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Às 7h30 desta terça-feira, feriado do Dia do Trabalhador, Guabiruba estava praticamente deserta. No entanto, o encontro de um pequeno grupo na rua Dez de Junho, em frente à escola Arthur Wippel, dava o tom do que estava por vir. Cinco músicos preparavam seus instrumentos para o cortejo da 3ª Maibaum.
Após alguns minutos, chegaram outros sete instrumentistas. O trompetista Marcelo Heckert, 30 anos, também é membro da banda Das Lebens Lied (literalmente, “a canção da vida”) e participou pela primeira vez do evento da Árvore de Maio.
Ele conta que os músicos são os responsáveis pela música típica alemã durante todo o cortejo da Maibaum, da escola até a rotatória da intersecção das ruas Brusque, Imigrantes e Guabiruba Sul, além de apresentação após a montagem da árvore.
“Viemos em 12 músicos, com instrumentos de sopro, como trompete, trombone, tuba, saxofone, clarinete e flauta transversal, além da percussão na caixa e no surdo”, explica. Quando perguntado sobre se iriam ajudar a erguer a Maibaum, Heckert brinca: “Olha, não nos avisaram nada. Viemos pra trazer a música”, ri.
Assista ao vídeo:
Mais pessoas foram chegando. Um classudo caminhão GMC 350 azul começou a ser enfeitado com as cores da Alemanha, além de ter penduradas na carroceria as bandeiras brasileira e alemã. Chegam os fritz e as fridas, prontos para o cortejo. Até mesmo o grupo Eintracht Volkstanzgruppe, de Blumenau, chegou especialmente para acompanhar o evento. Eles também participarão de celebração semelhante em sua cidade, programada para este domingo, 6.
André Ricardo Valentim, 35 anos, participa da organização do evento junto à Associação Artístico-Cultural São Pedro (AACSP) desde a primeira Maibaum, instalada em 2008. “Nas outras vezes, quase 100 pessoas participaram, fora a população que assistiu e prestigiou o evento. É importante preservar essas tradições e passar a cultura de geração para geração. Muitas crianças participam”, explica.
Por volta das 8h, chegaram dois cavalos brancos, de grande porte, puxando um mastro listrado de azul e branco, de 20 metros de comprimento. É o tronco da Maibaum, em cima do qual vinham, entre outras pessoas, o prefeito Matias Kohler e o vice, Valmir Zirke. Neste momento, Guabiruba já estava acordada, com dezenas de pessoas prontas para reviver a tradição.
Saíram os cavalos puxando o tronco, o caminhão repleto de pessoas em trajes típicos, o caminhão com a banda e o caminhão com os acessórios para a montagem da árvore. No trajeto de cerca de 5 quilômetros, as pessoas observavam o cortejo das janelas de suas casas e apartamentos, tirando fotos e se divertindo, enquanto a banda animava a manhã nublada com música tradicional alemã. Nem mesmo a garoa que caía minutos após a partida atrapalhou o ânimo dos participantes e dos espectadores.
Início da montagem
Ao chegar na rotatória, por volta das 9h, a banda fez uma pausa. Centenas de pessoas já se reuniam em volta do local, que contava com uma área especial para recreação e refeições. Entre a multidão, estavam os cerca de 50 homens responsáveis pela montagem, que seria realizada sem nenhuma ajuda de máquinas. Bastariam união, organização, força humana e algumas ferramentas.
O tronco, que chegou pela rua Brusque, foi endireitado para a rua dos Imigrantes. Os cavalos puderam, enfim, descansar. Uma base metálica azul, que sustentava a Maibaum anterior, retirada no fim de 2017, estava pronta. Enquanto a Maibaum de 2013 possuía 17 metros de comprimento, a de 2018 tem 20.
Se na Alemanha a árvore é decorada com placas que possuem os brasões das famílias da cidade, em Guabiruba ela homenageia as empresas do município com pinturas de suas marcas feitas à mão nas placas. Diferente de 2013, quando houve 42 placas, desta vez são 44.
Quem comandou a equipe que elevaria o tronco de mais de 800 kg à base foi Fabiano Siegel, um dos coordenadores do evento, vestido completamente a caráter. Após a instalação dos detalhes no topo do mastro, como o galo com a rosa dos ventos, o Wetterhahn, os homens precisaram de muita coordenação para o método utilizado.
Primeiramente, foram utilizados troncos para fazer os primeiros trabalhos de levantamento. Depois, em grupos maiores, eram os troncos, amarrados firmemente com cordas, as ferramentas necessárias para levantar a Maibaum e fazer o suporte.
A tarefa foi árdua e longa, com a árvore sendo levada à base aos poucos. Às vezes, um dos suportes com cordas acabava escorregando e parecia até que o tronco iria cair, fazendo com que o processo ficasse cada vez mais demorado. Mas a tradição já estava mantida, com o trabalho e a união dos guabirubenses sendo marcado em mais um ciclo de cinco anos.
Todo o processo para erguer o mastro levou uma hora e 43 minutos, e contou com a força de vontade de 52 voluntários. Siegel conta que nada é parafusado na Maibaum, o ferro é apenas prensado. Depois de erguida, foi iniciada a montagem, com todos os ferros e as transversais que dão suporte às 44 placas comemorativas, que foram presas à árvore por meio de ganchos.
Com a garoa que caía, a árvore ficou escorregadia, o que dificultou o processo de montagem. Porém, com orgulho, Siegel concluiu: “trabalhando com calma e aos poucos, deu tudo certo”.
O público que esperava para ver a Maibaum extrapolou as expectativas dos organizadores, que não imaginavam que cerca de 350 pessoas estariam presentes nas comemorações da Árvore de Maio. Mas não faltou comida nem bebida para ninguém – aliás, foram consumidos 470 litros de chope, que só foi liberado para os espectadores após o término da montagem.
Por fim, finalmente a Maibaum foi erguida e permanecerá no local pelos próximos cinco anos, quando dará lugar à quarta árvore.
Confira galeria de fotos (deslize para o lado):