Complicações de hipertensão e diabetes foram os principais casos atendidos pelo Samu de Brusque em 2022
Serviço realizou mais de 3,1 mil atendimentos em Brusque, Guabiruba e Botuverá no ano passado
Serviço realizou mais de 3,1 mil atendimentos em Brusque, Guabiruba e Botuverá no ano passado
Em 2022, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizou 3.158 atendimentos em Brusque, Guabiruba e Botuverá. O número é um pouco maior do que o registrado em 2021, quando foram atendidas 3.148 ocorrências nos municípios.
Nos últimos cinco anos, o número de ocorrências atendidas pelo Samu na região cresceu 15%.
Aline Fagundes Cunha, enfermeira responsável pela unidade de suporte básico do Samu de Brusque, destaca que desde 2017, a unidade registra uma crescente de atendimentos. Ela avalia que esse crescimento é resultado das ações de educação em saúde, quando a população é orientada como e quando fazer a ligação para o Samu, e também do crescimento populacional das cidades.
O Samu é responsável por atender uma área de 786 quilômetros quadrados, que corresponde aos municípios de Brusque, Guabiruba e Botuverá. A ambulância também faz atendimentos em Gaspar e Itajaí, quando solicitada.
Dos mais de três mil atendimentos realizados no ano passado, Aline destaca que a maior parte foram casos de pacientes que já têm alguma doença crônica de base, como hipertensão e diabetes, que se agravam por falta de tratamento correto.
“A doença evolui para um AVC, um infarto, e então somos acionados. Cerca de 30% dos nossos atendimentos tem essa característica, de ser mais grave por conta de uma doença crônica que não é tratada corretamente”, diz.
A enfermeira afirma ainda que há um grande número de atendimentos psiquiátricos na região, além de apoio ao Corpo de Bombeiros em acidentes de trânsito.
“Vivemos em uma realidade de acidente de trânsito bem preocupante, por falta de direção defensiva, de responsabilidade, o celular tem sido um inimigo frequente. Temos um número considerável de mortes no trânsito, e geralmente somos acionados para dar auxílio aos bombeiros nestas ocorrências”.
De acordo com ela, a cada 24 horas, o Samu de Brusque realiza uma média de dez atendimentos. “Tem dias que esse número aumenta e tem dias que diminui, mas desconheço algum dia que tenha ficado sem pelo menos uma ocorrência”.
O início do mês é o período que costuma ter mais atendimentos, segundo ela. “No verão também aumenta o número de ocorrências, porque as pessoas estão mais ativas, saem mais, bebem mais. A segunda-feira costuma ser o dia mais tranquilo para nós, a partir de terça-feira, as ocorrências vão aumentando”.
Desde 2017, o Samu está instalado junto ao Corpo de Bombeiros, no Centro. A equipe é formada por quatro motoristas-socorristas, quatro técnicos de enfermagem e uma enfermeira. As equipes trabalham em esquema de 12h por 36h, com atendimento 24 horas por dia, sete dias por semana.
O serviço atua com apenas uma ambulância. No carro, estão sempre dois profissionais: o condutor-socorrista e o técnico de enfermagem.
Como é formado por profissionais de saúde, o serviço é acionado para casos clínicos de urgência e emergência. No local do atendimento, o profissional do Samu pode fazer medicação e também procedimentos invasivos no paciente, o que não é possível no caso dos bombeiros. Dependendo do caso, não é preciso nem o encaminhamento para o hospital.
Aline explica que quando algum morador de Brusque, Guabiruba ou Botuverá liga para o número 192, a ligação cai na central de regulação em Blumenau. Lá, um médico faz uma espécie de triagem do caso e é o responsável por determinar se é necessário enviar a equipe ou não.
A enfermeira destaca que a partir do momento que a equipe é acionada, tem até dois minutos para sair da base para o atendimento. “O tempo de chegada no local vai depender do trânsito, e temos bastante dificuldade nisso. Por causa do celular, as pessoas ficam dispersas e não prestam atenção no trânsito, não dão prioridade para a ambulância”.
Como a ambulância atende em um raio de mais de 700 quilômetros, dependendo do dia, o deslocamento pode levar um tempo maior do que o desejado.
“É uma distância grande. Eu posso sair de uma ocorrência na Volta Grande e ser acionada para atender outra no Santa Luzia, de lá, posso ser chamada para ir para o Limeira, do Limeira para Botuverá, e por vezes as pessoas se irritam com a espera, mas existe uma barreira física que não tem como romper e ainda todos os contratempos do trânsito e distância. Já aconteceu de fazer 300 quilômetros em um único dia com a ambulância”.
A enfermeira do Samu relata ainda que além da dificuldade do deslocamento, o serviço precisa enfrentar situações de pessoas que tentam acionar o serviço para não precisar pegar fila no pronto-socorro.
“Isso acontece quase diariamente. A central de regulação acaba orientando e direcionando a pessoa corretamente, mas é importante ter essa conscientização, assim como na questão dos trotes. Só no ano passado, em todo o estado, o Samu recebeu 20 mil ligações de trote, é um número muito alto e que pode dificultar o atendimento de quem realmente precisa”.
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