Coralistas e ex-integrantes do grupo contam suas experiências junto ao Coro Luterano
A tradição do canto coral faz parte da Igreja Luterana e, em Brusque, muitas pessoas integraram esse grupo que já tem 115 anos de história, dando voz aos hinos e canções sacras que marcam as celebrações religiosas, eventos e festas da comunidade Paróquia Bom Pastor. Sob a responsabilidade do pastor Edelcio Tetzner e do pastor […]
Sob a responsabilidade do pastor Edelcio Tetzner e do pastor aposentado Werner Brunken, o Coro Luterano abrilhanta os momentos de culto da igreja. “Digo que a música é parte da história de vida de cada pessoa. Ela está presente desde o nascimento. Quando se canta para as crianças dormirem, já estamos motivando nelas o gosto e a importância da música. No aspecto religioso não é diferente”, explica o pastor Tetzner.
Célia Pellizzaro foi a última integrante a se juntar ao canto coral da igreja, em setembro de 2016. Soprano, ela conta que, quando se reúnem para cantar, é como se estivessem em oração de gratidão a Deus pelo dom com que os presenteou: “Todos os integrantes são gratos por isso. Eu penso que mais pessoas deveriam se permitir a ter essa experiência e se juntar a nós”.
Ela cantava no coral da escola e era uma paixão. Depois de muitos anos sem participar de coral, foi convidada por um amigo para se juntar ao grupo da igreja luterana. “Eu aceitei na hora e fiquei muito grata a ele pelo convite. No primeiro dia de ensaio fui recebida calorosamente por todos os integrantes e foi como se eu já fizesse parte dessa família. A sensação que eu tive foi de que tinha voltado pra casa.”
Célia relembra a primeira apresentação de que participou, quando uma colega perguntou se ela estava nervosa: “Respondi que não, que estava muito feliz”. Para ela, o coral é como uma segunda família, onde há muito carinho e acolhida a todos.
Adolfo Frederico Pöpper, de 56 anos, participou durante 12 do Coro Luterano. Integrante da Paróquia Unidos em Cristo, da comunidade Santa Luzia, ele e outros três amigos cantam no quarteto Fonte Nova. Em 1999, foram convidados para participar das gravações do CD em comemoração aos 100 anos do coral.
“Depois da gravação, da qual fizemos parte, continuamos cantando com o grupo. Eu já admirava o coral desde criança, quando frequentava os cultos na comunidade no Centro”, diz.
Em 2012, ele acabou deixando de participar devido ao tempo escasso: além do quarteto, ele possui trabalhos com as crianças da comunidade da qual faz parte e também os grupos de estudo bíblico, a rotina começou a ficar pesada. “Mas sinto saudade, não falta vontade de voltar.”
Assim como Adolfo, Hélio Alvin Klann também integra o quarteto Fonte Viva. “Fomos convidados de surpresa para a gravação do CD, pois havia poucas vozes masculinas no coral”, conta.
O morador do Paquetá diz que tem vontade de retomar as atividades com o grupo. “É um momento de alegria estar junto com os irmãos e amigos, a música cria um laço muito grande.”
Para ele, o canto na igreja é como uma preparação para o culto. “Ouvir um bom hino, a música toca no coração, mexe com os sentimentos. É uma preparação para ouvir a palavra de Deus”, diz.
Já Nair Sartotti Vieira, de 68 anos, tem uma história de cinquenta anos com o coral luterano. Em 1968, quando sua mãe e irmã faziam parte do grupo, ela também começou a participar. “Sempre gostei de música, e assim que terminei meu curso Normal, que tinha aulas à noite, já entrei para o coral”, relembra.
“Já se passaram tantos anos, muitos integrantes já se foram, outros chegaram, mas o grupo continua muito unido e motivado”, conta ela, que passou por vários regentes durante seu período como coralista. Nair diz que é uma alegria para ela poder cantar ao lado de amigos que estão lá com o mesmo objetivo: louvar a Deus.
“Não tem explicação, tem dias que a gente chega meio desanimado e lá já vai se animando, cantando, tudo melhora. A gente sempre sai com a alma mais leve.”
De uma família de tradição luterana, Nair diz que a comunidade de Brusque é uma casa para ela: seu pai foi zelador do local durante 33 anos, e ela sempre esteve envolvida com as atividades, como o culto infantil e a juventude. Para ela, o coral hoje é como fazer parte de uma grande família.
Outra coralista que passou pelo grupo é Dorly Teske, que começou a integrar o coral após sua confirmação, em 1948. Ela lembra que o maestro da época era Aldo Krieger e que o grupo viajava para muitas cidades, fazendo apresentações. “Tínhamos uniformes diferentes que usávamos nessas viagens, cantávamos junto com os corais de Itajaí e Balneário Camboriú, e às vezes com os de Blumenau também”, conta.
Ela cantou no coral por muitos anos e estava presente quando o grupo gravou o CD, em Curitiba. “Viajamos para lá várias vezes, semanas consecutivas para gravar. Foi muito bonito, nosso regente da época era muito exigente e um ótimo maestro.” Ela lembra que, infelizmente, não foi inserida no CD uma música solo da solista, Renate Risch. “Uma pena. Ela canta conosco as outras músicas e dá para distinguir a voz dela, uma das melhores, devíamos ter insistido para ela ter um solo.”
Dorly continua frequentando a comunidade luterana e gosta dos cultos em alemão, celebrados pelo pastor Brunken uma vez por mês. Sobre a participação do coral, relembra com alegria os momentos passados com o grupo: “Foi muito bom, é muito gostoso cantar e louvar a Deus através do canto”.
Assim como ela, Euvaldo Veske cantou por anos no Coro Luterano. Foram 38 anos de dedicação ao grupo: “Os amigos convidaram e a gente começou aos poucos. Na época, eu trabalhava à noite, das dez às cinco”, relembra.
Os dias de ensaio do coral, à época realizados às terças-feiras, mudavam um pouco a rotina de Euvaldo. Ele morava no bairro Guarani e, toda semana, frequentava os ensaios, que iniciavam às 19h30.
“Quando era 21h30 eu ia pra casa, trocava de roupa e ia para o serviço. Era uma noite que eu não tinha tempo para dormir antes de trabalhar”, conta, rindo. “Eu tinha uma vespa naquela época. Sinto saudade dos ensaios.”
A coralista Mariane Zen começou a participar do grupo em 2010, a convite da tia, que também integra o coro. O convite já havia sido feito várias vezes: “Hoje nem sei mais porquê, mas eu não aceitava. Até que no culto da sexta-feira santa, em 2010, minha mãe me motivou de vez”, conta.
De família luterana, Mariane sempre teve uma relação próxima com a comunidade: seu avô, Bruno Jönk, era presidente da igreja quando ela nasceu e seus pais e avós participavam dos cultos e atividades, o que a motivou a se integrar também. “Ali, fui batizada, participei do Culto Infantil, do Grupo de Jovens. Casei, batizei meus filhos.”
Para ela, fazer parte do coro é ter um grupo de amigos que se apoia, se diverte e que sempre se sente motivado a cantar louvando a Deus.
“Não somos profissionais da música e poucos de nós entendem perfeitamente cada partitura. Algumas vezes, desafinamos, perdemos o tom, falta o fôlego para terminar uma nota. Mas nada disso nos impede de cantar! Como o Pastor Lindolfo Weingartner disse ao grupo uma vez, ‘o que vale é a intenção!’. E nossa intenção, sem sombra de dúvida, é louvar a Deus, ajudando as pessoas a confortar o coração em momentos de tristeza, e nos regozijando com elas em tempos de alegria.”
De acordo com o pastor Edelcio Tetzner, através da música pode-se ler a própria história, e o Coro Luterano abriga parte da história da Igreja Luterana de Brusque: “É como um fio que você vai puxando e nele percebendo a história. Nesse olhar histórico observa-se o esforço e compromisso dos coralistas que se reúnem para ensaiar, produzir e apresentar. Observa -se a virtude, as belas vozes e a sensibilidade que preenche os nossos cultos. Observa se o trabalho em equipe, vozes que se somam para formar apenas uma. Nesse sentido, o Coro Luterano é um bom exemplo de pessoas que se somam em prol da nossa história, da Paróquia Bom Pastor, em prol e a serviço do Reino de Deus”.
Você está lendo: Vozes da história
Veja outros conteúdos do especial:
– Introdução
– Participação especial
– Uma comunidade movida música
– Sonho realizado