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Comida que vem da roça

Pecuária e agricultura alimentam as crianças das escolas do município

A agricultura e a pecuária são, historicamente, a fonte do alimento do guabirubense. Muito antes dos pubs, cervejarias e restaurantes, a população local criava e plantava o que iria para o prato dos filhos, com a roça para subsistência e os animais para o abate e para o leite. Essa cultura perdeu adeptos, mas ainda persiste.

É comum, ainda hoje, os encontros entre amigos para uma porcada, com linguiça, morcilha e o torresmo, aproveitando tudo que os animais podem oferecer. As delícias não param por aí: o queijo artesanal, feito em casa, não pode ficar de fora do café da tarde.

Para falar a verdade, trabalho com isso desde criança. Depois, casei, e mantive animais de leite. É praticamente a vida inteira

No entanto, mais do que a produção caseira, as atividades garantem alimentos para as novas gerações. Cerca de 30% do que é usado para fazer a merenda escolar nas creches da rede municipal foram produzidos por agricultores familiares da região, boa parte deles de Guabiruba.

Segundo a prefeitura, foram investidos 44,81% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) na agricultura familiar. Em números reais, corresponde a R$ 135,8 mil.

Tarcísio Decker, pecuarista do bairro Guabiruba Sul, foi o primeiro a aderir ao programa. Ele fornece queijo colonial, leite e queijinho para as escolas e também tem uma marca própria, que leva o seu sobrenome.

Tarcísio Decker fornece queijo colonial, leite e queijinho para as escolas. Crédito: Eliz Haacke

Ele tem vacas de leite em sua propriedade, e também planta milho, para fazer a silagem. Decker diz que a agropecuária representa a sua vida. “Para falar a verdade, trabalho com isso desde criança. Depois, casei, e mantive animais de leite. É praticamente a vida inteira, são mais de 50 anos trabalhando com isso”.

Decker se sente orgulhoso ao ver as crianças se alimentarem com o queijo que ele produziu. Ele tem um neto na Educação Infantil, por isso o trabalho é motivo de ainda mais orgulho para o pioneiro morador do Guabiruba Sul.

Tudo que se planta cresce
A agricultura também é motivo de integração e desenvolvimento para a cidade. Os agricultores Jorge Dirschnabel e Marcelo Wippel são orgulhosos de seu trabalho.

A agricultura vem de pequeno, está no nosso sangue, então você ver a planta crescendo e o resultado final, nos pratos das crianças, é muito gratificante

Dirschnabel, 79 anos, é um exemplo da perseverança da agricultura em Guabiruba, uma cidade majoritariamente industrial hoje em dia.

Prestes a completar 80 anos, ele não quer nem ouvir falar de largar o cabo da enxada. Dirschnabel planta aipim e entrega aproximadamente 2 mil quilos para a merenda escolar. Tudo dá muito trabalho, mas ele mesmo planta e só precisa de ajuda na hora de descascar e empacotar os vegetais.

Agricultura é importante no desenvolvimento do município. Crédito: Divulgação

“Meus filhos me falam para sentar na sombra e colocar a perna para o alto. Mas eu falo para eles que carro velho no rancho termina de enferrujar, não posso ficar parado”. A família dele cresceu ao redor da agricultura, e não é à toa que a atividade é muito importante para o senhor.

Marcelo Wippel, 33 anos, produz arroz integral e branco para o programa de agricultura familiar. Ele planta em sua propriedade no Aymoré cerca de 10 hectares de arroz, o que totaliza aproximadamente 10 mil quilos por safra.

Mensalmente, Wippel leva 900 quilos de arroz para a prefeitura usar na merenda dos pequenos. A agricultura, e o fato de poder, literalmente, ajudar no futuro de Guabiruba, também é motivo de alegria para ele.

“A agricultura vem de pequeno, está no nosso sangue, então você ver a planta crescendo e o resultado final, nos pratos das crianças, é muito gratificante”, afirma Wippel. Ele cresceu trabalhando no campo, desde antes dos 15 anos. Tanto a família materna quanto a paterna são de agricultores, e ele busca manter esse legado.