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Conselho aprova tombamento do casarão de Dom Joaquim

Medida foi proposta pela Igreja Adventista do Sétimo Dia e aguarda parecer do gabinete do prefeito

O Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Comupa) aprovou, neste mês, o encaminhamento de pedido de tombamento do casarão onde funcionou o antigo Armazém Davi Hort, na rua do Cedro, no bairro Dom Joaquim.

O pedido, feito pela União Sul Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia, tramita desde a gestão interina de Roberto Prudêncio Neto, mas seu encaminhamento estava em ritmo lento, devido às trocas dos membros dos conselho, que foi desativado por algum tempo.

Agora, a Prefeitura de Brusque irá avaliar a proposta de incorporar a construção em seu rol de imóveis tombados. Caso o pedido seja acatado, o município torna-se corresponsável pela conservação do espaço e fará a notificação ao proprietário do local.

“O próximo passo é a concordância do prefeito, para a Fundação Cultural fazer a notificação do proprietário”, explica o historiador da Fundação Cultural, Álisson Castro.

Se o Executivo concordar com a tramitação do pedido de tombamento, é feita a notificação ao proprietário e aberto um processo administrativo para tratar do tema.

Nesse processo, os proprietários vão informar se concordam ou não com o pedido de tombamento, e apresentar suas razões e argumentos.
Após esse processo, toda a documentação vai novamente para o gabinete do prefeito, o qual, de posse de todos os argumentos, decide se o imóvel deve ser tombado ou não. Em caso positivo, isso é feito mediante decreto.

Vontade política

Segundo o historiador da Fundação Cultural, “isso é uma questão de vontade política do prefeito”. A afirmação de Castro está relacionada à morosidade do pedido de tombamento de dois imóveis da Igreja Luterana, feito pelo próprio conselho de patrimônio, que há mais de um ano aguarda aprovação do Executivo, sem sucesso.

O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) também acompanha o caso.

A 6ª Promotoria de Justiça de Brusque instaurou recentemente um inquérito, a pedido da Igreja Adventista, para apurar a necessidade de proteção e recuperação do casarão de Dom Joaquim.

Interesse histórico

Segundo informações da Fundação Cultural, representantes da Igreja Adventista trouxeram rumores sobre a possibilidade de demolição da residência,- edificada entre 1875 e 1880 -, o que os preocupou bastante, já que a igreja tem interesse histórico no imóvel.

Isso porque foi por meio dele que, em 1884, chegaram a Santa Catarina revistas que continham os primeiros ensinamentos baseados na doutrina Adventista.

Eles foram endereçados ao senhor Carlos Dreefke, residente em Brusque. Em 1878, um jovem alemão também morador de Brusque, de nome Burchard, cometeu um crime. Para escapar das autoridades, segundo informam historiadores, foi ao porto de Itajaí, onde entrou como clandestino a bordo de um navio.

Nessa viagem, conheceu dois missionários adventistas, os quais lhe entregaram literatura sobre a doutrina religiosa. Burchard era enteado de Carlos Dreefke, que apreciava literatura religiosa.

O pacote foi entregue no armazém do senhor Davi Hort, hoje conhecido como Casarão de Dom Joaquim, se tornando uma espécie de “berço” da Igreja Adventista no Brasil.