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Conheça brusquenses que foram campeãs do Mundial fut7 pelo Flamengo

Alice, Eliane, Miah e Rafaela perseveraram na carreira e foram coroadas

Conheça brusquenses que foram campeãs do Mundial fut7 pelo Flamengo

Alice, Eliane, Miah e Rafaela perseveraram na carreira e foram coroadas

Quatro brusquenses – algumas de nascença, outras de criação – foram campeãs mundiais com o time feminino de futebol 7 do Flamengo. O torneio foi disputado no Rio de Janeiro. As brasileiras venceram o Sassuolo, do México, por 9 a 4 na decisão, que aconteceu no último dia 23 de novembro.

Alice Tarter, 32 anos, Eliane Schossler, 31, Miah Oliveira, 33, e Rafaela de Aquino, 30, fizeram parte da campanha do título do time carioca. Apesar de várias similaridades nas trajetórias para insistir no esporte, elas viveram inícios diferentes na carreira até se juntarem à equipe vencedora do Flamengo.

“Tinha decidido parar”

Flamengo/Divulgação

Alice jogou futsal desde os 7 até os 18 anos, quando tomou a decisão de parar para focar nos estudos e trabalho. O fut7 foi um desafio da vida dela, que a levou de volta às quadras depois de dez anos parada.

Como atleta de futsal, atuou no antigo Cestão, no Barateiro, na Female, de Chapecó, e pela Malwee, de Jaraguá do Sul. No fut7, atuou no Atlético Catarinense, Avaí e Vasco, antes de ir ao arquirrival Flamengo.

“Eu tinha decidido parar de jogar por questões pessoais e comuniquei o Vasco. Na semana seguinte, o Flamengo entrou em contato comigo para fazer parte deste seleto time e eu não pensei duas vezes em aceitar”, conta.

Atualmente, ela não consegue viver apenas do salário que recebe como atleta e tem um mercado junto com a família. “Por justamente eu ter meu próprio negócio, cada vez fica mais difícil conciliar as duas coisas, mas tentarei continuar no esporte por mais um ano”.

“Valeu toda a luta”

Flamengo/Divulgação

Miah é natural de Curitiba e começou a jogar bola com os meninos na escola. Foi só quando ela se mudou para Brusque, em 1999, que ela encontrou outras meninas com interesse no esporte.

Depois de três anos jogando pela escola, ela e outras amigas montaram um time. Miah se destacou e chamou atenção da técnica do Marcílio Dias.

“Joguei muito bem o Catarinense, e o técnico do Avaí me chamou para integrar o time. Na época, estava acima do peso, mas me esforcei demais, meus treinos aqui em Brusque eram às 5h, balanceava minha vida com o treino”, lembra.

Assim como suas companheiras, ela saiu do Avaí e foi para o Vasco, que tinha o mesmo técnico. Ela, porém, não teve muitas oportunidades e acabou desistindo e saindo do clube em maio desse ano.

No mês seguinte, depois, ela recebeu um contato do presidente do futebol 7 e gestor de atletas. “Recebi uma mensagem que nunca vou esquecer. O Christian disse que estava montando o time do Flamengo feminino e que todo time precisava de um coração, e eu era ele, que não podia sem mim. Isso valeu tudo que tinha lutado até ali. Hoje, sou valorizada e principalmente respeitada por todo o time”, conta.

Miah conta que o Flamengo paga um salário para cada uma das meninas. Hoje, ela é responsável pela logística de torneios e pagamento do clube.

“Hoje, meu salário aumentou até mesmo por todas essas responsabilidades, que inclui muitas vezes o masculino. Não vou dizer que vivo disso, mas estou muito contente do andamento das coisas e como meu ano terminou. Com o título mundial, me senti parte de algo como nunca me senti na vida. Isso eu não troco por nada, chorei como um bebê”.

“Aproveitar ao máximo os momentos”

Flamengo/Divulgação

Eliane começou jogando futsal em Alecrim, sua cidade-natal, que fica no Rio Grande do Sul, quando teve a oportunidade de fazer parte de uma equipe de Itajaí, mas não conseguiu se manter por muito tempo no esporte.

“Infelizmente, financeiramente o esporte não me manteve e tive que parar e começar a trabalhar. Então comecei a aceitar convites para jogar por alguns times no tempo livre. Assim, veio o convite para o fut7, modalidade que conheci em 2019 e comecei a praticar”.

Hoje, Eliane, que é personal trainer, atua pelo MWFC, time de futsal de Brusque. Além disso, no fut7, ela passou por Atlético Catarinense, Avaí e Vasco, que encerrou suas atividades.

“Hoje no Flamengo, temos uma realidade um pouco diferente que a maioria dos times femininos. O preconceito é uma luta constante, reduziu a intensidade, porém sempre está presente. Insistem em falar que campo não é lugar de mulher”, conta.

Apesar dos percalços, ela se inspira em seus ídolos – Cristiano Ronaldo, Formiga e Jessica Getúlio, sua companheira de time – para perseverar no esporte.

“Infelizmente ainda não tenho como viver do futebol, tenho meu trabalho. Futebol é uma paixão que tento conciliar, mas pretendo jogar mais um tempo, aproveitar ao máximo todos os momentos”.

“Deixar um legado”

Flamengo/Divulgação

Rafaela começou no futsal aos 13 anos, mas, aos 18, já não conseguia conciliar o trabalho com as competições e acabou se afastando, continuando apenas a praticar por lazer.

Ela começou jogando futsal por Brusque, na época chamado de Cestão, e depois passou pelo Barateiro. Ela participou de Jasc e Olesc pelas duas equipes, e também representando Guabiruba.

A jogadora só voltou a atuar de forma séria em 2019, atuando uma temporada inteira pelo Atlético Catarinense, antes de jogar por Avaí e Vasco.

Rafaela ainda não consegue sobreviver apenas do esporte e trabalha como vendedora. Ela não sabe até quando consegue se manter ativa como atleta, mas quer fazer o seu melhor pelo esporte.

“O único plano que tenho para o futuro é deixar um legado. Estamos fazendo parte do primeiro projeto do Flamengo. Minhas companheiras Jessica Getúlio e Thais, além da Marina Hoher e Aninha, nossas rivais do Figueirense, são grandes inspirações, vivem e respiram a modalidade. Isso vai abrir muitas portas para as meninas mais novas. Espero que elas aproveitem isso da melhor maneira”.

Fazendo história

As quatro brusquenses estiveram presentes em um início espetacular da trajetória do Flamengo na categoria. No seu primeiro ano com um time de futebol 7 feminino, o Rubro-negro venceu, além do Mundial de Clubes, a Taça da Liga, a Super 7 Cup e a Copa da Liga e só perdeu uma única partida, para o Figueirense/PREC, uma das potências da modalidade, na final da Liga Fut7.

A equipe do Flamengo é formada majoritariamente por atletas do Vasco que deixaram o clube após o fim do projeto de fut7 feminino, com algumas contratações pontuais. Os treinos são realizados em Curitiba, pois a maior parte do elenco é de jogadoras da região Sul. A empresa SHC, que administra a equipe e paga as atletas, tem contrato com o time rubro-negro até 2023.

O diretor de futebol 7 do Flamengo, Bruno Gomes de Almeida, só tem elogios para as brusquenses. “A Miah é um braço-direito, resolve tudo, fica muito bem com esta parte da organização, e também é goleira. A Alice salvou uma bola em cima da linha na semifinal contra o Corinthians e fez gol no Mundial”.


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