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Conheça a história de Edgar, que contabiliza mais de mil gols no amador

Artilheiro chegou a atuar no esporte profissional e, aos 39 anos, ainda disputa salão, society e campo

Edgar Bertolini, ou só Edgar, tem perfume de gol. O centroavante grandalhão chegou a ser cinco vezes artilheiro do Campeonato Municipal de Futebol. Nas contas de amigos, passam de mil bolas na rede aplicadas pelo homem gol que hoje, no auge dos 39 anos, defende as cores da Abresc.

Mas esta é a primeira vez que ele atua no time do Águas Claras. A equipe a qual mais defendeu foi o Poço Fundo, porém, há passagens de ‘Edgol’ no Cedrense e no Carlos Renaux. O jogador também competiu como profissional, mas as melhores e mais saudosas memórias são do tempo em que ergueu troféus no Amador de Brusque.

Do colégio para o profissional
Foi na escola Ivo Silveira que Edgar marcou seus primeiros gols. Estudante, aproveitava os intervalos e as aulas de Educação Física para aprimorar suas habilidades como jogador de futebol. Logo chamou a atenção pela grande capacidade de botar a bola na rede, principalmente após participar de campeonatos escolares municipais e estaduais.

Ele lembra até hoje da primeira competição em que participou. “Fomos participar de um torneio no bairro Zantão, com a equipe do popular Beto Chaveiro. Foram apenas dois anos, mas duas vezes conquistamos o título. Depois disso comecei a jogar no Poço Fundo e foi só alegria”.

Os anos no Campeonato Amador e os números do artilheiro passaram a chamar a atenção de clubes profissionais de futebol. Em seu auge, atuou pelo Marcílio Dias, de Itajaí, e chegou a marcar na estreia do Campeonato Catarinense. Porém, uma lesão o prejudicou na carreira. Ele teve uma contusão na mão e ficou um ano sem voltar aos gramados.

No retorno, atuou no Inter de Lages, onde encontrou muitas dificuldades. O time não pagava o salário em dia e Edgar precisou voltar para casa. “É complicado, eu fui obrigado a trabalhar. A gente que tem filho e família não pode ficar aonde não recebe”, diz o atleta.

Antes de encerrar a carreira profissional, Edgar jogou ainda no Carlos Renaux no período em que o Vovô voltou para a segundona, e, por fim, foi atleta do Brusque. Apesar de o futebol ser a sua grande paixão, o centroavante precisou optar por outra carreira, e hoje é auxiliar geral em uma empresa têxtil.

Edgar chegou a ser cinco vezes artilheiro do amador. Foto: Cristóvão Vieira

Memórias de amador
Edgar é o popular ‘fominha’. Aonde tem campeonato, lá está ele – seja na quadra, no gramado sintético ou no campo. Natural que o atleta tenha muitas histórias para contar, mas uma se destaca: quando foi acusado de se vender para perder uma partida, e respondeu da melhor forma possível.

Em uma semifinal de campeonato entre duas grandes equipes, Poço Fundo e Cedrense, Edgar era vítima das fofocas. Nos bastidores, corriam boatos de que o camisa 9 havia cobrado uma grana por fora para fazer corpo mole e entregar para o Cedrense. No dia do jogo, que lotou o campo do Cedrense no Dom Joaquim, ele marcou três gols para o Poço Fundo, levou o time para a final e calou os que o questionaram.

A habilidade em marcar fez com que Edgar fizesse parte de um grupo seleto de atletas que ganhavam dinheiro para jogar. Na Liga Pomerodense de Desportos, por exemplo, ele chegou a ganhar R$ 400 por partida. “Eu nem saía de casa se não fosse pra receber. Hoje em dia, mais velho, é só na amizade mesmo”, diz.

O gol que Edgar não fez
Embora seja um goleador nato, Edgar também é lembrado – principalmente por quem quer pegar no pé do atleta – por um gol que perdeu. Em 2004, na primeira vez que Carlos Renaux e Brusque se enfrentaram na história, pelo Campeonato Catarinense Série B, Edgar foi derrubado na área e teve a chance de abrir o placar. Ele encheu o pé e bateu forte, mas mandou pra fora.

Imagens: TV Brusque

Sem nenhum ressentimento e rindo da memória, Edgar comentou os bastidores do que poderia ter sido o o gol de um brusquense contra o time do Brusque no estadual.

“Nos treinos eu sempre batia o pênalti. Cheguei a cobrar uns 50 pênaltis antes da partida, e acertei todos. No dia do jogo, quando eu estava aquecendo, eu vi meu pai atrás da trave, então fiquei pensando que se fizesse um gol iria lá abraçar ele. Aí eu tive a chance e já estava pensando nisso, mas acabei errando. Faz parte, só erra quem teve a chance”.