X
X

Buscar

Coragem e dedicação: tratador do Zoobotânico viaja de Itajaí até Brusque todos os dias há 24 anos

Funcionário do parque conta como é a rotina de um tratador de animais

Todos os dias José Frena, 69 anos, entra em um ônibus às 6h em Itajaí e viaja até Brusque, com um destino: o parque Zoobotânico. Isso acontece há 24 anos, desde o dia 3 de abril de 1995, quando Frena começou a trabalhar no zoo.

Ele é natural de Laurentino (SC), mas reside em Itajaí há cerca de 50 anos.

José Frena tem 69 anos e trabalha há 24 anos no Zoobotânico | Foto: Brenda Pereira

A oportunidade de ser tratador surgiu por intermédio do cunhado, que trabalhava no local. Frena estava desempregado quando recebeu o convite, então o trabalho veio em boa hora. Antes disso, ele era barbeiro. “Mas não gostava muito. Me dei melhor com os animais”, diz.

Como nunca tinha exercido a função anteriormente, Frena passou por um período de treinamento. “No começo é novidade, fiquei meio receoso, mas fui me adaptando devagarinho”, conta.

Homem de poucas palavras e um pouco tímido, Frena não demonstra o receio de lidar com os animais. Ele não considera o trabalho desafiador, mas ressalta que é preciso tomar cuidado.

Nos recintos há uma área chamada cambiamento, onde o animal fica contido para que o tratador possa entrar e colocar a bandeja com os alimentos. Se o procedimento for feito corretamente, as chances de aconter algum acidente são baixas.

Além disso, é preciso utilizar equipamentos de segurança como botas, luvas, óculos e chapéu. “É um serviço perigoso”, reforça.

Ele comenta que nunca teve problemas com acidentes, mas lembra que já foi bicado por papagaios, pois para tratar é preciso entrar no recinto. Apesar de nunca ter tido problemas, ele comenta que não presenciou, mas que um colega já perdeu os dedos da mão em um acidente com um irara.

Atualmente o tratador trabalha na área dos felinos, sempre com o auxílio do colega Jailson Santana, que exerce a função há dez meses. Ele conta que tem aprendido bastante ao ajudar Frena.

Durante a entrevista, Frena e Santana foram até o recinto da raposa. Apesar de demonstrar medo, o animal não os atacou e manteve distância.

Frena diz que durante todos esses anos de profissão nunca sofreu um acidente | Foto: Brenda Pereira

O trabalho não é fácil e exige bastante cuidado. No entanto, para o tratador de animais o mais complicado não é isso. “O ruim é chegar”, referindo-se ao trajeto diário. “Depois de estar aqui me sinto bem”, complementa. O que ele mais gosta é poder trabalhar em meio a natureza e estar com os animais.

Quando questionado do motivo de não ter se mudado para Brusque, Frena diz que “bobeou”. Ele conta que a esposa sugeriu vender ou então alugar a casa deles em Itajaí, para que pudessem morar aqui, mas à época ele deixou passar e nunca planejou se mudar.

Amizade com os animais

Por estar há bastante tempo no local, os animais se acostumaram com a presença de Frena. Os macacos prego, por exemplo, não tem medo dele.

O respeito é um dos motivos para o bom relacionamento com as espécies. “Ele gosta de conversar bastante com os animais, tem bastante intimidade”, conta Santana.

Apesar de dizer não ter preferência por algum animal, Frena tem um carinho especial pela onça pintada, pois viu ela crescer. “Fico feliz de ver como ela está”.