Conheça os detalhes do processo de emancipação de Guabiruba e fatos marcantes da história do município
Nesta sexta-feira, 10, Guabiruba completa 60 anos do desmembramento político-administrativo do território de Brusque
Nesta sexta-feira, 10, Guabiruba completa 60 anos do desmembramento político-administrativo do território de Brusque
Há 60 anos surgia o movimento para o desmembramento político-administrativo de Guabiruba do território de Brusque. O mesmo projeto também desmembrou Botuverá.
O movimento foi articulado pelo empenho de lideranças políticas da extinta União Democrática Nacional (UDN), com apoio de vereadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1962.
Para conquistar votos favoráveis para o desmembramento na Câmara de Vereadores, o cabo eleitoral da UDN, José Bônus Leitis realizou vários acordos políticos com o então prefeito de Brusque, Mário Olinger, o ex-prefeito Paulo Lourenço Bianchini, e os vereadores Chico Dall’Agna e Egon João Krieger, do PTB.
Os imbróglios para convencer os membros do partido a votarem no desmembramento cercaram a votação, que ocorreu apenas dois anos depois.
Antes mesmo da emancipação, na década de 40, Carlos Boos decidiu se envolver na política para melhorar a situação de Guabiruba, que na época pertencia ao território de Brusque. Ele disputou uma vaga de vereador e foi eleito para atuar no Legislativo brusquense em 1947 e reeleito três vezes.
Durante os mandatos, Carlos buscou resolver os problemas que encontrava em Guabiruba e nunca escondeu o interesse de emancipar o município. Neste meio tempo, ele foi convidado para disputar o cargo de prefeito de Brusque, em 1960.
Até então a disputa ocorria entre Chico Dall’Igna, candidato da aliança entre PTB e PSD, e Cyro Gevaerd, da UDN, mas o cenário apontava para a vitória de Chico. Com o objetivo de mudar a situação, um acordo foi selado para uma nova candidatura.
Danilo Moritz, ex-prefeito e um dos autores do livro Eleições em Brusque, detalha as negociações da época: “Carlos Boos seria candidato a prefeito de Brusque pelo PRP, sua campanha seria financiada pela UDN e se Cyro Gevaerd fosse eleito, Guabiruba seria emancipada”.
O novo candidato enfraquecia Chico e aumentava as chances de vitória de Cyro. No dia da eleição, Carlos Boos fez 2,4 mil votos, conforme a previsão da época. Cyro fez 4,8 mil votos, 701 a mais do que Chico, tornando-se o novo prefeito de Brusque.
Entre as figuras importantes para a emancipação do município estava Carlos Boos. Ele foi eleito prefeito de Guabiruba na segunda legislatura. Além dele, Raul Scheffer, que era deputado e então subchefe da Casa Civil do governo Celso Ramos, teve grande influência no cenário estadual e na aprovação do projeto de desmembramento.
As lideranças de Botuverá e Guabiruba deixaram as diferenças de lado e se uniram para conseguirem a emancipação político-administrativa. Até então, eram redutos eleitorais de Brusque, que em muitas oportunidades foram decisivos para o resultado da disputa ao cargo de prefeito.
Leitis, em Botuverá, e Boos, em Guabiruba, promoveram abaixo-assinados para criação dos novos municípios em abril de 1962, pouco menos de três meses antes do desmembramento.
Com o projeto de lei de autoria de Raul Scheffer e outros deputados da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) tramitando, os documentos foram incluídos.
Uma articulação prévia na política local foi imprescindível para que o separação entre os territórios ocorresse. Em dezembro de 1961, Carlos Boos, João Baptista Martins e outros vereadores elaboraram um projeto de lei sugerindo o desmembramento de Guabiruba e Botuverá.
Quatro meses depois, em abril de 1962, a Câmara de Vereadores de Brusque aprovou a resolução. João Baptista Martins, que era presidente do legislativo municipal, teve voto de desempate. O deputado Rafael Scheffer levou a resolução para ser homologada na Alesc após cinco dias, para consagrar a criação dos municípios.
No legislativo estadual, a proposta de desmembramento encontrou empecilhos. A bancada da UDN foi contrária a criação dos municípios, sob a justificativa que não foram cumpridas condições institucionais exigidas na ação, pois os municípios tinham população inferior a 10 mil habitantes.
Além disso, houve acusação de falsificação de 300 assinaturas no documento entregue, e que a proposta foi baseada no interesse pessoal de dois vereadores, alegando ainda que a população não era favorável à emancipação.
Em razão destes obstáculos, o projeto não foi aprovado na Alesc inicialmente. No entanto, Raul Scheffer entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão da Alesc. Guabiruba e Botuverá conquistaram a emancipação com a decisão favorável da maior instância da Justiça.
O projeto de lei que oficializou a criação dos municípios foi aprovado em 7 de maio de 1962. após 18 dias, a resolução foi publicada no Diário da Alesc. Com isso, Guabiruba passou a existir oficialmente.
O primeiro prefeito de Guabiruba, Henrique Dirschnabel. foi empossado pelo juiz de direito da Comarca de Brusque, Ivo Sell, no dia da instalação oficial do município, em 10 de junho de 1962.
No entanto, o primeiro prefeito da história do município foi escolhido por líderes comunitários, formado através de um conselho representativo com cidadãos de diversos segmentos da sociedade, denominado Conselho de Notáveis.
A escolha do conselho foi reconhecida pelo governador do estado na época, Celso Ramos. A nomeação de Dirschnabel foi homologada para exercer o mandato de prefeito entre 10 de junho de 1962 e 31 de janeiro de 1963. Na época, o salário do prefeito era de 10 cruzeiros mensais, hoje equivalente a 36 centavos.
A Prefeitura de Guabiruba ficou nas instalações da alfaiataria de Leo Kormann, na rua 10 de Junho, por um mês. Depois teve um espaço no prédio na Kohler & Cia, permanecendo lá até a terceira legislatura, quando o prefeito era Vadislau Schmitt.
Henrique Dirschnabel – 1962 a 1963
Carlos Boos – 1963 a 1969
Vadislau Schmitt – 1969 a 1973
Ivo Fischer – 1973 a 1977
João Baron – 1977 a 1983
Guido Antônio Kormann – 1983 a 1988
Valério Luiz Maffezzolli – 1989 a 1992
Orides Kormann – 1993 a 1996
Luiz Moser – 1997 a 2000
Guido Antônio Kormann – 2001 a 2004
Orides Kormann – 2005 a 2012
Matias Kohler – 2013 a 2020
Valmir Zirke – 2021 a 2024
A Câmara de Vereadores foi aberta em 31 de janeiro de 1963, no mesmo dia em que foi encerrado o mandato do primeiro prefeito de Guabiruba, Henrique Dirschnabel. No dia seguinte, o sucessor Carlos Boos assumiu o posto.
Por alguns meses, a residência de Leo Kormann abrigou a casa legislativa, que depois foi transferida para a Kohler & Cia., no Centro do município. A primeira votação da história de Guabiruba, em 7 de outubro de 1962, elegeu sete vereadores.
Tomaram posse nesta data: Envino Dirschnabel (PSD), Osmar Seubert (PSD), Paulo Kohler (PSD), Guilherme Gartner (PSD), Licinio Wippel (UDN), Ovídio Habitzreuter (UDN) e Erico Truppel (PTB). Eles exerceram os mandatos até 31 de janeiro de 1967, sem qualquer remuneração.
Osmar foi o primeiro presidente do legislativo municipal, com Envino de vice-presidente. No entanto, o regimento interno da casa foi instaurado somente seis meses após a posse, em junho de 1963.
Três meses depois o professor Mário Dirschnabel assumiu cargo de secretário-executivo da Câmara, se tornando o primeiro funcionário do Legislativo guabirubense.
Em dois momentos durante a primeira legislatura, presidente e vice da Câmara assumiram a prefeitura, por conta de licenças médicas do prefeito Carlos Boos. Dirschnabel e Seubert, respectivamente, se revezaram no encargo em novembro de 1963 e abril de 1965.
Em 1969 foi criado o hino de Guabiruba pelo compositor José Nilo Valle, que recebeu o título de cidadão honorário pelos serviços prestados ao município em 1977.
A primeira mulher presidente da Câmara de Guabiruba foi Maria Boos Kormann, em 1997, que assumiu de forma interina, por 30 dias, a vaga do licenciado Valério Gums.
A atual sede da Câmara foi inaugurada no aniversário da cidade em 10 de junho de 1998. Em 2010, a sede foi estilizada em design germânico.
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