Confira cronologia da cheia do rio Itajaí-Mirim
Rio atingiu seu pico máximo - 7,72 metros - na madrugada de quinta-feira em Brusque
As últimas horas foram de angústia e tensão para os moradores de Brusque e região. Desde o fim da tarde de quarta-feira, 21, com a previsão de que o rio Itajaí-Mirim poderia passar dos 8 metros, todos ficaram em alerta, acompanhando de hora em hora as medições realizadas pela Defesa Civil do município e torcendo para que tudo não passasse de um susto.
No entanto, com o passar das horas, as informações não eram as melhores. Por volta das 22 horas de quarta-feira, o rio Itajaí-Mirim atingiu a marca de 4,90 metros, e saiu da calha nas proximidades da ponte estaiada Irineu Bornhausen. As previsões da Defesa Civil mostravam que o pico máximo no município poderia alcançar entre 7,60 e 8,60 metros durante a madrugada, o que deixou toda a população, principalmente os moradores das áreas mais baixas, com a atenção redobrada.
Nas primeiras horas de ontem, a situação se agravou. O Itajaí-Mirim chegou a subir 40 centímetros em 30 minutos, e à meia-noite, a Defesa Civil registrou a marca de 6,38 metros. Pouco antes da 1 hora da manhã, o rio atingiu 6,80 metros, superando a marca registrada no fim de semana passado, que foi de 6,66 metros.
Para piorar a situação, a chuva voltou a cair em Brusque com força total, e deixou os moradores mais aflitos. Por volta da 1h10, o rio chegou a 6,97 metros e continuou subindo com muita rapidez.
A Defesa Civil, então, montou o primeiro abrigo na Arena Brusque, para onde foi levada uma família com seis pessoas, moradores do bairro Rio Branco.
A chuva não dava trégua e, pouco depois das 2 horas da manhã, o Itajaí-Mirim já registrava 7,38 metros. Neste estágio, algumas ruas do município começavam a sentir o efeito das águas.
Às 3 horas da manhã, o rio chegou a 7,70 metros e mais ruas foram afetadas, inclusive, nos bairros Rio Branco, Nova Brasília e Cedrinho. Às 3h20, o Itajaí-Mirim subiu mais dois centímetros e atingiu seu pico máximo: 7,72 metros. A partir daí, a chuva acalmou e o rio começou a estabilizar. Ele permaneceu nesta marca até as 5 horas da manhã, momento em que baixou para 7,70 metros.
No início da manhã, as águas estavam dez centímetros mais baixas. Ao longo da manhã, o rio continuou baixando e, por volta das 10h30, já estava em 7,10 metros. No entanto, no começo da tarde, com a continuidade das chuvas, o rio voltou a subir, e às 13 horas, registrava 7,14 metros.
Assim, a Defesa Civil divulgou uma nova projeção: o pico poderia acontecer entre 15h30 e 17h30, com a cota projetada entre 8 e 9 metros.
Durante a tarde, porém, o rio subiu mais devagar e, às 15h30, foi registrado pela primeira vez com 7,50 metros. Ele se manteve estável neste nível até próximo das 18 horas, quando começou a baixar. Por volta das 19 horas, o rio reduziu seu nível para 7,26 metros e, assim, a Defesa Civil informou que as condições favoráveis de vazão e o recesso das chuvas nos municípios fez com que o nível ficasse abaixo da projeção.
Durante a noite, o órgão informou que o rio continuaria baixando até próximo da meia-noite – às 20h50, o nível estava em 7h15 metros. Após isso, poderia voltar a subir, no entanto, sem risco de passar dos 7 metros, como aconteceu na madrugada anterior.
Níveis máximos do Itajaí-Mirim em Brusque
1984 – 10,30 m
2008 – 8,75 m
2011 – 10,03 m
2013 – 7,60 m
16/10/2015 – 6,66 m
21/10/2015 – 7,72 m
Até quinta-feira, 22, choveu 307 milímetros em Brusque
O mês de outubro já pode ser considerado um dos mais chuvosos dos últimos anos em Brusque. De acordo com dados repassados por Ciro Groh – que tem a réplica de uma estação meteorológica no bairro Rio Branco – do início do mês até ontem, já choveu 307,60 milímetros em Brusque.
Este volume é bem superior ao registrado em outubro dos anos anteriores. No ano passado, por exemplo, no mês todo choveu apenas 82,3 mm, três vezes menos do que o registrado neste ano. Em 2012, o mês de outubro teve 142,8 mm e, em 2013, 176 mm, ambos inferiores ao volume já registrado em 2015.
“É bom lembrar que o mês ainda não acabou, por isso, outubro deve fechar com um volume de chuva ainda maior”, diz Groh.
De acordo com ele, os dias que registraram o maior volume de chuva foi na sexta-feira, 16, com 48,50 mm; na quarta-feira, 21, com 42,40 mm e ontem, com 78,90mm. A Epagri/Ciram também divulgou o acumulado de chuva das últimas 48 horas. Segundo o órgão, em Vidal Ramos choveu 108mm; em Botuverá foi registrado 129mm; em Brusque a chuva foi de 124mm e, em Guabiruba, 85mm.
Mau tempo deve continuar
Meteorologista Ronaldo Coutinho afirma que a preocupação agora é com os deslizamentos
O mau tempo deve prevalecer em todo o estado nas próximas semanas. De acordo com o meteorologista Ronaldo Coutinho, a previsão é de mais chuva intercalada com períodos de melhora do tempo, principalmente hoje e amanhã. “Amanhã (hoje), deve ter chuva com períodos estáveis. A princípio, não será um grande volume, mas é preciso ter cuidado porque o sistema que está provocando isso é de vida curta, de 12 a 24 horas, e devido a isso, o tempo fica mais mal humorado, mas por enquanto, a parte mais chata está no Paraná”, diz.
Coutinho afirma que o sol até pode aparecer entre hoje e amanhã, mas com muita timidez. “Sol até pode ter nesta sexta-feira e sábado, mas aquele dia ensolarado, com o céu azul, ainda não tem previsão. O sábado pode ser um pouco melhor, mas não posso garantir que vai ser aquele dia bonito. Volta a chover no domingo e na segunda-feira”.
O meteorologista explica que esta instabilidade é uma característica da Primavera, no entanto, neste ano, está mais acentuada. “Nós estamos com mais entrada de umidade e os sistemas têm ficado mais parados. Ao invés de se deslocar com uma velocidade um pouco maior, é mais lento e acaba despejando muita água em pouco tempo”.
Embora haja previsão de mais chuva, Coutinho afirma que a atenção na região deve se voltar para o perigo de deslizamentos. “O risco é bastante alto porque vai demorar para o solo ficar enxuto. Por isso, é importante ficar alerta, principalmente, as áreas de encosta”.
O meteorologista explica ainda que o rio Itajaí-Mirim é age diferente do Itajaí-Açu, por isso, a população pode ficar mais tranquila com o risco de novas cheias. “O Itajaí-Açu é muito maior e tem muito mais água chegando. O rio em Brusque é um comportamento parecido com de montanha, o rio sobe e desce rápido. Para a cidade, o problema será o solo encharcado e as encostas. Por enquanto, não está indicando chuva fora do normal que possa provocar cheia no Itajaí-Mirim”.