Com mais de 4,2 mil associados, conheça história do Sintrivest, que completa 40 anos em 2022

Entidade surgiu da luta por melhores salários e condições de trabalho no setor do vestuário do município

Com mais de 4,2 mil associados, conheça história do Sintrivest, que completa 40 anos em 2022

Entidade surgiu da luta por melhores salários e condições de trabalho no setor do vestuário do município

A busca por melhores salários e condições de trabalho de um grupo de funcionários da indústria Irmãos Krieger, famosa empresa de Brusque na década de 1980, deu origem ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário, Bordados, Couro, Calçados e Similares de Brusque (Sintrivest).

Há 40 anos, em 26 de outubro de 1982, o grupo de funcionários da empresa recebeu a tão esperada carta sindical do Ministério do Trabalho, que tornou oficial a criação do sindicato. 

No entanto, a organização dos funcionários em torno da entidade iniciou muito antes. As primeiras conversas, que plantaram as sementes do sindicalismo na categoria, surgiram em 1978.

“A Krieger era a única confecção de Brusque. Naquela época, alguns trabalhadores tinham a sensação de que poderiam ser mais respeitados e ganhar mais, então essas conversas se tornaram cada vez mais comuns”, lembra o atual tesoureiro do Sintrivest, que também já foi presidente da entidade, José Gilson Cardoso.

José Gilson Cardoso integrou o grupo que deu origem ao sindicato | Foto: Bárbara Sales/O Município

Essas conversas que aconteciam no refeitório da empresa deram origem, inicialmente, a uma associação de trabalhadores, primeiro passo para a oficialização do sindicato.

“Naquela época, cada um reivindicava melhores salários de forma individual com o seu gerente, mas era difícil, ninguém dava atenção para um funcionário. Formamos, então, um grupo de pessoas com interesse em criar um sindicato. Fomos orientados pelo Ivo Sanni e pelo Mário Zimmermann, presidentes do Sintrafite e Sindmestre na época, e eles nos falaram o que precisava ser feito”, recorda Gilson.

Foi assim que entre 1978 e 1979 surgiu a Associação dos Profissionais nas Indústrias do Vestuário de Brusque, formada por alguns funcionários da Krieger, que se reuniam para discutir melhores condições de trabalho para toda a categoria. A associação, entretanto, ainda não era tão respeitada pela diretoria, por isso, o grupo decidiu iniciar o processo para criação do sindicato.

“Era preciso ter a carta sindical. Na época, conversamos com o saudoso Zeno Heinig, que era contador, e formatamos um modelo para buscar essa carta sindical. A associação fez uma assembleia com os funcionários e a partir daí enviamos o pedido da carta para o Ministério do Trabalho, em Brasília”.

Foram cerca de dois anos de espera, até que a carta sindical assinada pelo então ministro Murilo Macedo chegou em Brusque em 26 de outubro de 1982. Estava oficialmente criado o Sintrivest.

Os primeiros anos

Gilson lembra que a partir de 1982, já com o Sintrivest oficializado, começou o trabalho de estruturação da entidade e busca por associados.

“Eu era funcionário da Krieger. Então trabalhava das 5h às 13h30 e à tarde ia para o Sindmestre com o seu Zimmermann, para aprender sobre CLT, rescisão, ata”, destaca.

A primeira diretoria do Sintrivest foi empossada em março de 1983. Jair Vinotti foi o primeiro presidente e Gilson o primeiro vice-presidente.

Concentração de trabalhadores para eleger a primeira diretoria do sindicato | Foto: Arquivo Sintrivest

Em 1984, já com alguns sócios e recursos vindos das mensalidades, o Sintrivest conseguiu alugar uma sala na rua Adriano Schaefer, no Centro. “Ganhamos do Sindmestre uma escrivaninha antiga e uma cadeira e então começamos a ter uma sede, onde os trabalhadores podiam frequentar para tirar dúvidas”.

Nesta mesma época, a rua Azambuja começou a crescer, com diversas lojas e confecções e, assim, o número de associados ao sindicato aumentou.

“No início, como não tínhamos parte social, com médico, dentista, era difícil conseguir associados, porque os outros sindicatos tinham esses benefícios, mas o nosso ainda não, mas com o passar do tempo, fomos buscando”, lembra Gilson.

Em 1993, a entidade, já bem estruturada, saiu do aluguel e conquistou sua primeira sede própria, na rua Hercílio Luz, no Centro.

“Se o setor está bem, o sindicato vai bem”

A frente do Sintrivest desde 2002, Marli Leandro se filiou ao sindicato em 1987, logo que chegou a Brusque e começou a trabalhar na categoria. Em 1989, foi convidada para fazer parte da diretoria. Em 1992, foi liberada da empresa para trabalhar no sindicato, como diretora liberada, e em 2002, assumiu seu primeiro mandato como presidente da entidade.

Desde então, tem a missão de conduzir o sindicato trabalhista e manter a história iniciada há 40 anos.

Durante este tempo, Marli destaca que o sindicato viveu períodos difíceis, mas também muitos momentos de evolução e crescimento.

“Se o setor está bem, o sindicato vai bem também. Quando o setor está em crise, o sindicato também passa por dificuldade, perde associados e recursos”, diz.

Marli Leandro é presidente do sindicato há 20 anos | Foto: Bárbara Sales/O Município

Um dos períodos considerados mais difíceis na história da entidade foi na década de 1990, com a quebra das empresas da rua Azambuja e a transição para o Plano Real.

“A rua Azambuja teve um boom e depois decaiu. Com a mudança da moeda, nosso setor teve muitos problemas e o sindicato perdeu arrecadação. Teve um ano que, para não fechar a convenção coletiva com piso livre, tivemos que reduzir o valor do salário da categoria que já havíamos conquistado. Também perdemos subvenção das empresas e tivemos que cortar alguns benefícios. Foi um momento muito difícil”, lembra.

Marli Leandro foi eleita presidente pela primeira vez em 2002 | Foto: Arquivo/Sintrivest

Com a estabilização da moeda, as empresas foram se recuperando. Surgiram os centros comerciais, e o setor vestuarista teve uma retomada. Com isso, o sindicato também se recuperou e voltou a oferecer benefícios para os trabalhadores.

“Deste período para frente, não atravessamos mais grandes dificuldades. Tivemos a pandemia, que foi difícil para todo mundo, mas conseguimos atravessar e manter os benefícios sem grandes adversidades”.

Benefícios para os associados

Atualmente, o Sintrivest tem mais de 4,2 mil associados de Brusque, Guabiruba e Botuverá. Todos têm direito a diversos benefícios, ampliados ao longo dos anos.

“Brusque é uma cidade atípica comparada com outras. Todos os sindicatos têm uma relação de benefícios grande. É um ponto positivo para os trabalhadores, pois sabemos da dificuldade, no momento atual, de conseguir dar conta de sustentar a família, pagar médico, dentista, material escolar. São todos benefícios que auxiliamos”, diz Marli.

Na sede do Sintrivest, sete dentistas atuam na parte de clínica geral e especialidades da odontologia. Os atendimentos de clínica geral são gratuitos para os associados. Para os atendimentos de especialidades, é cobrado um valor mais acessível.

Atual diretoria do Sintrivest | Foto: Arquivo/Sintrivest

Na área médica, os associados têm disponíveis consultas com clínico geral, pediatra, oftalmologista, nutricionista, ginecologista e psicóloga. Todos os atendimentos acontecem na sede do Sintrivest. Consultas com clínico geral e pediatra são gratuitas. As demais especialidades, é cobrado um valor acessível.

Na subsede do Sintrivest em Guabiruba, há atendimento de dois dentistas, médico e nutricionista.

Fora os atendimentos nas sedes, a entidade tem parcerias com outros sindicatos que também oferecem atendimento médico. Os associados também têm descontos com médicos, clínicas, hospitais e óticas.

Além disso, o sindicato também faz o reembolso de um percentual das consultas e atendimentos realizados por convênios.

Outro benefício dos associados é o kit de material escolar para os trabalhadores que estudam e também para os filhos em idade escolar.

“Os benefícios são estendidos para os cônjuges dos associados e também para os filhos até 16 anos. A parte social do sindicato é o nosso orgulho. Procuramos administrar sempre com o pé no chão para poder manter esses benefícios no sindicato. Nossos recursos vêm apenas da mensalidade paga pelo trabalhador”, destaca Marli.

Principal conquista

A atual sede do Sintrivest, na avenida Arno Carlos Gracher, a Beira Rio, mostra a força do sindicato e do trabalhador vestuarista.

“Tenho a satisfação em dizer que o projeto ocorreu durante todo o meu mandato”, destaca Marli.

Sede do sindicato foi inaugurada em 2009 | Foto: Bárbara Sales/O Município

O prédio começou a ser construído em 2006, após a compra do terreno, em 2002. Em janeiro de 2009, a nova sede foi inaugurada e, desde então, recebe dezenas de trabalhadores diariamente.

“A construção foi muito rápida, pelo tamanho do prédio. A nossa sede é algo que nos orgulha bastante. Ela foi toda construída com recursos dos associados, da categoria. É um espaço bom, com uma localização ótima, e onde são oferecidos diversos serviços para os trabalhadores. Sem dúvida, a nossa sede foi a principal conquista nestes 40 anos”.

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