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Cordão umbilical

Toda relação é abusiva quando leva em consideração apenas os interesses de um dos envolvidos. Independentemente dos atores, a única peça que pode ser encenada diante deste contexto é aquela em que um se privilegia sobre duras penas do outro.

Os resultados da manutenção desse tipo de relação são devastadores para aquele que, se submete ou é submetido a este tipo de situação. Os infratores do abuso geralmente, são também manipuladores e agressivos e acometidos de outros transtornos e disfunções de caráter. Na maioria dos casos, quem sofre o abuso, não tem consciência plena do seu estado e ou acredita que a tentativa de se desvencilhar pode acometer em prejuízos ainda maiores.

 

E quando a relação de abuso se dá entre mãe e filho? Quando ela é planejada antes mesmo da concepção e se estabelece com o nascimento da criança?

É difícil colocar “em cheque” a figura da mãe, “aquela envolta em um halo sagrado dentro de muitas culturas. Onde se pressupõe que, dão tudo de si pelo bem-estar de seus filhos”. Nos parece um pecado mortal.

Infelizmente, pode-se encontrar relatos deste tipo de relação. Algumas mulheres fragilizadas em seus valores, na sua estrutura, amedrontadas com a possibilidade do término de seus relacionamentos, ou mesmo focadas em obter “vantagens”, acabam premeditando este tipo de abuso. A relação que irá se estabelecer diante desta conexão é muito diferente daquela que seria normalmente.

 

Cordão umbilical, que nem sempre alimenta!

 

O abuso maternal, dificilmente termina, com o nascimento. Nos casos em que a gravidez teve como objetivo fim a manutenção da relação entre os pais, e por hora não tenha sido eficaz, pressupõe uma série de outros abusos que dificilmente cessarão até que a criança tenha consciência do fato e tenha condições de fazer suas próprias opções de vida.

Embora seja muito sutil a detecção deste crime, pelo “público comum”, ele não passa sorrateiro. A mãe acaba deixando um rastro. “… O uso da ameaça como medida para controlar o comportamento do filho, a utilização da força, da culpa, o controle de conversas, a procura pela anulação da autoestima do menor, a fuga da explicação dos porquês, a agressividade, os falsos relatos das situações…). Indícios estes, respaldados pela tímida trajetória da criança, que dia mais, dia menos, irá se tornar também um adulto.

 

 

 

Um filho não pode vir ao mundo, para “compensar”.

Mas caso ele venha. O acerto de contas será entre mãe e filho. Perdas e ganhos intrínsecos apenas à sua relação! O filho é o único que mostrará, com clareza, o resultado das escolhas de uma mãe.


Méroli Habitzreuter
– escritora, pintora e ativista cultural