Como funciona o atendimento a crianças com transtornos comportamentais em Brusque
Maior demanda de atendimentos está relacionada a transtornos de humor e afetivos, como bipolaridade e borderline
Maior demanda de atendimentos está relacionada a transtornos de humor e afetivos, como bipolaridade e borderline
Desde a inauguração da nova sede no dia 3 de maio deste ano, o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Caps-i), vem registrando um aumento significativo nos atendimentos às crianças e adolescentes entre zero e 18 anos incompletos em Brusque.
Localizado no bairro Jardim Maluche, o centro foi criado para atender demandas de transtornos graves e persistentes nas crianças e jovens que residem no município.
Neste segundo quadrimestre de 2021, o Caps-i registrou um total de 1.311 atendimentos e procedimentos. São eles: 175 consultas médicas, 168 procedimentos médicos, 218 consultas profissionais multi, 722 procedimentos profissionais multi, oito visitas domiciliares, seis ações de promoção e prevenção em saúde, 14 matriciamentos – intervenção pedagógica e terapêutica conjunta, sem nenhuma internação.
De acordo com a coordenadora de saúde mental, Inajá Gonçalves de Araújo, o fato de o centro não ter registrado internações no último quadrimestre é positivo e destaca a importância significativa do trabalho da equipe com pais e famílias.
“Não adianta apenas o tratamento da criança e adolescente. Temos que pautar a equipe, criança ou adolescente e família, é necessário este tripé para funcionar”, explica.
Ela informa que atualmente, a maior demanda são os transtornos de humor, entre eles, tentativas de suicídio e automutilação. Também é o caso de jovens com transtornos afetivos, como bipolaridade e transtorno borderline, que são atendidos pelo Caps-i.
Segundo Inajá, o Caps-i está retornando os atendimentos em grupo para potencializar o tratamento dos jovens que são atendidos no local.
“Quando a criança está com o psicólogo ou psiquiatra, pode não conseguir demonstrar todo o sofrimento ou situação que pode gerar stress. Já no grupo, onde outros vivenciam situações, eles conseguem externalizar estes sentimentos e os técnicos observam isso”, detalha.
A coordenadora explica que os jovens ficam períodos no centro, alguns o dia todo, outros meio período. Eles intercalam com o horário da aula para ter o atendimento em rede e qualquer situação existente poder ser analisada.
Atividades em grupo também são realizadas com o objetivo de promoção e prevenção, para que os jovens entendam que há vida fora do sofrimento que vivenciam. Fora do ambiente escolar e de tratamento, as crianças são levadas para aulas de yoga na praça, sessão de cinema e piqueniques.
Para auxiliar os pais que trabalham durante o dia, o local abre uma vez por mês no período noturno, para que possam participar do tratamento dos filhos.
A coordenadora de saúde mental explica que o Caps-i possui uma rede e contatos com escolas, creches e Apae. Quando os educadores identificam situações ou jovens que precisam de apoio logo são encaminhados para atendimento.
O Hospital Azambuja e Dom Joaquim também são parceiros do centro, conta Inajá. “Pacientes que não eram do Caps-i podem ser encaminhados pelos hospitais. Hoje, se atendem uma situação de tentativa de suicídio já encaminham para o centro”, exemplifica.
O poder Judiciário e o Ministério Público de Santa Catarina também fazem parte da rede, principalmente encaminhando casos de vulnerabilidade, vítimas de violência ou que presenciaram casos de violência. Quando há risco psicológico para a criança, o Judiciário solicita apoio do Caps-i para fazer o acolhimento.
Inajá ressalta que o novo espaço trouxe um local adequado, humanizado e com acessibilidade para as crianças e jovens. “As salas são confortáveis e as crianças se sentem pertencedoras. Diferente do prédio que estávamos, onde não tínhamos essa visão de casa”, detalha.
O local também é próximo de grandes necessidades, como a maior creche do município e várias escolas públicas e privadas. Isso propicia o encaminhamento para as redes, e das redes para o Caps-i.
A equipe conta com uma enfermeira, dois técnicos de enfermagem, dois psicólogos, uma assistente social, educadora física, monitor, psiquiatra e arteterapeuta. Além disso, trabalham no local duas serviços gerais e um auxiliar administrativo.
A coordenadora de saúde mental também informa que um dos objetivos para o futuro do centro é o aumento da carga horária de trabalho. “Essa possibilidade a gente trouxe para a gestão e está em estudo, para mais tempo de serviço aberto e vinda de novos profissionais”, conta.
O CAPS-i fica situado na rua Dr. Olímpio de Souza Pitanga, 20, bairro Jardim Maluche. A unidade funciona de segunda à sexta-feira, das 7h às 17h, sem fechar para almoço.
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