A ideia partiu de Eulália, uma das filhas de Antônio. Muito jovem, ela teve a percepção de que o negócio poderia prosperar de outra forma.

Eulália trabalhou no local durante mais de 40 anos. Ela ficou à frente da loja de 1945 até 1988. Para a época, em pleno anos 1940, uma jovem comandar os negócios da família era um grande feito.

Eulália era a responsável por gerenciar o negócio e durante muitos anos, fez questão de fazer a compra dos calçados para a loja. “Eu trabalhei na loja também e às vezes a gente brigava porque eu queria comprar, mas ela dizia que não, que era ela que conhecia e sabia tudo”, conta.
Seu Erico recorda ainda que Eulália falava alemão fluentemente e isso atraiu muitos clientes para a loja na década de 1940. “Na guerra, quando era proibido falar alemão, as pessoas vinham comprar na loja por causa dela. Por que ela falava alemão. As pessoas gostavam”, recorda.

Erico conta que Eulália casou cedo, mas pouco tempo depois ficou viúva. Mesmo no momento difícil, ela não deixou de trabalhar. “Naquela época, tinha que guardar o luto por um ano. Então ela só usava roupa preta. Ia para loja toda de preto”.

Em 1988, aos 66 anos, ela deixou o negócio da família, mas a sua história frente a loja ficou na lembrança de muitos clientes e também dos familiares. “Hoje é normal a mulher trabalhar fora, ser líder, mas naquela época isso quase não acontecia. Ela foi uma pioneira, lutou e trabalhou muito. Com certeza, uma grande mulher”, destaca Erico.

Eulália faleceu em 2005, aos 83 anos.