várias gerações depois, os milhares de descendentes dos 5.616 imigrantes italianos podem lembrar a história dos seus antepassados com deferência e orgulho pois, afinal, corre em suas veias o sangue de um povo vencedor!
Fonte: Roselys Izabel Correa dos Santos. In: Colonização Italiana no Vale do Itajaí-Mirim, Florianópolis. 1981.