Como o jogador de vôlei Aldevan se tornou o artilheiro Júnior Pirambu
Atacante do Brusque conta sua história e fala sobre equipe, Sergipe, adaptação e especulações de transferência
Como o jogador de vôlei Aldevan se tornou o artilheiro Júnior Pirambu
Atacante do Brusque conta sua história e fala sobre equipe, Sergipe, adaptação e especulações de transferência
- 15/07/2019
- 5:12
Entre 2009 e 2011, Aldevan Santos Nascimento Júnior conquistava diversos títulos como ponteiro do time de vôlei do Colégio Arquidiocesano de Aracaju, e em 2019, oito anos depois de ter concluído o Ensino Médio, sonha com o acesso e o título da Série D do Campeonato Brasileiro de futebol com o Brusque, a pouco menos de 3 mil quilômetros da capital sergipana. Entre estas duas fases de sua vida, Aldevan se tornou o centroavante Júnior Pirambu, atual artilheiro do quadricolor na quarta divisão brasileira. O nome vem do município de Pirambu, onde o sergipano foi criado.
Nascido em Aracaju em 3 de agosto de 1994, o atleta foi criado em Pirambu, pequeno município que fica a 40 km da capital, com cerca de 9 mil habitantes, e que é o lar de sua família. Filho de um pescador e de uma professora, o hoje centroavante quadricolor cursou o Ensino Médio no Colégio Arquidiocesano de Aracaju, recebendo bolsa integral por seu talento como ponteiro no vôlei.
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“Eu jogava meu voleizinho, né. Cheguei a ir para a seleção sergipana e joguei jogos escolares brasileiros e estaduais. Jogava como ponteiro e oposto”, explica. O então jogador de vôlei também chegou a trabalhar na Secretaria de Saúde de Pirambu como digitador.
“O pessoal gostava de mim lá, eu era muito dedicado. Sempre fui esforçado, dedicado, também no vôlei, no futebol, isto é algo meu.”
A transição para o futebol foi imediata, após um olheiro tê-lo visto jogando uma partida de futsal. Recebeu o convite para fazer um teste no Sergipe, o maior campeão estadual. Passou e trocou as quadras pelo campo. Atuou por pouco tempo nas categorias de base.
Em 2013, foi campeão sergipano, e passou os anos seguintes entre empréstimos, por causa da falta de calendário. Fez diversos bate-voltas entre Sergipe e Araripina (PE) e também atuou por Dorense (SE) e Lagarto (SE). Em 2017, caiu nas semifinais do Campeonato Maranhense com o Maranhão. Na última partida, ainda quebrou o braço. Em 2018 retornou ao estado do Sergipe para atuar pelo Olímpico, de Itabaianinha (SE). Só então, em 2019, chegou a Santa Catarina.
O sonho de ter uma vida financeira estável a ponto de seus pais não precisarem mais trabalhar ainda não se tornou realidade, mas já é possível ajudar. “Estou começando minha vida futebolística agora, de verdade. No Nordeste é muito mais difícil de ganhar dinheiro. Estou conseguindo me manter muito bem, com estabilidade. Buscamos crescer profissionalmente.”
Rumo ao Sul
Em 2019, o centroavante foi para bem mais longe que Pernambuco ou Maranhão. Assinou contrato com o Metropolitano e foi morar em Blumenau. A esposa, Thaíse, ficou em casa, em Aracaju, pois o casal não tinha condições financeiras para que os dois se mudassem. Esperando um frio típico do que ouvia falar no Sul do Brasil, passou calor no Vale do Itajaí.
Dos 13 gols do Metrô no Campeonato Catarinense, Pirambu marcou seis, praticamente metade. O ótimo desempenho individual, no entanto, não foi suficiente para impedir a queda da equipe à segunda divisão.
O frio que Pirambu esperava ele encontrou, obviamente, no inverno. Após o Catarinense, o atacante assinou com o Brusque, para assumir a posição que era de Hélio Paraíba, o homem-gol da equipe até então. A missão tem sido cumprida com louvor. Em dez partidas na Série D, o sergipano marcou seis gols. Alguns deles importantíssimos, como o que abriu o placar contra o Hercílio Luz, no jogo de volta da segunda fase.
“O frio tá castigando. Mas me acostumo muito fácil. Não me sinto prejudicado pelo frio. Me sinto como se estivesse aqui há mais tempo do que realmente estou”, comenta.
Foi em Brusque também que Pirambu encontrou condições para se reunir com Thaíse após o período vivendo a milhares de quilômetros um do outro. Ainda aprendendo a lidar com o frio, Pirambu já está completamente adaptado ao município.
“Em Brusque é mais acolhedora. As pessoas parecem mais próximas, a amizade é mais legal, mais fácil. Em Blumenau eu tinha pouco contato, não saía muito, era mais clima de cidade grande.”
A escolha pelo Sul do Brasil não foi difícil. “Quem não quer jogar por aqui, com futebol quase o ano todo? São cenários do futebol brasileiro que todo mundo tá olhando. A visibilidade é totalmente diferente.”
Equipe
Júnior Pirambu se dá muito bem todos os atletas, mas tem uma proximidade mais forte com quem também veio do Nordeste: Thiago Alagoano, e o também sergipano Aírton, que foi seu colega também na equipe do Sergipe. O reserva de Pirambu, Vinícius, também é amigo próximo e vem do mesmo estado.
“O grupo é homogêneo, a amizade é muito grande. Não há melhores amigos, somos melhores amigos num todo, é questão apenas de uma proximidade.”
O treinador, Waguinho Dias, é visto como um grande parceiro. “Ele ajuda demais, se preocupa com o atleta. Tem aquela de paizão, e sabe dar uma dura. É um dos melhores técnicos com quem trabalhei.”
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Especulações
Com a ótima temporada que vem fazendo, o centroavante chegou a ser especulado no Vila Nova, que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro. O contrato de Pirambu vai até o final da Copa Santa Catarina, em novembro, e tem uma cláusula rescisória em torno de R$ 100 mil. O foco está no quadricolor.
“O que não vem até mim ou ao meu empresário, não considero. Não gosto de observar propostas, ficar ligado nisso, poderia ser prejudicial para o dia a dia. Se aparecer, oficial, pelo meu empresário no papel, aí eu vejo o que acontece.”