“Tudo um dia tem fim”: conheça a história do Restaurante Schumacher, que encerrou as atividades em Guabiruba
Estabelecimento abriu as portas em 1962 e ficou conhecido pelo marreco recheado
A tradicional Churrascaria e Restaurante Schumacher, de Guabiruba, abriu suas portas pela última vez em 23 de dezembro de 2022. Após 60 anos de atividades, família Kormann, proprietária do estabelecimento, decidiu encerrar definitivamente o trabalho.
A decisão oficial sobre o fim do “Schuma”, como o local ficou conhecido, foi tomada em reunião da família realizada na quinta-feira, 19. Desde o fim do ano passado, havia um boato de que o tradicional restaurante encerraria as atividades, mas não se tinha a confirmação sobre o futuro do estabelecimento.
“Sempre fechava no fim do ano por umas duas semanas, e então meu irmão Valdir, que tocava o restaurante decidiu que não queria mais. Eu também já tenho uma certa idade e meus sobrinhos todos têm seus afazeres, e o restaurante é um compromisso. Não tem sábado, domingo ou feriado, então decidimos não abrir mais. Vamos colocar à venda”, afirma Orides Kormann, filho de dona Renata Schumacher Kormann, proprietária do restaurante.
“Para mim é triste passar aqui na rua e ver fechado, é uma sensação pesada, mas tudo um dia tem fim”, completa.
A história do estabelecimento mais famoso de Guabiruba iniciou em 1962, quando Osvaldo Schumacher abriu uma churrascaria onde servia galeto e churrasco. O novo restaurante começou a atrair não apenas os moradores da pequena cidade, mas principalmente, os de Brusque, que vinham sábado e domingo almoçar no local.
“Depois de um tempo, minha avó começou a fazer o marreco e o povo gostou, aí ela incrementou o macarrão, o chucrute, o eisbein e assim o restaurante foi ganhando uma clientela fiel”, conta Orides, ex-prefeito de Guabiruba.
Osvaldo tocou o restaurante por algum tempo, depois passou como herança para o filho Alcino. “Não deu mais certo e o meu avô então botou para venda”.
Quem comprou o restaurante em 1974 foram os pais de Orides: Renata Schumacher e Harry Kormann. “Meu pai trabalhou até falecer quatro anos atrás, e minha mãe até o começo do ano passado, com 89 anos. Ela precisou parar por motivo de doença. A vida dela toda foi aqui”, destaca.
Nos últimos anos, dona Renata comandava a cozinha. Fazia questão de ir para o restaurante bem cedinho todos os dias para organizar tudo, inclusive, na maioria das vezes, era ela quem fazia o fogo no fogão a lenha do restaurante. “As cozinheiras chegavam aqui às 7h para fazer o fogo e esquentar o fogão, mas quando elas chegavam a mãe já tinha acendido, ela gostava muito de fazer isso”.
Desde o afastamento de dona Renata, o restaurante estava sob responsabilidade do filho Valdir Kormann. Já Orides ajudava nos dias de maior movimento.
Lembranças
Mais velho de cinco irmãos, Orides tem muitas lembranças do restaurante. Ele começou a trabalhar no local com 11 anos, quando ainda estava sob a direção do avô.
“Eu entrei pra ajudar. Primeiro recolhia os copos, depois servia as pessoas. Eu fiquei até os 14 anos. Depois fui trabalhar na Iresa e então ia para o restaurante sábado e domingo. Assim foi até os 18 anos, quando resolvi viajar para a Alemanha. Fiquei anos fora e quando voltei, já era dos meus pais e eu ajudava nos fins de semana”.
No início, o ‘Schuma’ abria para almoço e jantar quase todos os dias. Com o passar do tempo, o restaurante diminuiu a frequência do jantar até servir somente almoço.
O maior movimento do restaurante sempre foi no fim de semana, principalmente no domingo. Com um salão com capacidade para 356 pessoas, aos domingos ficava praticamente lotado. “Lembro um ano no Dia das Mães que atendemos 485 pessoas. Era muita gente”.
Sucesso do Schuma
Após a entrada de Renata e Harry no negócio, o carro-chefe do restaurante se tornou a culinária típica alemã. O marreco recheado e o eisbein (joelho de porco) foram apreciados por muitas pessoas, não apenas moradores de Guabiruba ou de Brusque, mas de várias cidades do Brasil e até de outros países, que sempre saíam encantados com a hospitalidade do local e a boa comida.
Vários famosos tiveram a oportunidade de apreciar o marreco do ‘Schuma’ de Guabiruba, como o apresentador Ratinho, o goleiro Cássio, do Corinthians, a banda Mamonas Assassinas, quando se apresentou em Brusque em 1995, entre vários cantores e personalidades conhecidas.
“Sempre que vinha o governador, deputados ou outro político em Brusque, sempre traziam para comer aqui porque era o ponto turístico da cidade. Para nós sempre foi uma satisfação”.
Orides destaca ainda o sucesso do ‘Schuma’ com os moradores de Brusque. De acordo com ele, a maior parte dos clientes do restaurante sempre foi brusquense. Um orgulho para a família. “Sempre teve aquela conversa: o melhor marreco de Brusque se come em Guabiruba”, brinca.
Para Orides, o que mais fará falta será o contato com os clientes. “O que eu mais gostava era da clientela. Chegar e ver o cliente satisfeito, feliz. Cliente que você já sabe do que gosta, o que vai pedir, o que vai tomar. Muitos que eu colocava na cadeirinha quando eram crianças e depois eu colocava na cadeirinha os filhos e os netos deles. Atendemos várias gerações. É triste chegar ao fim, mas foi melhor assim”, diz.
“Gostaria de agradecer a todos os nossos clientes e também aos funcionários. Tivemos cozinheiras e garçons dedicados, que prosperaram com a gente, que já eram amigos da casa. Parabéns pelo trabalho que realizaram aqui durante todos esses anos”, finaliza.
Veja fotos
– Assista agora:
Conheça os pratos típicos e mais pedidos da Festa Pomerana, em Pomerode