Com determinação, moradora de Brusque perde 56 quilos
Nara Crys teve ovário policístico na adolescência e engordou; após longa batalha de depressão e preconceito, conseguiu emagrecer e hoje vive saudável e feliz
Linda, bem sucedida e feliz. Assim é Nara Crys, 31 anos, moradora do bairro Santa Terezinha. No entanto, quem olha para ela não sabe as cicatrizes que carrega por ter desenvolvido ainda na adolescência Ovário Policístico – uma desordem endócrina complexa -, que entre os sintomas está a obesidade. O distúrbio, atrelado à depressão, fez com que ela chegasse a pesar 106 kg, peso bem diferente do que tem hoje – com 1,52 m, ela possui 50 kg.
Com 12 anos o drama de Nara, que é Relações Públicas no Catarina Shopping e também promoter da Fire Up, Locomotiva e Costelaço do Trida, começou. Após ficar menstruada, ela desenvolveu a doença, porém, por sempre ter praticado muitos esportes não engordou rápido.
Mas ao se mudar de Blumenau para o bairro Limeira, em Brusque, dois anos depois, Nara iniciava um dos mais difíceis ciclos de sua vida. Ela não conhecia ninguém no novo lugar e entrou em depressão, que intensificou-se na escola, quando começou a sofrer bullying por não estar no padrão de peso das outras meninas. Nessa época ela pesava cerca de 60 quilos. Toda a amargura era descontada na comida e facilmente ela teve três depressões, uma após a outra.
“Lembro de eu estar deitada no sofá chorando e minha mãe se ajoelhar do meu lado e chorar comigo pedindo pelo amor de Deus pra eu sair dessa, que eu era muito nova e não podia estar daquela forma”, recorda.
Até 2012 Nara passou por verdadeiros “altos e baixos”. Em uma ocasião, durante três anos, chegou a emagrecer 32 kg tomando remédios “faixa preta”, hoje proibidos no Brasil. Porém, os medicamentos começaram a lhe causar arritmia cardíaca e então ela deixou de tomá-los. Com isso, engordou novamente e passou de 58 kg para 86 kg em apenas 6 meses.
“Eu não conseguia mais sair desse peso. Fui muito discriminada, era a excluída. Meu casamento começou a desandar, com ofensas, humilhações, tudo veio junto por causa do excesso de peso”, diz Nara, que neste momento tomou uma atitude transformadora.
“Até que num dia eu olhei no espelho e vi que eu era linda e disse a mim mesma – poxa eu não sou feia, sei que meu coração é lindo. Vou dar um 360° na minha vida e mostrar que a minha beleza pode nascer de dentro pra fora também. E vou provar para todo mundo que ninguém é diferente de ninguém”, conta.
Redução de estômago
Depois de tentar todas as dietas possíveis – a do lua, do sol e do mar -, brinca Nara, decidiu realizar redução de estômago. No entanto, ela pesava 86 kg, o que não acusava obesidade mórbida, e por isso, seu plano – o da Unimed-, não cobriria a cirurgia. Desta forma, precisou engordar 20 kg em três meses para poder ser operada, mas este período foi muito difícil.
“Quase me custou a vida, pois eu já não dormia mais direito, a gordura do meu pescoço me atrapalhava pra respirar e eu tinha medo de ter apneia do sono enquanto dormia, minha pernas doíam muito. Eu já não conseguia mas caminhar”, lembra Nara. Neste momento chegou em 106 kg para 1,52 m de altura e sua redução de estômago foi realizada em 23 de fevereiro de 2012, no dia em que “nasceu de novo”.
Reeducação
Mas se engana quem pensa que redução de estômago faz milagre. Antes de sair do hospital, Nara engordou mais 3 kg, ou seja, foi para 109 kg, devido ao inchaço. Mas não é à toa que falam que depois da tempestade vem a calmaria, todo o esforço e dedicação daquele momento valeram a pena.
Ela passou por várias etapas para chegar ao resultado de hoje. Foram várias idas à nutricionista, academia, psicóloga – tudo seguido 100% a risca. Três dias de hospital sem comer e nem beber uma gota d’água. Foi somente no último dia, quando teve alta que pôde comer uma gelatina aguada, porém, levou 40 minutos para ingerir um potinho com 30ml do alimento.
Depois, em casa, foram 17 dias só de liquido – 30ml de Gatorade, água de coco, suco de laranja, leite, entre outros. Após esse período começou com papinha – tudo bem amassado e passado no liquidificador – foram mais 20 dias assim, até, finalmente, começar a comer.
Mesmo com todas essas transformações, Nara não precisou fazer cirurgia plástica. No entanto, assim como toda mulher vaidosa, futuramente deseja fazer.
“Eu fui e venci minha guerra, mas carrego as marcas que ela me deixou. E hoje continuo me cuidando, me amando e faço com as pessoas o que não fizeram comigo. Ofereço minha ajuda, dou a minha história e motivo as pessoas”, diz Nara que completa: “Todo mundo consegue o que quer na vida, é só ter força de vontade e acreditar em si mesmo”.
Depois da reeducação de estômago, Nara teve um filho, que hoje está com 2 anos e 10 meses. O menino nasceu de 6 meses com 1,2 kg e ela precisou ficar cerca de dois meses com ele no hospital.
“Minha história é cheia de surpresas que a vida me prega, mas graças a Deus, Deus me fez forte, então pra mim, minha família são tudo, assim como meus amigos maravilhosos, que estão sempre ao meu lado”.