Conheça trabalho de artista de Guabiruba que produz mini maquetes com riqueza de detalhes
Com muita pesquisa, Maicon Schaefer transformou o que era brincadeira de criança em belas obras
Em muitos casos, algo que uma pessoa gosta de brincar como criança se torna a vocação ou o trabalho dela na vida adulta. Foi o que aconteceu com Maicon Schaefer, 33 anos, morador de Guabiruba, que se divertia quando pequeno montando pequenas esculturas, presépios, e, através de muita pesquisa e esforço, desenvolveu seu talento para a criação de dioramas, um modelo de maquete de tamanho reduzido, que serve para representar realidades diversas em três dimensões.
A infância de Schaefer era muito diferente do que o das crianças atualmente. Ele conta que não existia a mesma variedade de brinquedos e que ele acabava se virando com o que tinha. Mas ele conseguiu extrair o máximo dos recursos disponíveis e a sua vocação já deu sinais a partir daí.
“Quando morava com meus avós paternos, atrás de casa tinha um rancho e era lá que a gente brincava. A gente brincava com o que tinha, alguns bonecos de plástico pequenos, como soldadinhos, bonecos de super-heróis, alguns carrinhos. Na época, já, eu lembro de montar pequenos cenários, com pedaços de madeira de assoalho”.
Schaefer montava algumas casinhas, pequenas esculturas com madeira, ou então, no terreno de casa, usava areia para montar uma cidadezinha e criava uma pequena história com os brinquedos.
Quando mais velho, Schaefer passou a ajudar o avô na decoração de Natal. O “opa” ficava responsável pela árvore e ele, usando peças que tinha em casa, montava o presépio. Usava cascas de árvore, papelão, barba de velho e areia.
“Todo ano que ele montava a árvore, eu montava o presépio, e sempre colocava uma coisa a mais, e foi se tornando uma tradição, e até a vida adulta, eu gostei de montar o presépio”, afirma.
Trabalho na igreja despertou vontade de aprender mais
Muitos anos depois, em 2015, Schaefer e a namorada, hoje esposa, Franciele Kohler Schaefer, começaram a fazer parte do Conselho de Pastoral da Comunidade (CPC) e participou da montagem do presépio na da Igreja Matriz de Guabiruba. Foi aí que ele percebeu que a aptidão que ele tinha como criança poderia ser seu trabalho e, em conversas com outras pessoas e pesquisas, descobriu que o nome das pequenas maquetes que fazia era diorama.
Ele trabalha como eletricista industrial ainda hoje, mas já considera o diorama seu trabalho. Por mais ou menos dois anos, ele ficou apenas pesquisando na internet material do mundo todo sobre os dioramas, sem propriamente montá-los.
No último Natal, ganhou um presépio da esposa e fez um diorama para colocar na sala de casa. Postou o trabalho em suas redes sociais e muitas pessoas gostaram, perguntaram como era feito. Aí, ele percebeu que poderia se empenhar a isso nas horas vagas e, em meados de abril, passou a divulgar seu trabalho em uma página no Instagram, onde recebe encomendas.
Paixão se transforma em prazeroso e minucioso trabalho
O principal material que Schaefer usar nos seus trabalhos é o isopor, por aceitar boas texturas e ser leve para trabalhar. Mas, como não existem lojas especializadas em materiais para dioramas no Brasil, assim como na infância, ele continua usando a criatividade para incrementar as obras.
“Os materiais podem ser qualquer coisa que você bate o olho e enxerga além daquilo. Não dá para dizer que uso uma ou outra coisa apenas, posso usar qualquer material dependendo do cenário que eu tenha que fazer. Isso é mais um motivo para estar sempre procurando conversar com pessoas e pesquisar sobre. A gente acaba reutilizando e reciclando muitas coisas”.
Ele diz que tudo que aprendeu foi através de pesquisas na internet, assistindo vídeos, consultando materiais. Schaefer tem a meta de assistir ao menos um vídeo por dia de algum outro artista para aguçar a criatividade.
A partir de uma encomenda de alguma obra, Schaefer parte para a pesquisa, a produção de um esboço a ser aprovado e a seleção de materiais. Depois, tem a montagem e a pintura. A pintura é feita em camadas, sempre com a utilização de uma imagem de referência, para ter mais detalhes que fazem a diferença. O trabalho é tão cheio de detalhes que, muitas vezes, as pessoas se surpreendem com o tamanho reduzido dos dioramas, que buscam representar realidades em pequena escala.
Schaefer acredita que o principal objetivo de sua arte é instigar as pessoas. Qualquer que olhe para a obra, imagina e repara em um particularidade. E seu trabalho é rico em detalhes para que cada pessoa possa ter essa experiência.