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Conheça em detalhes o projeto de revitalização da rua Azambuja, que tem até teleférico

Projeto é de autoria do IAB - Núcleo Brusque e depende parcerias para ser executado

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) – Núcleo Brusque apresentou o projeto de ressignificação urbana do Distrito de Azambuja neste sábado, 22. Na prática, a proposta é uma revitalização completa da rua Azambuja e arredores, com o intuito de levar, novamente, mais pessoas para esta região da cidade.

A proposta começou a ser elaborada por arquitetos do IAB local há cerca de um ano em reuniões periódicas. Os arquitetos Karol Carminatti, Gisele Vanelli e Elaine Knihs são os autores, mas outros 17 profissionais colaboraram.

O projeto extenso e inclui teleférico, criação de um caminho de peregrinação e diversas mudanças na fachada e no perfil da rua. A primeira proposta é a criação do Distrito de Azambuja. Segundo Carminatti, um dos motivos que levaram a rua a perder tanto o prestígio de outros tempos é que ela está desconectada do Centro e recebe menos atenção do poder público.

Na avaliação do arquiteto, se o distrito for criado, os moradores e comerciantes terão como reclamar e pedir melhorias mais facilmente. Um distrito conta com uma subprefeitura ou intendência, ou seja, um representação da prefeitura no local.

Carminatti reconhece, no entanto, que o caminho para isso é burocrático e depende da Câmara dos Vereadores aprovar a criação do distrito. Por trazer custos ao Executivo, esse tipo de matéria só pode ser apresentada pela prefeitura, se tiver interesse.

Carminatti apresentou durante uma hora, no Teatro de Azambuja, o projeto. Um dos principais pontos é que o turismo religioso deverá ser incentivado. A proposta do IAB é que seja criado o Caminhos da Fé: um trecho com 15 estações entre a Paróquia São Luís Gonzaga, no Centro, e o Santuário de Azambuja. A escolha por 15 estações, explica Carminatti, é devido à via crucis.

Os arquitetos também propõem que um teleférico seja instalado ligando a antiga Schlösser, na área comprada pelo empresário Luciano Hang, ao Morro do Rosário. “No meio do caminho, terá uma parada para as pessoas descerem para comer, comprar e conhecer”, explica Carminatti.

Ele conta que a ideia do teleférico surgiu entre os arquitetos. Ousada, como ele mesmo admitiu durante a apresentação, a proposta foi bem aceita pela comunidade e empresários. O objetivo é fazer o fluxo de pessoas em Azambuja aumentar, e o teleférico seria uma forma de fazer isso.

A inspiração para o teleférico veio do Santuário de Santa Paulina, em Nova Trento. Por lá, o teleférico fechou. Mas para Carminatti, a estrutura neotrentina não tinha atrativo, pois não ligava locais movimentados e interessantes.

No caso de Brusque, o centro cultural planejado pelo empresário Hang e o Morro do Rosário seriam atrativos para os turistas, na avaliação dos arquitetos.

Ruas amplas
A proposta exposta à comunidade é de uma mudança no perfil da rua Azambuja. Hoje, a via tem vários trechos com diferentes características. Alguns são mais estreitos, outros, mais largos. Há locais com calçadas amplas e outros, com quase nada.

No projeto do IAB, a rua Azambuja teria 1,80 metro de calçada, que seria usado não apenas para este fim. Serviria também para os recuos de ônibus, bicicletários e colocação de mesas e cadeiras. “Esses 1,80m fazem toda a diferença na rua”, afirma Carminatti.

Para conseguir os 1,80m, o espaço para os carros necessariamente terá de ser reduzido. A proposta é que sejam feitos prédios-garagem.

O IAB também propõe que os prédios sejam limitados a quatro andares. Na avaliação de Carminatti, Elaine e Gisele, não é viável que a rua tenha edifícios maiores, pois prejudicaria a mobilidade – com mais moradores – e a chegada do sol ao vale.

O projeto inclui também mais praças. No sábado, o IAB fez um evento na única praça da rua e, segundo Carminatti, diversas pessoas contaram que gostariam que houvesse mais espaços públicos para passear e levar as crianças.

Segundo Carminatti, a proposta foi apenas apresentada pela primeira vez à sociedade. Ela continuará em discussão e poderá ainda ser alterada. O IAB somente desenvolveu a proposta, já a execução depende apoiadores.

Apoio empresarial
A rua Azambuja está entre as mais importantes da história de Brusque. Foi em torno dela que a economia da cidade girou por décadas. As confecções funcionavam na via, assim como vários centros comerciais que fervilhavam com turistas nas décadas de 1980 e 1990.

Na metade final da década de 1990, os centros comerciais na rodovia Antônio Heil apareceram. Isso afastou os turistas de Azambuja, que viu várias empresas falirem. Nos anos 2000, a rua não era nem sombra do que fora.

O diretor administrativo da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque (Ampebr), Silvio César Gonçalves, diz que a Ampebr propôs ao IAB a criação do projeto devido à importância histórica da rua.

Ele destaca que a própria Ampebr surgiu do comércio da rua Azambuja. A Ampebr também apoiará o projeto, na busca por recursos para torná-lo realidade.

“Esperamos também que tenha adesão de outras associações comerciais e do poder público, porque vai ser um projeto para o bem da comunidade em geral, não só Azambuja”, afirma.

A presidente do núcleo local do IAB, Cristiane Bértoli, diz que um dos objetivos do IAB é o lado social. A elaboração do projeto voluntariamente é uma contribuição para a comunidade. “Se a comunidade aceitar essa intervenção do IAB, é possível que o instituto faça isso em outros locais, colaborar com a cidade de várias formas”.

Conheça alguns detalhes do projeto

O projeto é bastante extenso. Ele inclui não só grandes intervenções, como calçadas e o teleférico, mas também pequenas, por exemplo, cores para as fachadas de prédios e comércios.

Há detalhes mais técnicos, por exemplo, os prédios não poderiam ter a garagem no térreo. O primeiro andar seria apenas para comércios. A ideia é que a rua volte a pulsar com o turismo religioso e o comércio local.

 

Fotos: IAB – Núcleo Brusque/ Divulgação

Uma das propostas é que a via ganhe mais espaço para as pessoas. O estudo do IAB apontou que 69% do espaço é usado por veículos na rua. Para mudar, seria necessário transformar a via em pista simples nos dois sentidos e algumas vagas de estacionamento seriam perdidas.

Com mais espaço nas calçadas, a ideia é que o espaço seja usado para eventuais vagas de estacionamento, mas também para a arborização. Segundo Carminatti, a presença de árvores é um ponto importante para mudar a paisagem.

As novas calçadas seriam todas padronizadas e acessíveis aos portadores de necessidades especiais. As faixas de pedestres também seriam lembradas, para facilitar o fluxo para o comércio.

Uma das ideias e usar áreas grandes, por exemplo, o antigo Centro Comercial Schulenburg, como praças para a comunidade local e turistas.

A proposta do IAB também contempla prédios com telhados verdes, ou seja, jardins no telhado. Para os arquitetos, melhoraria a visão de quem estiver no teleférico.

A revitalização deve mudar a cara da rua. Essa é uma comparação do mesmo ponto da via feita pelo IAB.