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Com acúmulo de prejuízos, alagamentos fazem empresas deixarem o Nova Brasília

Empresários já perderam máquinas, matéria-prima e postergaram investimentos

Os recorrentes problemas gerados com alagamentos no bairro Nova Brasília fizeram parte dos empresários locais repensarem o negócio. Em alguns casos, empresas optaram por mudar o ponto de operação devido aos transtornos e prejuízos acumulados. Já, em outros, foi preciso investir em mudanças estruturais para amenizar os efeitos da água.

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Gerente da tecelagem da SBA, Eduardo Scalvin convive com o problema desde antes do início das operações da empresa no bairro. A área interna foi alagada pelo menos três vezes desde a instalação, em 2008. “A primeira vez, ainda estávamos construindo e não tivemos prejuízos, mas na segunda e na terceira, quase deu vontade de ir embora, como outras empresas fizeram”.

O relato faz referência ao prejuízo gerado pelas duas vezes que a água invadiu o parque industrial em mais de 1,2 metro. Entre maquinário e matéria-prima, só em 2011, foi quase de R$ 1,3 milhão em danos. No início do ano passado, a água superou a mureta de 1,5 metro de altura, construída para tentar conter os alagamentos. Foram mais R$ 800 mil em prejuízos.

Desde os incidentes, a empresa precisou investir não só na recuperação de maquinário e reposição da matéria-prima, mas em reforços estruturais. Entre eles estão estruturas metálicas ao longo do muro, bombas para evitar que a água entre pelos bueiros e uma plataforma metálica para proteger parte das máquinas importadas do Japão ou Itália. Com a suspensão do estoque e de parte dos equipamentos, também foi preciso investir em uma empilhadeira.

Entre a limpeza e a manutenção foi preciso parar por 50 dias, em 2011, e 17, no início do ano passado, a produção de 5 toneladas diária de malhas. O material abastece a matriz da empresa, com 500 funcionários, no Guarani.

Marcelo Gouvêa

Scalvin estima que foi gasto o preço de uma nova máquina só para para fazer a manutenção das atingidas pelas águas. Segundo ele, a situação levou a empresa a evitar investimentos de ampliação ou recuperação de mobiliário no bairro devido à insegurança. A compra de matéria-prima também foi repensada e, hoje, se mantém um volume mínimo no estoque, que chegou a abrigar 600 toneladas de fio.

“Expulsos” pelos prejuízos
As cheias entre 1997 e 2011 fizeram Conrado Hollatz, 66 anos, deixar de morar no bairro. No entanto, como o espaço é próprio, a família manteve a empresa de produtos plásticos Hollatz na rua Osvaldo Niebuhr. “Era minha casa, mas não teve mais condições. Cada vez que chovia, todos ficavam com medo e a água vinha”.

Depois de ter tido um prejuízo estimado em R$ 45 mil nas enchentes que atingiram o bairro, a estrutura foi adaptada para evitar novos danos. Equipamentos eletrônicos e estoque são armazenados há 1,4 metro do chão, 10 centímetros a mais que a altura alcançadas pelas águas na última vez que o imóvel foi afetado.

À época, além dos estragos nas estruturas de madeira e equipamentos, três carros que estavam estacionados no pátio foram danificados pela água. Na opinião do empresário, o crescimento do bairro sem planejamento ampliou os problemas de alagamento nos pontos mais baixos.

Logo nos primeiros anos que morava no local, lembra, a existência de mais áreas sem construção e com níveis mais baixos dos terrenos baldios ajudavam no escoamento da água.

Da área própria ao aluguel
Os transtornos e prejuízos fizeram Fábio Ristow transferir a Malhas Ristow para o bairro Santa Terezinha em 2008, ano que a empresa foi atingida duas vezes pelos alagamentos. Apesar de ter a área própria no Nova Brasília, o empresário decidiu arcar com o aluguel de um galpão devido aos riscos.

Depois da decisão, chegou a tentar alugar o ponto, mas o novo alagamento de 2017 acabou afastando a empresa interessada no espaço. Segundo ele, o uso da área do Nova Brasília não está descartado, mas ele depende dos efeitos das obras de macrodrenagem do bairro.

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Na avaliação de Ristow, o agravamento dos alagamentos reduziram o crescimento que o bairro vinha registrando. “Na época estávamos lá e tínhamos até intenção de ampliar, mas não teve mais como ficar. Não tinha mais sossego”.

Fernando Dalago Neto, da Viroart, afirma que a possibilidade de buscar outro local para o empreendimento é avaliada. Em 2017, a empresa perdeu seis carros, duas motos e um caminhão, além de documentos e equipamentos de escritório. De acordo com o empresário, a situação no Nova Brasília será acompanhada até o fim do ano e, caso os serviços não avancem, será preciso buscar uma nova área.

Para ele, a situação somada ao cenário econômico fizeram a empresa regredir. Na época, os planos eram comprar um caminhão maior para as atividades, mas a necessidade de repor os veículos consumiu a capacidade de investimento. Ele destaca os efeitos mais diretos aos moradores do entorno. “Eu perco meu negócio, mas eles perdem a casa deles. Eu falo pensando no meu ganha-pão, mas mesmo com o prejuízo, ainda tenho um lugar para dormir, eles perdem o próprio chão”.