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Conheça a crotalária, planta distribuída para ajudar no combate ao Aedes aegypti em Brusque

Apesar de não ter comprovação científica da eficácia, prefeitura aposta neste método para conter a proliferação do mosquito

O combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zica vírus e febre chicungunya, ganhou uma nova aliada em Brusque: a crotalária. A planta é originária da Índia e geralmente é usada como adubo verde em plantações e também no controle de pragas.

Sua flor de coloração amarela exala um odor que atrai as libélulas, que são predadores naturais do mosquito Aedes aegypti. Por este motivo, muitas cidades têm utilizado a planta como uma forma de combater o transmissor da dengue, apesar de ainda não haver comprovação científica de que a planta é mesmo eficaz no combate ao mosquito.

Várias crotalárias foram plantadas em terreno baldio na rua Francisco Sassi, no Jardim Maluche | Foto: Bárbara Sales

“A larva da libélula se alimenta da larva do mosquito da dengue e a libélula adulta se alimenta do próprio mosquito, por isso, acredita-se que pode reduzir o número de mosquitos, já que a libélula deposita seus ovos em locais de difícil acesso, como o Aedes”, explica a coordenadora do Programa de Endemias, Letícia Figueredo.

Em Brusque, o uso da crotalária iniciou recentemente, com a distribuição de mudas e sementes da planta fornecidas por Marcos Hilário Basso, morador da rua Francisco Sassi, no bairro Jardim Maluche.

Ele iniciou o plantio da crotalária há dois anos, após trazer as sementes da casa da mãe, que mora em Quilombo, no Oeste. “Eu plantei e também distribuí para os vizinhos. Também plantei no terreno baldio do lado da minha casa”.

Marcos Basso doou 50 mil sementes para a prefeitura | Foto: Bárbara Sales

O morador começou a pesquisar sobre a planta e descobriu que ela pode auxiliar no combate ao mosquito Aedes aegypti. “Vi uma reportagem que a planta funciona como controle de pragas e que algumas cidades estavam usando no combate ao mosquito da dengue. Comecei a prestar mais atenção e percebi que aumentou muito o número de libélulas aqui perto de casa onde eu plantei as crotalárias”.

O morador entrou em contato com o Programa de Combate a Endemias e ofereceu as sementes de suas plantas para doação. Foram entregues 50 mil sementes e algumas mudinhas da planta para a prefeitura.

“Temos relatos positivos de prefeituras que estão utilizando a planta para esta finalidade”, destaca Letícia.

Ciclo rápido

A crotalária tem um ciclo bastante rápido, ou seja, as sementes levam de três a quatro meses para florescer. A planta é de porte médio e pode chegar a cerca de um metro de altura. 

Letícia ressalta que a crotalária é de fácil adaptação e não necessita de muitos cuidados, basta plantar a semente em uma terra úmida para ela florescer.

Depois que as folhas secam, cada gominho dá em média 20 sementes | Foto: Bárbara Sales

Após florescer, a crotalária seca e então é possível pegar as sementes. Cada ‘gominho’ seco da planta gera em torno de 20 sementes.

“Acredito que não custa nada fazer um teste. Quanto mais métodos naturais utilizarmos, mais estaremos reduzindo os venenos. Seria bem interessante plantar a crotalária em terrenos baldios, perto de valas, praças para tentar reduzir o número de mosquitos”, destaca o morador.

Distribuição

As sementes e as mudas de crotalária estão sendo distribuídas pelos agentes de endemias, que fazem as visitas periódicas nas residências e comércios. “O agente está levando pacotinhos com as sementes e oferece para os moradores. Estamos com uma boa aceitação”, destaca Letícia.

Na terça-feira, 9, foi a vez da costureira Merli Schmoller, moradora da rua Pomerode, no bairro Santa Rita, receber mudas e sementes da crotalária para plantar em casa.

Merli recebeu um pacotinho com sementes e também mudas de crotalária | Foto: Bárbara Sales

A moradora sempre mantém os cuidados para evitar criar ambientes favoráveis para o mosquito da dengue em sua casa e não pensou duas vezes quando foi questionada se gostaria de receber as sementes da planta.

“Eu cuido muito, e mesmo cuidando, já foram encontradas larvas do mosquito aqui em casa. Por isso eu aceitei a doação, além de enfeitar o meu pátio, ainda vai proteger”, destaca.

As sementes também estão sendo distribuídas nas escolas do município. Quem quiser as sementes pode entrar em contato com o Programa de Combate a Endemias pelo telefone: 3110-1017.

Números da dengue em Brusque

Neste ano, já foram encontrados 648 focos positivos do Aedes aegypti em Brusque. Os bairros com mais focos são Jardim Maluche e Águas Claras.

Já os bairros considerados infestados pelo mosquito são Santa Rita, Santa Terezinha, Nova Brasília, São Luiz, Steffen e São Pedro.

A coordenadora do Programa de Combate a Endemias destaca o grande número de focos encontrados no município em menos de três meses. “Em 2020 tivemos 1.439 focos. Neste ano já passamos de 600. Desde 2016, a cada ano, estamos tendo um aumento considerável na incidência do mosquito, por isso, iniciativas como esta são importantes”.

O município tem 14 casos suspeitos da doença e outros três já confirmados.

Cuidados devem ser mantidos

Letícia ressalta que apesar da experiência com a crotalária, é fundamental manter os cuidados já conhecidos de combate ao mosquito, como manter os pátios, quintais e terrenos sempre limpos e não deixar água acumulada.