Conheça o kefir, bactéria cultivada em casa que traz benefícios para a saúde
Grãos do microrganismo só podem ser doados; redes sociais contam com vários grupos de doação
O kefir – colônia de microrganismos benéficos para a saúde – é o novo queridinho daqueles que optam por uma alimentação funcional. Composto por partículas brancas e gelatinosas, que são chamadas de grãos de kefir, contém bactérias, leveduras, proteínas e açúcares complexos.
Proveniente do Oriente, os grãos do kefir fermentam em leite animal ou vegetal (leite de coco, soja) e há tipos que se desenvolvem somente na água. Essas bactérias responsáveis pela fermentação produzem substâncias que chegam vivas ao intestino, os chamados probióticos.
“Ele atua aumentando no intestino a colonização de bactérias boas, os chamados ‘soldados bons’ e, com isso, matam as bactérias ruins que causam doenças e pioram quadros inflamatórios”, explica a nutricionista Ariane Serpa.
De acordo com ela, o kefir pode trazer muitos benefícios para a saúde, desde o aumento de imunidade, melhora do trânsito intestinal até redução de alergias e redução de inflamação, diminuindo o peso indiretamente.
A nutricionista recomenda aos seus pacientes o consumo dos microrganismos, principalmente em casos onde a pessoa não tem nenhuma restrição alimentar. “O kefir de leite fica muito parecido com o iogurte cremoso, com a vantagem de ter inúmeras bactérias boas e, além disso, a lactose encontrada no leite é digerida por essas bactérias, tornando o iogurte ou leite de kefir de fácil aceitação”.
Para pessoas que têm algum tipo de intolerância, é possível cultivar o kefir na água com açúcar mascavo e o consumir puro ou em sucos naturais.
Cultivo do kefir
O cultivo dos microrganismos é caseiro e, se bem cuidado, não acaba nunca, já que ele vai se desenvolvendo cada vez mais. Por norma, a sua aquisição é feita por doação, ou seja, através de um pedido a alguém que já o tenha. Nas redes sociais, há diversos grupos de pessoas que cultivam a bactéria e fazem a doação.
A enfermeira brusquense Evelise Maluche Schaefer, 57 anos, é uma das que participa dos grupos nas redes sociais. No anos 80, quando fazia faculdade em Florianópolis, ela já consumia o kefir.
Depois de um tempo ela parou e, há cerca de três meses, voltou com o cultivo dos microrganismos em Brusque. Nesses três meses de uso, ela já doou suas ‘mudas’ de kefir para quatro pessoas, inclusive de Itajaí. “Tenho o kefir de leite e o de água. Eu prefiro o de água porque a gente faz com açúcar mascavo, ele se alimenta do açúcar, fermenta e fica muito gostoso”, diz.
Quem também é adepta do consumo do kefir é a arquiteta Bruna Dell’agnolo, 27 anos. Ela começou a cultivar o microrganismo há cerca de um ano, quando ganhou um pote de vidro com bolinhas transparentes imersas na água, após comentar que sofria com problemas intestinais.
“O meu kefir é de água, pois achei o mais simples de cultivar e mais saboroso. Já cultivei o kefir de leite, leite de coco e outros tipos de bactérias, algumas acabaram morrendo e outras não agradaram meu paladar”, conta.
Em um ano, Bruna já realizou dez doações de kefir. Ela já sentiu os benefícios na regulação de seu intestino. “De imediato, é o único resultado visível”, afirma.
A costureira Nadja Alessandra Agostini cultiva o kefir de leite. Ela ganhou a ‘muda’ de uma colega de trabalho de seu marido há oito meses e também já percebe a diferença em seu organismo, principalmente no funcionamento do intestino.
“É um processo trabalhoso, tem que ter cuidado, mas vale muito a pena, principalmente diante de tantas doenças que temos hoje. Vejo como uma forma de prevenção”, afirma.
Modo de cultivo
A preparação do kefir é relativamente simples, mas requer alguns cuidados. Após receber a ‘muda’, deve-se colocar os grãos de kefir com leite ou água, num recipiente de vidro (até encher aproximadamente ¾ do frasco).
Depois, é só deixar à temperatura ambiente e aguardar cerca de 24 horas para que a fermentação ocorra. Passado este período, só precisa coar o leite ou a água para ingerir.
É preciso atenção para não usar instrumentos metálicos para coar o kefir. Retirados os grãos, só precisa colocá-los num novo recipiente com leite ou água e retomar o processo inicial.
A nutricionista lembra que como o modo de preparo é deixar o produto em temperatura ambiente, em lugares mais úmidos e quentes, o kefir pode se tornar embolorado ou estragar mais rapidamente. “Com isso, se a pessoa consumir, poderá alterar o trânsito intestinal e levar até quadros de diarréia. Neste caso, deve ser descartado o produto”.
Ariane alerta ainda que pessoas que tem um trânsito intestinal regular, começam a consumir o kefir e notam uma aceleração aumentada, também devem evitar o consumo e esperar o trânsito intestinal normalizar.