Conheça o setor calçadista de São João Batista, que comemora 59 anos nesta quarta-feira
Cidade é o quarto polo de calçados do Brasil e o maior do estado
Cidade é o quarto polo de calçados do Brasil e o maior do estado
Maior polo calçadista do estado e o quarto maior do país, São João Batista comemora hoje 59 anos de emancipação político-administrativa. Ao longo das últimas três décadas, a cidade desenvolveu a sua inclinação para o setor e atualmente vende produtos para todos os estados do Brasil e, até mesmo, para outros continentes.
São João tem cerca de 34 mil habitantes, conforme estimativa de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, quase um quarto da população trabalha em empresas calçadistas ou em fábricas de componentes e acessórios para calçados – aproximadamente 8 mil pessoas.
Com um percentual tão alto da população trabalhando no ramo calçadista, a economia consequentemente é sustentada por este segmento. Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, cerca de 80% da economia municipal gira em torno de fábricas de calçados e componentes.
Segundo o Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista (Sincasjb), o município é o quarto maior polo produtor de calçados do país e o maior de Santa Catarina. Os produtos são vendidos para todo o Brasil, América Central e, em menor volume, Europa.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Plácido Vargas, diz que, embora seja o quarto polo calçadista do país, a cidade, provavelmente, detém o título de maior polo de calçados femininos. Segundo ele, praticamente 99% do que é produzido em solo batistense são sapatos para mulheres.
A pesquisa sobre o maior polo calçadista feminino do país não existe oficialmente, mas é uma avaliação de Vargas, que também é empresário e foi fundador e primeiro presidente do Sincasjb.
Segundo o Sincasjb, são produzidos mensalmente 2,4 milhões de pares de sapatos nas cerca de 150 empresas do ramo da cidade. Hoje, pensar em São João Batista sem as fábricas de sapatos é impossível, por isso o poder público e o empresariado têm trabalhado para que os produtos batistenses sejam competitivos.
Calçado da moda
Plácido Vargas diz que a indústria calçadista de São João Batista não quer concorrer com produtos chineses, indianos ou de menor qualidade. “O nosso setor calçadista está se sobressaindo por produzir calçados com maior valor agregado”.
A aposta na qualidade em vez de quantidade justifica-se para o município, que foi atingido pela crise econômico, sobretudo desde 2015. O presidente do Sincasjb, Almir dos Santos, diz que a sobrevivência do município como polo no país deve-se à sua capacidade inovação e no investimento em sapatos com design e matéria-prima de maior qualidade.
A cidade é a casa de empresas reconhecidas nacionalmente, mas para conseguir mostrar toda esta produção, o Sincasjb resolveu apostar em feiras como a SC Trade Show – 25ª rodada de negócios, que será realizada em novembro, em Balneário Camboriú.
Ações como esta fortaleceram o setor. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, foram geradas 657 vagas de trabalho entre janeiro e maio deste ano – o último dado disponível.
Segundo Santos, São João Batista se desenvolveu, nos últimos anos, também como um polo de componentes para calçados. Solados e outros itens são produzidos na cidade e revendidos para cidades e estados.
A diversificação do setor – indo além da confecção de sapatos – também é um fato que tem ajudado o segmento calçadista a resistir em momentos de crise.
Poder público
A Prefeitura de São João Batista aderiu, neste ano, ao programa Cidade Empreendedora, do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas de Santa Catarina (Sebrae-SC). Durante dois anos, serão desenvolvidas ações para impulsionar a economia local.
“Esse programa será essencial para acompanhar a expansão do município de uma forma planejada. Queremos agilizar os processos e favorecer a atividade de inovação, tecnologia e conhecimento”, afirma o prefeito Daniel Netto Cândido.
A vocação de São João Batista para o setor de calçados começou nas décadas de 1970 e 1980. “Nesse sentido, é importante citar que a história do calçado é recente se formos analisar. Em mais ou menos 30 anos deixávamos de ser a Capital do Açúcar para nos tornarmos a Capital Catarinense do Calçado. Nas adversidades, no fechamento da antiga Usati, nosso povo fez a cidade evoluir”, diz o prefeito.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Plácido Vargas, explica que, no início, a cidade fazia os calçados, mas dependia de comprar componentes de outros lugares. Já na década de 2000, o município formou uma cadeia calçadista completa e hoje é referência.
Muita gente não sabe que ao comprar um sapato da marca Raphaella Booz num grande shopping de São Paulo está a adquirindo um produto genuinamente batistense. Da mesma forma, a cidade é sede da Menina Rio, de calçados infanto-juvenis.
Na fábrica da grife de sapatos, bolsas e acessórios Raphaella Booz, em São João Batista, é onde são feitos os calçados que serão usados em todas as regiões do país e, em breve, da Europa. Hoje, a marca já está consolidada, conta com mais de 1,5 mil pontos de venda pelo Brasil e gera 1,5 mil empregos diretos e indiretos. Os principais mercados consumidores da Raphaella Booz são Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, explica o empresário Cau Booz.
No entanto, a grife não se restringe ao Brasil e já conta lojas na Bolívia. “E em outubro, vamos inaugurar a nossa primeira loja na Europa, em Portugal”, acrescenta Cau. A loja ficará na capital Lisboa, e o processo de internacionalização não para por aí. Segundo o proprietário da Raphaella Booz, a empresa está em negociações avançadas para distribuir os seus calçados nos Estados Unidos.
A internacionalização faz parte de uma mudança de estratégia adotada após a crise financeira de 2015, que até hoje prejudica o setor calçadista. A Raphaella Booz apostou em fortalecer a marca e reduzir a parte fabril – a fábrica de bolsas foi fechada há pouco tempo.
O proprietário da empresa, Cau Booz, explica que, atualmente, está produzindo cerca de 2 mil pares por dia, mas a capacidade é de até 3 mil. Quando exceder este patamar, a ideia é terceirizar a produção do excedente com parceiros do município ou de fora.
“Queremos manter o nosso parque fabril”, garante Cau. A empresa tem 300 funcionários na fábrica de São João Batista e em 24 franquias e quatro lojas próprias espalhadas pelo país.
Público infantil
A Menina Rio tem foco no público infanto-juvenil. Fundada em 2004, a marca emprega 90 funcionários em São João Batista. A marca tem apenas uma loja interna e foca nas vendas em estabelecimentos espalhados pelo país.
A diretora administrativa e sócia, Rosi Meri dos Santos Angelli, diz que o crescimento no último ano foi acima do esperado. A empresa também passou a trabalhar a marca Menino Rio. Além disso, desde o ano passado a Menina Rio exporta.
“O mercado de exportação está sendo explorado com maior intensidade no último ano e já apresentou crescimento significativo”, afirma Meri. Os países para onde a marca já vendeu são: Equador, Bolívia, Paraguai, Peru, Chile, Emirados Árabes, Colômbia, Rússia, Costa Rica.