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Conheça as experiências de brusquenses que investem na Bolsa de Valores

Investidores locais explicam riscos, prós e contras do mercado financeiro

Nos últimos dez anos, o número de investidores na bolsa de valores aumentou no Brasil. Segundo dados da B3, em abril deste ano foi atingida a marca de 1 milhão de pessoas físicas investidoras.

O número ainda é baixo, caso levar em consideração que representa um pouco mais de 0,5% da população total do país. Em comparação, nos Estados Unidos, 55% da população adulta investem no mercado de ações, segundo o Instituto Gallup.

Em Brusque, é possível encontrar investidores, como é o caso do bancário Cléber Pavesi, 22, que investe na bolsa de valores desde 2017. Segundo ele, a motivação veio com a baixa na taxa de juros.

“Os investimento na renda fixa acabam rendendo cada vez menos, o que obriga os investidores a investirem na renda variável”, explica.

De acordo com Pavesi, o tipo de investimento trouxe retornos. Em dois anos, teve 90% de rentabilidade. Mas também teve perdas.

Ele conta que traça um limite de até quanto está disposto a perder para almejar mais ganhos. Costuma investir a curto prazo, de dois a três meses. “Se deu a rentabilidade que eu esperava ganhar, eu vendo a ação, se não, mantenho”, conta.

O especialista na área Anderson Dorow começou a investir na bolsa por volta dos anos 2000, por intermédio de um professor da universidade onde cursava.

Dorow se inseriu no mercado financeiro. A motivação, para ele, era conhecer cada vez mais a área. Além disso, a possibilidade de se tornar sócio de grandes empresas do país também o motivou.

“Isso me trouxe uma alegria muito grande, de conhecer empresas fantásticas, que eu poderia ter acesso sem sair de casa”, conta.

Ele comenta que não é necessário ser rico para investir, porém é preciso conhecer previamente o mercado financeiro. Segundo ele, existem incertezas econômicas e financeiras que exigem habilidades analíticas de interpretação de dados.

“Como em um oceano, existem tubarões que podem te engolir, ou uma sardinha. É um meio muito predatório, se você não entender o mercado, ele pode te engolir”, ressalta.

Diferentes formas de investimento

Para Pavesi, o mercado tem muito potencial, por existir poucos investidores no Brasil. “Muitas pessoas tem medo de investir”, diz.

Em valores, ele lucrou até R$ 500 em apenas uma operação, que durou em torno de 12 dias. Mas já perdeu R$ 300, em um prazo de 20 dias.

“O meu principal objetivo de ganho é 30%, se eu perder 10% eu vendo a operação. Se não atingir a perda de 10% eu mantenho”, explica. Segundo ele, a técnica usada se chama “três para um”.

De acordo com Dorow, a técnica não é garantida, pois é possível perder muito mais do que ganhar. Ele incentiva o investimento a longo prazo. “A gente está vivendo um mercado de alta, então isso funciona, mas quero ver quando a bolsa descer, e ela vai descer”, alerta.

Nos negócios, Pavesi conta com o auxilio de uma corretora de contabilidade. “Mas muitas análises eu que faço, existem muitos sites com balanços e rentabilidade das empresas”, conta.

Segundo Dorow, quem está fora do mercado financeiro não tem muita ideia do que comprar, o que torna o investimento mais difícil.

“Existem várias regras, que funcionam muito bem na teoria, mas na prática é mais difícil de acontecer. As pessoas, psicologicamente, não costumam aceitar uma perda. E sempre há ganhos e perdas”, completa.

Poupança e Bolsa de Valores

Para Dorow, a forma de investimento depende do objetivo. Segundo o especialista, caso a pessoa tenha uma poupança anterior a 2012, antes das regras mudarem, valeria a pena deixar uma parte do dinheiro para uma reserva de emergência.

“Outra parte da reserva de liquidez, que é para você fazer frente aos imprevistos, pode-se usar Tesouro Selic, fundo DI com baixas taxas de administração e Fundos de Renda fixa, mas também com baixas taxas de administração”, explica.

Para ele, atualmente a poupança não é atraente. Porém, o investimento na bolsa se torna útil para longos prazos, de no mínimo dez anos.

“No curto prazo, é muito arriscado. Mas se você tiver um perfil agressivo e estiver disposto, você pode tentar, mas a chance de se frustrar é grande”, observa.

Prós de investir

Entre as vantagens, Dorow explica que é possível investir pequenas quantias. Também é possível fazer a compra de ações de casa e sem burocracia. Onde é possível abrir a conta em uma corretora autorizada, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e B3, sem custos.

“Investimentos com tranquilidade e conforto. Olhando a longo prazo, será necessário 15 minutos por mês para fazer os investimentos e que eles trabalhem ao seu favor”, conta.

DepositPhotos

Dorow indica conhecer e avaliar a empresa antes de investir. “Você vai comprar uma parte dela, pois você acredita que ela vai sobreviver por um bom tempo, que ela tenha ética, transparência e idoneidade”, explica.

Além disso, de acordo com ele, a segurança é forte no mercado financeiro. Corretoras de valores respaldam as ações.  Outro ponto a favor é o potencial de rentabilidade deste tipo de negócio, superior a um investimento um pouco mais conservador.

Contudo, Dorow volta a indicar que o mercado de ações é melhor para quem procura lucro após um longo período de tempo. Para ele, essa ideia traz mais tranquilidade nas ações, sem a ansiedade de olhar a bolsa todos os dias.

“Aí você percebe que, se todo mês você investir nas empresas que você acredita, a longo prazo você vai aumentando o seu patrimônio, para que, na terceira idade, você possa viver do esforço que fizer ao longo da vida”, completa.

Riscos do investimento

Dorow indica comprar ações de empresas que são atraentes, com credibilidade e que ela faça parte do conceito de vida do investidor. Entretanto, a incerteza de lucratividade é o que gera o risco e o medo das pessoas a entrarem no mercado de bolsa de valores.

Neste sentido, para ele, a principal desvantagem é que as pessoas acreditam e tentam acertar o tempo de entrar e sair da bolsa. “Elas não olham para o longo prazo, tem o imediatismo muito grande, por efeito da gratificação instantânea, um efeito psicológico”, explica.

Segundo ele, essa tendência faz as pessoas quererem o lucro muito mais rápido do que o ideal. “Isso leva o ser humano a tomada de decisões com racionalidade limitada ou irracionais. Não suporta a dor psicológica de ver uma oscilação dos preços na bolsa e acaba saindo dela ou de empresas boas, sendo que na verdade se deveria aceitá-las, pois isso é somente oscilação”, aprofunda.

Entretanto, de acordo com o especialista, o movimento de descida e subida é normal, chamado de volatilidade.

“Você só perde quando vende a ação. Quando a oscilação é para cima as pessoas tendem a vendê-la rapidamente, na tentativa de embolsar o lucro e sair do mercado financeiro feliz. Isso se chama efeito disposição”, pontua.