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Botuverá 60 anos: conheça os detalhes do surgimento do município

Projeto de desmembramento político-administrativo ocorreu simultâneo ao de Guabiruba

O movimento de emancipação de Botuverá fez parte do mesmo projeto que desmembrou Guabiruba. Os municípios, que até então pertenciam ao território de Brusque, tiveram o desmembramento político-administrativo homologado em 1962.

A resolução que criava os municípios de Botuverá e Guabiruba foi sancionada na Câmara de Brusque em 28 de abril de 1962. O projeto de lei que determinava a criação dos municípios foi homologado na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) em 7 de maio daquele ano. A cidade de Botuverá foi oficializada em 9 de junho de 1962.

Igreja de Botuverá com a torre em 1940 | Foto: Arquivo da Prefeitura de Botuverá

Do povoado a município

Em 1876, com a chegada das primeiras 33 famílias de imigrantes italianos, foi criado o povoado “Porto Franco”. O território pertencia à antiga Colônia Itajaí, depois passando para a Colônia Príncipe Dom Pedro. Posteriormente foi integrado a Brusque.

Os imigrantes vieram do Norte da Itália e atravessaram o oceano Atlântico em caravelas e navios a vapor. Eram bergamascos, cremascos, mantuanos, veroneses, trentinos, entre outros. Eles viveram da roça, plantavam e colhiam os próprios alimentos.

Anos mais tarde, em 14 de fevereiro de 1925, o superintendente municipal João Schaefer sancionou a lei que criava em Brusque o Distrito de Paz de Porto Franco. Os limites do distrito ficavam entre o Ribeirão das Águas Negras e a cabeceira do rio Itajaí-Mirim.

Casa onde funcionou a primeira Prefeitura de Botuverá de maneira interina | Foto: Arquivo da Prefeitura de Botuverá

O primeiro juiz de Paz foi João Merico e os suplentes Francisco A. Werner, José Fachini e Pedro Colzani; escrivão Humberto Mazzolli e subdelegado Adamo Bonomini.

Em 7 de novembro de 1926 foi realizada a eleição para superintende municipal de Brusque, e para Juízes de Paz. No distrito de Porto Franco foi eleito para Juiz de Paz João Morelli.

Porto Franco passou a ser Distrito de Brusque em 1945. O primeiro Intendente Distrital nomeado foi Adão Bonomini, que permaneceu no cargo até 1952. Depois dele, Augusto Ângelo Maestri assumiu e governou a intendência até maio de 1962.

Até a década de 50, o local tinha o nome de Porto Franco, mas passou a se chamar Botuverá. A palavra tem origem no Tupi-Guarani e significa “Bons Brilhantes”. O nome foi escolhido devido à existência de vários minérios no município, principalmente o ouro, muito extraído e uma das principais atividades econômicas do local.

Rua João Morelli em Botuverá com a igreja ao fundo | Foto: Arquivo da Prefeitura de Botuverá

Processo de emancipação

Por se tratar de um projeto para desmembramento de duas cidades, a história de Botuverá e Guabiruba se cruza logo no início. Um movimento para a emancipação dos municípios foi articulado pelos líderes políticos da, hoje extinta, União Democrática Nacional (UDN), e teve o auxílio de vereadores do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

José Bônus Leitis fez diversos acordos políticos para conquistar votos a favor do desmembramento de Botuverá e Guabiruba na Câmara de Brusque, e com o então prefeito, Mário Olinger.

Ao lado de Leitis, Carlos Boos, de Guabiruba, teve importante papel para tornar a emancipação realidade. Juntos eles elaboraram abaixo-assinados para criação dos municípios, em abril de 1962. Os papéis foram acrescentados no projeto de lei para desmembramento que tramitava na Alesc, cujo autor era o deputado Raul Scheffer.

Preparação do terreno para construção da prefeitura | Foto: Arquivo da Prefeitura de Botuverá

Na Câmara de Brusque, a resolução para a emancipação de Guabiruba e Botuverá foi aprovada, com voto de desempate do presidente do Legislativo, João Baptista Martins, que também participou da criação do projeto. A resolução foi levada para o deputado Raul para ser homologada na Alesc.

No entanto, obstáculos surgiram no caminho. A bancada da UDN foi contrária a criação das cidades e alegou que não foram cumpridas as condições institucionais exigidas para o desmembramento, pois ambos os municípios tinham população inferior a 10 mil habitantes.

Além disso, 300 assinaturas dos abaixo-assinados foram consideradas falsificadas pelos integrantes da Alesc. Outra justificativa para o projeto ser barrado é que a proposta atendia aos interesses pessoais de dois vereadores e que a população não era favorável ao desmembramento.

Raul entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão da Alesc. O tribunal decidiu a favor da criação de Botuverá e Guabiruba, que conquistaram a emancipação.

Construção da sede da Prefeitura de Botuverá  | Foto: Arquivo da Prefeitura de Botuverá

Poder Executivo

O primeiro prefeito de Botuverá foi uma indicação política. Zeno Belli, que era casado com uma botuveraense, estreitou os laços políticos com Brusque. Ele assumiu o cargo provisório no mesmo dia em que foi oficializada a instalação de Botuverá.

A eleição para prefeito ocorreu naquele mesmo ano, em 3 de outubro, quando Sebastião Tomio foi eleito para assumir o Executivo. Ele assumiu a prefeitura em janeiro de 1963.

O prédio da prefeitura ficava localizado na rua Presidente Kennedy, em uma estrutura alugada para sediar o local.

Outros prefeitos de Botuverá foram José Bonus Leitis, Sérgio José Colombi, Zenor Francisco Sgrott – eleito duas vezes, Ademir Francisco Maestri, Nilo Barni – eleito três vezes, Moacir Merísio – eleito duas vezes, José Luiz Colombi – eleito duas vezes, e Alcir Merizio – atual chefe do Executivo botuveraense.

Igreja matriz de Botuverá, construída em 1898 | Foto: Arquivo da Prefeitura de Botuverá

Fatos históricos

A construção da Igreja Matriz de Botuverá começou em 1898 e foi finalizada em 1899. No entanto, na época não havia torre, que só foi construída mais tarde, em 1910. Pouco tempo depois, em 1940, a estrutura foi elevada para a instalação do relógio da matriz.

Na época, os padres que atendiam a comunidade do povoado de Porto Franco vinham de Brusque a cavalo. Após a fundação da Paróquia São José, em 1912, Botuverá teve o primeiro vigário, o padre João Stolte.

Os agricultores de Botuverá iniciaram a cultivação de fumo em 1950. A forma de renda foi muito forte no município até o início dos anos 2000. Além disso, a monocultura do fumo era a base da economia da cidade.

Em 1969 a energia elétrica chegou a Botuverá com a instalação da Cooperativa de Eletrificação Rural de Botuverá. No mesmo ano foi fundado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Botuverá.

A primeira indústria têxtil foi criada no município em 1985, a Fibla. Na sequência diversas outras fiações se instalaram em Botuverá.

Centro de Botuverá em 1946, antes da emancipação | Foto: Arquivo da Prefeitura de Botuverá

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