Conheça a história do pediatra mais antigo em atividade em Brusque

Cesar Tournier Elias atua há mais de 50 anos na área

Conheça a história do pediatra mais antigo em atividade em Brusque

Cesar Tournier Elias atua há mais de 50 anos na área

Em atuação desde 1972, quando iniciou a residência médica em pediatria, o doutor Cesar Tournier Elias, de 74 anos, conquistou diversos pacientes com o cuidado, carinho e atenção no exercício da profissão. Hoje, ele é o pediatra que tem o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) há mais tempo em Brusque.

Cesar nasceu em 1º de março de 1948, em Araranguá, no Sul do estado. Filho de Aziz Jorge Elias, já falecido, e Célia Tournier Elias, ele saiu da cidade natal aos 15 anos de idade para estudar em Florianópolis, por um ano, e em Porto Alegre (RS), por dois anos.

Arquivo pessoal

Após isso, retornou para a capital catarinense para estudar medicina na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele se formou em 1971 e, no ano seguinte, iniciou a residência de pediatria no Hospital Infantil Edith Gama Ramos, hoje chamado de Hospital Infantil Joana de Gusmão.

Durante as férias da residência, Cesar ficou por um mês em Brusque no lugar do pediatra Percy Sandoval Ribera. Contudo, em janeiro de 1973, após o fim da residência médica, ele recebeu o convite de Percy para os dois trabalharem juntos. “Ele me trouxe para cá e fez um ano de especialização em cirurgia pediátrica fora. Depois disso ele voltou, mas logo mudou-se para Joinville. Aí fiquei sozinho na cidade”, diz.

Luiz Antonello/O Município

Cesar recorda que, na época, havia apenas 15 médicos em Brusque. Porém, com a saída do doutor Percy, ele foi o único pediatra por um tempo. “Depois de um ano veio o doutor Otair Costa Swerts e trabalhamos um tempo só os dois no município. Hoje ele mora em Alfenas (MG), terra dele, mudou-se para lá após se aposentar”, detalha.

Com o passar dos anos, Cesar construiu uma carreira de sucesso em Brusque. Atualmente, ele reside com a família no bairro São Luiz e realiza atendimentos no consultório localizado no complexo do Hospital Imigrantes.

Ao olhar para trás, o médico reforça o apreço pelo município. “Brusque é a cidade que foi escolhida para eu morar aqui. É o melhor lugar do mundo para mim. Brusque me adotou e eu a adotei. Foi onde construí muitas amizades e é o lugar onde pretendo trabalhar até quando eu puder e tiver capacidade”, comenta.

Novo lar

Com a chegada a Brusque, Cesar começou a se estabelecer no município. Ele recorda que uma atividade pela qual se dedicava era em jogar futebol na Sociedade Esportiva Bandeirante. Por lá, fez muitos amigos.

“Eu era o penúltimo melhor jogador, quase o pior. Tinha um pior”, diz em uma risada. “Eu só batia bola lá, mas era toda quarta-feira. Me deu bastante entrosamento com a cidade, fiz contatos e amizades, nos divertimos muito”, relembra.

A recepção foi calorosa e Cesar começou a conquistar clientes, além de atender a demanda do doutor Percy.  Desde então, Cesar fez muitos atendimentos e, frequentemente, encontra algum ex-paciente na cidade, seja no supermercado, caminhando na rua e até mesmo na Fenarreco. “Clientes que tinham 10 anos quando cheguei, hoje tem 60. Muitos são avós. Eles trouxeram seus filhos, que trouxeram seus filhos depois, e aí foi. É um ciclo natural”, observa.

Primeiros anos como pediatra

Durante os primeiros anos em Brusque, o pediatra trabalhou no Hospital Azambuja e no Hospital Evangélico, que hoje é o Imigrantes. Ele também era pediatra da fábrica Renaux e no antigo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), quando atuou em um posto de saúde. Ainda, Cesar tem o consultório próprio desde 1974.

“Trabalhava no consultório, internação e berçário dos dois hospitais, era muito serviço. No final do dia atendia no consultório próprio. Tudo isso concomitante, tinha que correr das 7h até 23h. Eu e o Otair fizemos esses serviços por uns dez anos, depois começaram a chegar os novos colegas e começamos a dividir os turnos”, recorda.

“Foi sempre muito puxado. Mesmo com a vida de novos colegas, aumentava o serviço. Havia muito atendimento represado e a população procurava fora da cidade. Foi chegando os colegas e melhorando, hoje está muito mais tranquilo”, completa.

Desafios na história

Luiz Antonello/O Município

Nos últimos 50 anos, Cesar enfrentou diversos desafios, mas alguns marcaram mais a memória do pediatra. Segundo ele, o pior momento foi no início da carreira em Brusque, quando a cidade sofreu com o surto de meningite. Na época, a epidemia atingiu todo o Brasil e, no município, morreram muitas pessoas diariamente, entre elas muitas crianças.

“Foi desafiador, tivemos umas 100 mortes. Era difícil de lidar, pois tinha caso da criança que entrava no hospital andando e morria no mesmo dia. Era uma doença muito grave, graças a Deus, depois com vacinações, se tornou muito difícil ver casos de meningite”, conta.

Outro momento marcante foi o surto da Gripe A, a H1N1, em 2010. Recentemente, a pandemia do coronavírus também o afetou: César perdeu o cunhado, dois primos e a sogra para a Covid-19. “Fora as dezenas de pessoas conhecidas, entre médicos e clientes. Foi complicado, mas passamos por isso”, ressalta.

Família

Cesar conheceu a esposa Ana Regina Dutra Elias ainda em Araranguá. Ele tinha 15 e ela 14 anos quando começaram a namorar. Já em Brusque, casou-se em junho de 1973, no ano seguinte nasceu a primeira filha Vanessa.

Ela também se tornou pediatra, com especialização em neonatologia. Ela atua no consultório com o pai, além de atender no Hospital Azambuja e na Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis. A segunda filha do casal, Vânia, tornou-se advogada e trabalha em Brusque. A terceira, Patrícia, é psiquiatra e mora em Campo Mourão (PR). Ainda, Cesar tem quatro netos: Lara, Maurício, César e Daniela.

“Tivemos a sorte de morar em uma cidade boa, com população saudável, que recebe bem todas as pessoas que migraram para cá e é uma cidade que dá condições de exercemos nossa profissão. Temos liberdade e segurança. A gente espera continuar trabalhando”, finaliza.

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