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Coordenadora da Defesa Civil fala sobre as previsões do órgão para um setembro que promete muita chuva

Renate Klein diz que a maior preocupação são os deslizamentos

Renate Klein, funcionária pública municipal aposentada, assumiu nesta semana a coordenação da Defesa Civil de Brusque, em substituição a Valberto Dell’antônia. Ela atua há 16 anos no órgão, e possui mais de 100 cursos na área. Ela afirma que o órgão hoje nem de longe lembra a estrutura pequena de quando enfrentou a primeira grande cheia como funcionária da Defesa Civil, em 2008.
“Passamos muita calamidade aqui, a enchente de 2008 foi muito difícil porque a gente não tinha praticamente estrutura nenhuma, a Defesa Civil era lá no Corpo de Bombeiros, uma salinha. Era isso que tinha. Eu, uma salinha, e mais nada”, afirma. Nesta entrevista, ela detalha os desafios do órgão, que se prepara para previsões de fortes chuvas em setembro.

Município Dia a Dia: Qual o maior desafio da Defesa Civil de Brusque hoje? O que ainda falta ser aprimorado?
Renate Klein: É a questão dos mapeamentos, temos muitas áreas de risco no município, a dificuldade é retirar os moradores destas áreas. Para retirar esse morador de lá, tem que realocar em outro local, e isso é um grande desafio, não só na Defesa Civil de Brusque, mas em todas.

MDD: Quantas famílias moram em áreas de risco?
Renate: Agora temos mais de 300 famílias. Tem muitas residências interditadas, que as pessoas saíram mas já retornaram, por falta de lugar para ficar. Estamos fazendo um levantamento avaliando todas as áreas de risco. Muitos foram beneficiados com apartamento no residencial Sesquicentenário, e alguns até usaram de má fé, porque alugaram a área de risco para outras famílias. Outros fizeram ainda pior, venderam. Então isso é um grande problema.

MDD: Para retirá-las de lá, a prefeitura é obrigada a dar alternativa de moradia?
Renate: Eu até digo o seguinte: a pessoa constrói numa área de risco, muitos da noite para o dia, sem nenhuma autorização da prefeitura. Aí eu pergunto: a responsabilidade é da prefeitura? Vai ter que ter um funcionário da Defesa Civil em todos os morros da cidade, cuidando? É uma situação complicada, procuramos estar sempre fazendo vistorias, mais ainda assim é difícil.

MDD: Em relação às cheias no rio Itajaí- Mirim: o que a Defesa Civil prevê para este ano?
Renate: Temos a previsão de muita chuva, mas acreditamos que, apesar do volume ser grande, não vai ser muita chuva num local só, vai ser espalhada, então provavelmente não vai dar cheia. Temos que esperar quando chegar próximo para ver o que realmente vai acontecer. A nossa maior preocupação são os deslizamentos, isso acontece. Mas também não quer dizer que todos os morros da cidade vão deslizar. E para isso estamos fazendo um levantamento para ver quais são os locais mais suscetíveis a deslizamento.

MDD: Nesses locais mais suscetíveis, o que a Defesa Civil pode fazer, como prevenção?
Renate: Se tiver gente morando, vamos tentar retirar essas famílias. Isso, se essa previsão se concretizar, se for realmente muita chuva.

MDD: Como você avalia a lei aprovada recentemente, que permite construir mais perto do rio, passando de 30 para 15 metros em algumas áreas?
Renate: Essa situação eu acho um pouco arriscada. Primeiro tem que ser analisado se dá para construir ali ou não. É 15 metros [a distância mínima permitida], mas, de repente, o local não é próprio para construção, nem deixando 30, nem 40 metros. Tem que ter projeto. Não quer dizer que em todas as áreas na margem do rio será permitido construir a 15 metros. Tem local que não dá, tem mais erosão, o solo não comporta construção, tudo depende do projeto.