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Concílio da Igreja Luterana encerra neste domingo em Brusque

Paróquia Bom Pastor recebeu cerca de 200 lideranças religiosas do Brasil e do mundo para dialogar sobre assuntos pastorais, de doutrina e da confessionalidade da fé

A comunidade luterana de Brusque vive nos últimos dias momentos especiais – de resgate da história da sua igreja e de reflexão sobre valores da humanidade. Termina na manhã deste domingo, 23, com um culto celebrativo o 30º Concílio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), que reúne na paróquia Bom Pastor cerca de 200 lideranças religiosas do país e do mundo que dialogam sobre assuntos pastorais, de doutrina e da confessionalidade da fé.

Além do debate sobre questões estruturais da igreja, o concílio aborda profundamente a missão, já que neste ano o tema do evento é “Por uma Igreja Missional. Agora são outros 500”. Os pastores Claudio Schefer e Edélcio Tetzner, da paróquia Bom Pastor, dizem que é uma grande confraternização de luteranos e que tudo está ocorrendo dentro da normalidade. Eles destacam o engajamento de distintos grupos das três paróquias de Brusque – além da Bom Pastor, Unidos em Cristo e Martim Lutero, para receber os representantes de 18 sínodos (dioceses). “Envolvemos toda a igreja e todos vieram com muita alegria e animação. Para nós foi um grande privilégio. Igreja que serve, serve”, afirma Schefer.

O pastor ainda diz que olhar para as festividades do quinto centenário da Reforma Luterana faz com que a igreja reflita qual é de fato a sua missão. Por isso, ele ressalta que a palestra do pastor Renato Raasch, do Sínodo de Paranapanema e que atua em uma das paróquias de Curitiba (PR), trouxe grandes provocações. “A igreja luterana é uma igreja de imigração, não é fruto de uma missão. Anunciamos o evangelho, mas primamos a liberdade, então, afinal, o que é ser uma igreja missionária? Por isso o tema do concílio”, explica.

Sinal de luz e esperança

O pastor Karl Hans, do Sínodo de Baviera – Alemanha e também diretor do Departamento da igreja para Relações com a América Latina, esteve pela primeira vez em Brusque. Ele diz que o concílio mostra o empenho da igreja luterana brasileira de “querer ser luz e um sinal de esperança”. Hans afirma que é uma igreja que acolhe as pessoas e as acompanha para que possam resolver suas necessidades, não de uma forma abrupta, ou de um dia para o outro, mas por meio de um acompanhamento.

Quanto ao município, o pastor da Alemanha teve as melhores impressões. “Eu já tinha ouvido falar, mas fiquei bastante surpreso, pois é uma cidade super organizada, tudo muito limpo. Imagino que quem vive aqui tem uma vida bem estruturada, sinto também uma manifestação do ser luterano”.

O pastor presidente da IECLB, que atua em Porto Alegre (RS), pastor doutor Nestor Paulo Friedrich, diz que o concílio dialogou sobre duas temáticas importantes – a história da Reforma Luterana, que “exerceu grande influência no mundo” e a igreja luterana como uma igreja de comunidades: “não fruto de uma agência missionária, mas que surgiu com imigrantes de várias origens e religiões”. Segundo Friedrich, o evento resgatou a história luterana e provocou os representantes dos sínodos a pensar nos outros 500 anos. “Precisamos redescobrir a nossa missão e ver que há um Deus que nos ama e é misericordioso. A igreja não está engessada, mas está num processo de constante reforma”.

O pastor mestre em Teologia do Sínodo do Rio dos Sinos, Edson Edílio Streck, que visitou Brusque pela segunda vez, conta que a principal mensagem do concílio é a de conversão. Ele afirma que os luteranos têm muita história como igreja, mas que precisam reconhecer suas falhas e confessá-las, assim como possuem muitos acertos, que devem ser reconhecidos e confessados publicamente para o fortalecimento. “Levaremos para a nossa delegação que cabe a cada um de nós uma constante conversão, uma mudança de paradigmas, da nossa forma de ser, de viver. Se permitirmos que Deus mexa conosco seremos pessoas que vão ao encontro do irmão de forma mais cativante”.

Concílio

O concílio que iniciou no dia 19 e termina neste domingo, 23, é realizado a cada dois anos, sempre em uma comunidade diferente da IECLB. Brusque recebeu o evento pela segunda vez. Durante o concílio, representantes da igreja Luterana dialogam e deliberam sobre questões básicas da vida comunitária, confessionalidade, estrutura e missão.