Com a crise, sapatarias de Brusque registraram aumento de até 80% no movimento

Devido alta demanda, sapatarias estão levando, em média, 15 dias para devolver os sapatos consertados

Com a crise, sapatarias de Brusque registraram aumento de até 80% no movimento

Devido alta demanda, sapatarias estão levando, em média, 15 dias para devolver os sapatos consertados

Embora a crise política e econômica do país afete negativamente alguns setores, outros conseguem se sobressair e lucrar com o cenário atual. Um desses é o segmento de conserto de calçados. Em Brusque, algumas sapatarias registraram aumento de até 80% no movimento de clientes nas últimas semanas.

O crescimento, na Sapataria Especial, está atrelado também ao frio. De acordo com o proprietário do local, Anael Vargas, a queda na temperatura faz com que os clientes procurem, sobretudo, pelo conserto de botas.

“Aumentou cerca de 80% a procura, por causa do frio e da crise. E vale a pena consertar calçados de inverno porque geralmente o conserto é mais em conta do que um calçado novo”, diz.

O proprietário acrescenta que, neste ano, os clientes estão mais cuidadosos quanto aos gastos. Em 2015, diz, a maioria não perguntava valores, apenas deixava o calçado no local. Neste ano, por outro lado, os clientes preferem analisar os valores antes de optar pelo conserto.

“Hoje o pessoal pergunta preço, pesquisa em outras sapatarias para ver quanto está custando o mesmo serviço e para ver se realmente vale a pena consertar. Ano passado, todos os calçados que vinham, ficavam para serem consertados. Hoje já não é assim”, explica.

Atualmente, a colagem, os solados e a troca do tacão são os serviços mais requisitados na Sapataria Especial entre os 120 tipos de consertos registrados no sistema. O estabelecimento demora de 10 a 15 dias para entregar o calçado consertado.

O período de espera na Sapataria Especial é semelhante ao da Sapataria Central. De acordo com Eloísa Hengen, esposa do proprietário, os clientes precisam esperar cerca de 15 dias para retirarem os produtos.

No estabelecimento, afirma Eloísa, o aumento na procura pelos serviços chegou a 30%. Ela diz que o movimento mais intenso de clientes é registrado desde o ano passado, no entanto, voltou ao normal no início do ano e, agora, subiu novamente.

“Tem relação com a crise esse aumento. O pessoal fala que está caro para comprar. E há muito cliente novo que nunca tinha vindo na sapataria. Antes, se o calçado estragava, o pessoal colocava fora e comprava outro. Agora, com a situação mais delicada e com as pessoas perdendo emprego, elas acham melhor consertar”, afirma.

Na Sapataria Especial, a colagem e a troca do tacão são os serviços mais procurados. Dependendo do problema no calçado, o valor pode variar de R$ 8,00 a R$ 130,00. Eloísa explica que o preço sobe a partir do acréscimo de serviços.

“Se for uma bota, por exemplo, o cliente pede para fazer uma reforma geral, com troca de sola e pintura, e isso é um valor. Já se ele pede mais algum serviço, o valor aumenta”, diz. “Mas ainda vale a pena, porque às vezes as pessoas pagam R$ 400,00 em uma bota”, completa.

Problema

Se por um lado a crise represente o aumento no movimento de clientes, por outro, ela também acaba gerando alguns problemas às sapatarias. Na Sapataria Especial, Eloísa conta que, atualmente, muitas pessoas não retiram o calçado depois do conserto.

“Isso começou em novembro do ano passado, e acho que também tem certa influência da crise. O pessoal traz o calçado, nós arrumamos e depois eles não vêm buscar. Nós tentamos entrar em contato, mas mesmo assim eles não vêm. E isso acaba sendo prejudicial pra nós, porque a gente gasta tempo e material”, diz.

Ainda de acordo com Eloísa, ela e o marido ainda não sabem o que farão com os calçados consertados. Por enquanto, afirma, o estabelecimento os manterá em estoque.

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