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Conheça a história de Elenilda, pedreira há 18 anos

Morando em Brusque há pouco mais de cinco meses, a pedreira aprendeu a profissão em seu estado natal, Alagoas

Assentar tijolo, fazer massa, reboco, serviços característicos da construção civil, são considerados trabalhos para homens. Não é o caso da pedreira Elenilda de Oliveira, 43 anos de idade.

Diariamente, ela divide as funções e faz o mesmo esforço físico que os colegas, todos homens, em um prédio em construção no bairro Paquetá, na cidade de Brusque. E faz com gosto e paixão pela atividade de pedreira, profissão na qual atua há 18 anos.

Começou fazendo uma casa pequena, para ela morar. Acabou gostando. Os vizinhos também e pediram apoio para alguns serviços. Elenilda se profissionalizou e decidiu que era nessa área que iria trabalhar.

“Comprei um terreninho de um amigo meu. Como não tinha condições de pagar pedreiro, eu mesma fiz. Aí esse meu amigo, que era mestre de obras, gostou e disse: ‘vamos trabalhar comigo?’. Eu disse: ‘bora!’”, relembra ela, relatando que, antes, trabalhou cerca de sete anos na agricultura.

Divulgação

Sonho era morar em Santa Catarina

Natural de Alagoas, foi lá que começou a exercer o ofício na construção civil. Experiência que adquiriu ao longo dos anos, na prática, e a credenciou a trabalhar em obras como a construção de moradias financiadas pelo governo.

Ela tinha o sonho de conhecer e morar em terras catarinenses. A convite de uma conhecida, decidiu se mudar para o sul do país. Em fevereiro deste ano chegou em Brusque, onde vive em uma casa alugada no bairro Águas Claras.

Trabalhar em um setor onde o predomínio ainda é masculino causa estranheza. Elenilda afirma que não foram poucas as vezes que precisou mostrar o talento que tem para poder ser respeitada no que faz.

“Quando você chega e fala, as pessoas desconfiam. Mas depois que enxergam tua capacidade, na prática, aí vai dando certo. Quando você é profissional e capacitado não sofre. Se você faz uma coisa que não gosta, fica ruim, pesado. Faço porque gosto”, conta ela.

Os pouco mais de cinco meses em Brusque têm sido realizadores. Elenilda achou que encontraria resistência, mas foi e está sendo bem recebida. Tanto que os planos incluem poder comprar a casa própria, ou construir, e sair do aluguel.

Setor ainda tem poucas mulheres atuando

Engenheira responsável pela obra em que Elenilda trabalha, Taiuane Bononomi Bianchini sabe bem como é o desafio de ser uma mulher a atuar em um meio onde a maioria são homens.

“No início, achamos que seria bem complicado. Tanto para mim quanto para a Elenilda. Mas o pessoal respeita bastante, tem muita compreensão”, relata ela, que comanda a execução dos trabalhos no local.

Levantamento preliminar feito pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brusque e região (Sintricomb) aponta que, apesar de em menor número, há outras mulheres atuando diretamente em funções antes ocupadas exclusivamente por homens. São serventes de pedreiro, pintoras, entre outras.

“Com tanto tempo que Elenilda está na atividade, isso mostra que é uma profissional com excelência que veio a Brusque. Tem espaço para as mulheres em todas as atividades da construção civil”, destaca o presidente do sindicato, Izaias Otaviano.


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