Conectada com a preservação histórica, Sociedade Amigos de Brusque celebra 70 anos
Atualmente, instituição mantém o Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim, mais conhecido como Museu Casa de Brusque
A Sociedade Amigos de Brusque (SAB) completou 70 anos de existência na sexta-feira, 4. A tradicional instituição mantém o Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim, mais conhecido como Museu Casa de Brusque.
Fundada em 1953, a sociedade foi criada nesta data por remeter à fundação da colônia Itajahy-Brusque. Naquela década, o município se preparava para celebrar o centenário, marcado para 1960.
Nesse contexto, uniram-se os 42 sócios-fundadores da Sociedade Amigos de Brusque na primeira assembleia, realizada no Fórum da Comarca, e presidida por Guilherme Renaux. Já a comissão de elaboração dos estatutos, formada por Guilherme Renaux, Arno Ristow, José Boiteux Piazza, Cyro Gevaerd e Ayres Gevaerd.
Com a criação da SAB, foi iniciado um intenso trabalho de pesquisa, junto a órgãos públicos e privados municipais e estaduais. Neste sentido, foram coletados o maior número possível de documentos relativos à história de Brusque.
A historiadora e secretária administrativa, Luciana Pasa Tomasi, conta que Ayres Gevaerd foi um grande contribuinte na reunião desses itens. Ele ocupou o cargo de presidente da entidade desde a fundação até 1990, quando se retirou por conta da idade avançada.
“Inicialmente a ideia era reunir a história da cidade. O propósito da entidade é em prol da preservação desta história”, ressalta a historiadora.
Então, em 1971, o acervo desta pesquisa passou a ser aberto à visitação pública, após a sede da SAB ser inaugurada, também em 4 de agosto. Somente a partir de 1973 que o acervo passou a ser oficialmente denominado de Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim.
Atualmente, o museu Casa de Brusque preserva um importante acervo documental, fotográfico, bibliográfico e de objetos da história do Vale do Itajaí-Mirim. Nele incluem-se os periódicos, como as edições antigas do jornal O Município e outras publicações registradas no passado. O periódico mais antigo no acervo é de 1905.
No local, os acervos estão disponíveis para consulta, pesquisa de estudantes, pesquisadores e demais interessados na história do Vale do Itajaí. Além disso, o museu desenvolve visitas guiadas para grupos maiores mediante agendamento, bem como ações educativas planejadas anualmente para escolas da rede pública e privada.
Grande acervo
Outra pessoa que contribuiu fortemente para o acervo foi Horst Schlosser, membro da diretoria durante 29 anos. Por meio dele, o museu conta com Tear Jacquard da década de 1900, que pertenceu à Cia. Industrial Schlösser S.A., conta Luciana.
“Além deste, temos muitas outras peças relacionadas a indústria têxtil, como mostra de tecidos, coleções e documentos referentes as indústrias que existiram na cidade”, detalha.
Segundo a historiadora, o acervo do museu está em parte catalogado. O trabalho ocorreu por meio de projetos que realizados nos últimos anos. “O acervo tridimensional, que é o de peças, está todo higienizados, catalogado e fotografado. São mais de 2,1 mil peças. Agora estamos atuando no acervo fotográfico, fazendo o arrolamento deste acervo, que é a numeração desde o 1 até a última fotografia. Estamos no número 23 mil. A partir do final desta fase, começamos a higienização, a catalogação e a digitalização” explica.
Ao lado, está uma carroça funerária que pertencia à Família Pruner, da Funerária São José, que operou de 16 de setembro de 1938 até o ano de 1972. No jardim do Museu, está o busto de Ayres Gevaerd; a estátua de ferro conhecida por “Joana”, de 4 de agosto de 1910; e o mausoléu do Conselheiro Francisco Carlos de Araújo Brusque, que teve os restos mortais translado de Pelotas (RS) para o local em 1998.
Também, destaca-se no acervo o primeiro relatório da colônia Itajahy-Brusque redigido pelo barão de Schneeburg, datado de 1860. Ele foi o fundador e diretor da colônia, prestando contas das ações desenvolvidas no local, logo após a chegada dos 55 primeiros imigrantes.
Os 42 fundadores
Confira a lista dos 42 fundadores da Sociedade Amigos de Brusque:
Padre Luiz Gonzaga Steiner;
Arnoldo Bauer Schaefer;
Egon Geraldo Tietzmann;
Oscar Gustavo Krieger;
Tasso Rodrigues da Cruz;
Otto Niebuhr;
Ingo A. Renaux;
Luiz Strecker;
Érico Krieger;
Alfredo Koehler;
Dr. Carlos Moritz;
Aldo Krieger;
José V. Cortes;
Euvaldo Schaefer;
Adholfo Walendowsky;
Lauro Müller;
Padre Eloy Koch;
Horst Schloesser;
Rodolpho Victor Tietzmann;
Remaclo Fischer;
Bernardo Stark;
Walmir Diegoli;
Armando E. Polli;
Arno Ristow;
Monsenhor Afonso Niehues;
Padre Raulino Reitz;
Antonio Teixeira Dias;
Dr. Belisário J. N. Ramos;
Antônio Heil;
Aníbal Diegoli;
Arthur Appel;
Érico Appel;
Dr. Guilherme Renaux;
José Boiteux Piazza;
Cyro Gevaerd;
Mário Olinger;
Jorge Levy Malty;
Guilherme G. Niebuhr;
Ayres Gevaerd;
Axel Krieger;
André Brenneiser;
Dr. João Antonio Schaefer.
Primeira diretoria da Sociedade Amigos de Brusque
Após a fundação da sociedade, os membros se reuniram em 17 de setembro de 1953 para eleição da diretoria e posse. Na época, sem sede, as reuniões ocorriam em duas salas cedidas pelo Sindicato Patronal das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Brusque.
Diretoria
Presidente: Ayres Gevaerd
Vice-Presidente: José Boiteux Piazza
1° Secretário: Cyro Gevaerd
2° Secretário: Armando Polli
1° Tesoureiro: Antônio Heil
2° Tesoureiro: Walmir Diegoli
Conselho Fiscal
Dr. Guilherme Renaux
Cônego Afonso Niehues
Arthur Schlosser
Arno Ristow
Arthur Kistenmacher
Suplentes
Oscar Gustavo Krieger
Erico Appel
Rodolfo Victor Tietzmann
Euwaldo Schaefer
Pedro Morelli
Atuação em Brusque
Ainda na década de 1950, a Sociedade Amigos de Brusque já marcava presença em muitas decisões importantes do município. O trabalho vai desde a movimentação para a criação da Rede de Águas, hoje Sistema Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), como na própria atuação na organização do centenário de Brusque.
Contudo, destacam-se muitas publicações, que surgiram por meio da SAB e de seus integrantes. Um dos mais marcantes é atual anuário “Notícias de Vicente-Só”, publicado inicialmente em 1977, trimestralmente.
História na memória
Uma pessoa que sempre contribuiu com a Casa de Brusque foi contador Antônio Cervi, de 89 anos. Ele participa da Sociedade Amigos de Brusque desde 1971. Inicialmente, o brusquense assumiu a tesouraria em uma das gestões de Ayres Gevaerd, no lugar de Antônio Heil.
Ele recorda que o terreno onde a instituição está situada foi doado por Ayres Gevaerd. Já a primeira construção foi realizada com recursos arrecadados pela diretoria.
Após Ayres Gevaerd deixar o cargo por motivos de doença, Antônio aponta que assumiu a presidência da instituição diversas vezes. Durante sua primeira gestão como presidente, em 1991, foi construída a casa enxaimel que fica no local.
“Os recursos vieram do Ministério da Educação, quando Jorge Bornhausen era ministro. É uma obra difícil de se manter, mas é uma estrutura bonita e bem característica”, relembra.
Antônio ressalta que, apesar dos avanços, a Casa de Brusque passou por diversos desafios na arrecadação de recursos. O museu, inclusive, esteve por diversos anos fechado para manutenção. Então, ele detalha que a equipe sempre buscava apoio de empresários na cidade.
“Passamos por uma época muito difícil, quase fomos a falência. Eu tinha sempre um bom relacionamento, pois estava na associação empresarial [CDL]. Mas conseguimos sobreviver. Hoje ela está ali, a Casa de Brusque é muito rica em documentos e fotos, além de prestar um serviço ótimo, principalmente para as escolas”, completa.
Antônio também foi presidente da instituição entre 1996 e 2009. Na época, foi firmada uma parceria entre a SAB e a Prefeitura de Brusque, que passou a destinar um repasse mensal para manutenção, aquisição e restauração do acervo da sociedade.
Olhar para o futuro
Segundo o atual presidente do museu Casa de Brusque, Ricardo Vianna Hoffmann, a instituição representa uma grande importância para a região.
“Todo essa documentação, do início a história de Brusque, está sob responsabilidade do museu. Temos que sempre estar reverenciando Ayres Gevaerd, por esse cuidado e consciência de guardar os documentos e de preservá-los, como também as fotografias, os objetos e todo o acervo presente no museu. A importância disso é difícil de medir, o quanto isso vale e o quanto isso é importante para a memória de Brusque”, comenta.
Ricardo ressalta o impacto que todo o conteúdo para as atuais gerações e futuras. Neste sentido, agradece as empresas que colaboram com o museu, que foi se profissionalizando ao longo do tempo.
Assim, o presidente convida a população a se associar ao museu para contribuir com a manutenção e projetos futuros. Inclusive, adianta que a estrutura deve passar por mudanças significativas nos próximos anos.
“Com o projeto, que estará sendo lançado em breve, com toda a questão tecnológica, esperamos um museu muito moderno e que vai mudar muito a cara da Casa de Brusque, sua forma de apresentação”, finaliza.
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