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Conheça a história de Eduardo Gohr, diretor de futebol tetracampeão do Amador

Dirigente com vários títulos no currículo, Gohr guarda memórias de Americano e Angelina

Em dois cadernos cheios de anotações, Eduardo Gohr guarda um legado de conquistas no Municipal de Brusque. São os resultados de cerca de 15 anos dedicados aos bastidores da bola, cumprindo uma das funções mais fundamentais de uma equipe amadora: diretor de futebol.

Gohr tinha a responsabilidade de formar os plantéis e organizar tudo o que fosse extracampo para que os times só tivessem a preocupação de entrar em campo e jogar bola. Foi assim que ajudou Americano, extinta equipe brusquense dos anos 1990 a qual foi um dos fundadores, e também Angelina a fazerem história.

Desde que ajudou a criar o Americano, em 1989, até sua última participação no clube do bairro São Pedro em 2004, todos os resultados estão devidamente anotados, além de uma lista de dados com artilheiros e jogadores que mais atuaram, prova do carinho e do saudosismo que tem pelos tempos áureos do futebol municipal.

Das estradas para o futebol
Antes de entrar para o mundo do futebol amador, Gohr já era conhecido no município pelo grande desempenho no ciclismo. Nos anos 1980, era integrante de um dos mais importantes plantéis da modalidade, a equipe da Schlösser. Mas, em 1988, decidiu parar de pedalar e, no ano seguinte, com a ajuda de dois amigos da época, formou o Americano.

A equipe disputou, em 1989, seu primeiro campeonato. Foi uma competição interna do bairro Limeira. A partir daí tomaram gosto pelo futebol e, em 1990, decidiram entrar no campeonato da Associação de Futebol Amador de Brusque (Afab), um torneio alternativo à Liga Desportiva Brusquense (LDB), que cobrava um valor alto pela participação e federação de atletas. Isso fazia da Afab um evento mais atrativo às equipes modestas.

Depois, com a unificação da Afab e da LDB, o Americano chegou a ser campeão da segunda divisão, em 1996. “Eu me inscrevia sempre como atleta, cheguei a atuar em alguns jogos, mas o meu principal trabalho mesmo era nos bastidores, cuidando da equipe. Era meu perfil, sempre tomar a frente da organização das coisas”, explica.

O auge do Americano foi 1997. A equipe finalmente disputou a primeira divisão da liga, e conquistou uma histórica terceira posição. Para um clube sem sede – que mandava jogos no campo do Guabirubense – foi um grande feito, que comprovou a força e a união do grupo. Nos dois anos seguintes, o Americano não disputou a LDB e, em 1999, a equipe foi extinta.

Chegada ao Angelina
Com o trabalho de dirigente reconhecido, foi questão de tempo para que acertasse com o clube o qual faria história. “Cheguei no Angelina a convite do volante Clovis Boos, que era meu amigo pessoal e foi jogador no Americano. Ele deu essa ideia para o presidente do clube, Marcio Angioletti, que junto com o vice Fabio Zimmermann decidiu pela minha vinda”.
Começava, portanto uma das parcerias mais vitoriosas do esporte amador de Brusque.

“Sempre consegui montar um bom ambiente. Eu pensava no grupo, abria mão de alguns grandes jogadores porque eram individualistas. O segredo do amador é identificar pessoas que você terá certeza de que serão comprometidas com o seu clube”

Gohr fazia as vezes de um dirigente onipresente, e que não media esforços para formar o melhor time possível. “Cheguei a ir até Camboriú para acertar a contratação do Marcos Severo, um atacante ex-Grêmio. Também consegui trazer o técnico Zé Aurino, o que não foi fácil, porque ele estava no Cedrense, na época maior rivalidade do Angelina”.
Com um elenco repleto de galácticos – incluindo a dupla de zaga Solis e Rodrigão, ambos ex-Brusque – Gohr ajudou o Angelina a conquistar o tetracampeonato consecutivo, entre 2001 e 2004. “Em 2002 o Angelina decidiu não investir no futebol, esclareci aos jogadores que não poderíamos pagar ninguém, e mesmo assim todos decidiram permanecer, sem receber nada. Fomos campeões invictos daquele ano”, relembra.

Gohr afirma que, embora cuidar do time tenha sido um árduo trabalho, o grupo facilitava todo o processo. “Sempre consegui montar um bom ambiente. Eu pensava no grupo, abria mão de alguns grandes jogadores porque eram individualistas. O segredo do amador é identificar pessoas que você terá certeza de que serão comprometidas com o seu clube”.