Conheça o dicionário de “guabirubês” criado por alunos da oficina de escrita literária
Alunos coletaram os termos e produziram o dicionário que foi lançado na última semana
Alunos coletaram os termos e produziram o dicionário que foi lançado na última semana
“Por que não criamos um dicionário de Guabiruba?” foi após essa frase do aluno Enzo Michael Debatin, em uma oficina de Escrita Literária, que os alunos desenvolveram um projeto que reúne os termos e expressões usados no município. O Dicionário em Guabirubês, como foi intitulado, busca enaltecer a cultura de Guabiruba, preservar a linguagem popular, além de homenagear e valorizar a história da cidade.
Organizado e orientado pela professora Méroli Habitzreuter, o dicionário é de autoria dos alunos Amábile Estéfani Bittelbrunn, Enzo Michael Debatin, Isadora Loffhagen e Marjorie Fernandes Cordeiro.
Após a sugestão, todos os alunos da oficina abraçaram a ideia. O dicionário reúne diversos termos que foram coletados pelos estudantes em conversas com familiares mais velhos, como os pais e avós.
O dicionário traz alguns expressões, sons onomatopeicos, palavras e o uso em conversas. A obra tem 70 páginas e traz os números no rodapé da página, além de mostrar como se escreve em alemão e italiano, duas culturas muito fortes em Guabiruba.
Na parte de expressões são apresentados alguns termos com exemplos de aplicabilidade como, por exemplo, besta-quadrada: “mais tu éis mesmo uma besta quadrada né?”, que significa que a pessoa é muito boba. Também há uma parte de pronúncia, exemplo é a palavra ‘cuarda’, que é utilizada quando se pede para alguém guardar algo. Os sons onomatopeicos mostram como se fala e o significado, exemplo é o ‘kéé’, que serve como um substituto do né.
Em palavras, o leitor é apresentado a alguns termos como abobado, aipim, bicheira, bocó, capenga, cuga, friagem, estimada, galega, galhudo, neni, opa e oma, pereba, pila, schmia, schnequinha e muitos outros. Na parte de conversando são apresentados os usos dos termos na prático com algumas conversas para exemplificar.
“Publicar o ‘Dicionário em Guabirubês’ é incrível, porque ele contribui na preservação da linguagem popular da nossa cidade, que é um dos mais importantes patrimônios culturais imateriais que possuímos, enquanto comunidade. A forma como falamos é única e riquíssima e não nos faltou motivos para homenagear e valorizar os guabirubenses e compartilhar tudo isso através do E-book fantástico que produzimos”, conta com alegria a professora.
O lançamento do livro ocorreu no dia 24 de agosto durante a quinta edição da Mostra de Arte e Cultura, realizada nos bairros de Guabiruba.
O projeto começou em junho de 2022, dentro da oficina, enquanto os alunos trabalhavam a temática de interpretações de textos com apoio do Dicionário Schifaizfavoire, do escritor brasileiro Mario Prata.
Depois disso os alunos colocaram a mão na massa e se emprenharam para reunir as expressões, sons onomatopeicos, palavras e conversações. A professora estima que essa parte levou cerca de duas a três aulas, visto que boa parte era produzido pelos alunos em casa, durante o tempo livre. A criação dos significados levou o mesmo tempo.
“Desde a coleta dos termos, a construção dos significados e a elaboração das apresentações foi muito divertido e instigante. Eu acho que a parte mais bacana, justamente foi a de ‘relembrar’ os termos”, comenta a professora de escrita literária.
A capa do dicionário é uma obra, intitulada “Tuto Xunto”, que foi criada pelas alunas da Oficina de Pintura em Tela e aproveitada para o projeto gráfico do dicionário. A edição, que ficou por conta da editora independente de Méroli e aconteceu durante o mês de agosto; as contribuições dos revisores, tanto de português, pelo Tony e pelo Kdu, quanto das expressões vindas do alemão, pela Emília, aconteceram na semana do lançamento. A Biblioteca Municipal de Guabiruba ainda auxiliou com os custos de registro da obra e também com a confecção da ficha catalográfica.
Para a professora, o projeto é importante para registrar e valorizar a cultura da cidade, seja ela material ou imaterial. “Iniciativas como esta, demonstram como podemos através da literatura criar vieses inovadores para se promover a nossa cultura e também como a escrita e o livro são ferramentas eficientes para todo este processo”, salienta.
Ela também frisa a importância de aumentar as publicações locais e publicar autores iniciantes, como é o caso dos autores do dicionário.
A professora comenta que todos os dias aparecem termos novos e mais inusitados. Agora com a contribuição dos novos alunos da oficina de Escrita Literária, a turma já trabalha na segunda edição do dicionário. A capa também será elaborada pela oficina da Fundação Cultural de Guabiruba para a base do projeto gráfico do próximo volume. “Agora contando com a contribuição dos novos alunos da Oficina de Escrita Literária deste ano será ainda mais incrível. Estamos na fase de produção dos significados”.
A professora ainda acrescenta que alguns termos que se destacam para ela são: “leva o neni”; “mécale”; “xucro”; “deu cria”; “komm”; “tá nas última”; “dessa semana não passa”; “mulher do céu”; “oh, mas sabes?”; “garrafada”; “pila”; “me vê”; “trocado”; “snéca da couve”; “mijo de rato”; “tu tais cheio já”; “tonga velha”; “rááá”; “mai tamém”; “esmuntsale”. “É muito pessoal. As pessoas se identificam conforme acabam relacionando com o seu dia a dia ou com o uso que fazem das expressões em suas vidas. Mas de modo geral, todas elas estão causando”, finaliza.
Confira a versão digital do Dicionário em Guabirubês em: merolih.wixsite.com
A Oficina de Escrita Literária é promovida pela Fundação Cultural e quem deseja participar das oficinas, deve entrar em contato com a Fundação através do WhatsApp (47) 3308-3114 para confirmar e verificar a disponibilidade de vagas.
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