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João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas Praianas: o grande piquenique ao ar livre

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas Praianas: o grande piquenique ao ar livre

João José Leal

Nos finais de semana, tenho feito minhas caminhadas matinais na praia de Balneário Camboriú. Não muito cedo que encontre uma praia deserta e não tão tarde que todos os veranistas já tenham chegado. Mesmo agora, não são poucos. Mas, estão longe dos milhares que lotam a praia no auge da temporada.

Agora, tem praia sobrando e, pelo que vi, mesmo no pico da temporada, o aterro não se fazia necessário, pois mais da metade da faixa de areia ficou vazia, ociosa, virada num deserto. Nessa área do saariana, só pegadas humanas indicando o vaivém do veranista até o mar para caminhar ou ocupar o seu espaço, sempre o mais próximo possível da água.

É claro que parte do aterro já está sendo ocupada por diversas quadras de esporte, porque agora a moda é o tênis de praia, que todos fazem questão de pronunciar em inglês. Praças e jardins, ciclovias e pistas para caminhada e outros fins também estão prometidos.

A verdade é que a grande massa de veranistas vem para curtir apenas alguns dias de ócio, de festa e para se banhar nas águas do Atlântico. Cada tribo familiar ou de amigos faz questão de ocupar o seu espaço praiano demarcado por um guarda-sol o mais perto possível do mar. E todos se espremem para ocupar apenas uma estreita faixa de areia, se possível com as águas a tocar-lhes os pés.

Para esses veranistas em férias, praia é sinônimo de horas a fio sentados em cadeiras de alumínio, embaixo de um guarda-sol e de uma barraca de pano ou de lona. É lazer, ociosidade e curtição da manhã à noite. E, claro, é também comer a se empanturrar, beber sem parar, até se inebriar ou, mais próprio da linguagem praiana, até ficar de porre.

Grande parte dos turistas de Balneário Camboriú pertence a essa tribo chamada classe média. Sem serem ricos para esnobar em gastos supérfluos, é gente com renda suficiente para curtir, com dinheiro contado, alguns prazeres da vida burguesa. Essa gente não se avexa em levar o seu farnel, o seu rango para a merenda familiar do meio-dia e de toda a tarde na praia. Para eles, veraneio é tempo de descanso integral, de passar longe da cozinha e do fogão.

Praia aguça o apetite, atiça a sede e, se precisar, sabem que a praia não é só mar e areia. É também uma praça de alimentação móvel, com vendedores ambulantes passando, gritando a todo o momento, oferecendo sanduíches de todos os tipos, empadas e pastéis, batata frita, milho cozido e até o famoso espetinho de gato. Para sobremesa, não faltam picolés e sorvetes, desfilando a toda a hora ao som das cornetas e gritos dos vendedores.

E, assim, a praia central de Balneário Camboriú se converte numa arca ambulante a navegar ao longo da praia para saciar a gula e a sede desses milhares de bocas vindas de paragens distantes para o grande e coletivo piquenique ao ar livre.

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