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Corpo e corporeidade

É indiferente usar o termo corpo ou corporeidade. Dizem a mesma coisa? Não é tão corriqueira esta distinção. Mas, ao longo da trajetória do pensamento e do agir humanos, muitos filósofos se debruçaram sobre estas realidades humanas De modo especial, no fim do século XIX e no século XX. Principalmente, com o avanço da Antropologia, […]

É indiferente usar o termo corpo ou corporeidade. Dizem a mesma coisa? Não é tão corriqueira esta distinção. Mas, ao longo da trajetória do pensamento e do agir humanos, muitos filósofos se debruçaram sobre estas realidades humanas De modo especial, no fim do século XIX e no século XX. Principalmente, com o avanço da Antropologia, da Psicologia, da Fenomenologia e de seu método.

Desta forma, a Antropologia assumiu essa reflexão como um dos seus conteúdos. De fato, ela dá certa relevância e consideração ao sentido filosófico do corpo nas suas discussões e reflexões. A Antropologia Cristã além do sentido filosófico também acentua a significação teológica do corpo. Sobretudo, nas considerações éticas e morais. O corpo humano expressa singularidade e alteridade.

Sim, o corpo humano é próprio de cada indivíduo. Ninguém foi seu “proprietário” antes de mim e nem o será de outro depois de ser “meu”. A singularidade é inalienável ou transferível a outrem. Por outro lado, o corpo humano é excelente canal de comunicação. Daí, seu aspecto que é muito acionado: a alteridade. Isto é, o corpo humano “fala”. E, muitas vezes, as “falas” do nosso corpo são mais eloquentes que um discurso que se serve de muitas palavras. A linguagem corporal, por vezes, expressa com mais exatidão e precisão certas situações interiores ou exteriores, que a linguagem verbal.

Mas, então, qual é a distinção entre corpo e corporeidade? Sem entrar em grandes e profundas considerações filosóficas ou antropológicas, diremos somente para a compreensão ainda que superficial o seguinte. Na perspectiva da Filosofia (Antropologia) e Teologia, o corpo extrapola seu reducionismo como realidade puramente física ou biológica, ou puramente espiritual, porque como foi dito acima, é concebido fenomenologicamente como realidade de comunicação. Portanto, em seu aspecto relacionado à comunicação interpessoal. Por isso, a comunicação corporal proporciona a possibilidade de perceber o outro, em sua realidade humana.

Dito isso, podemos dizer que a distinção entre corpo e corporeidade pode ser expressa, dessa maneira: corpo corresponde aos aspectos “anatômicos e fisiológicos”. Esse conjunto organizado e articulado de células. Esse organismo vivo. Já corporeidade significa “experiência vivida”. Isso equivale afirmar que nosso corpo é mais do que um conjunto de células. As experiências, vivenciados com e pela presença do corpo, não “evaporam”. De alguma forma são integradas na realidade humana. Nesta perspectiva, o corpo humano assume uma significação simbólica. Sabemos que toda a nossa comunicação, como seres humanos, é essencialmente simbólica. A corporeidade, então, traduz o significado de linguagem de comunicação de muitas atitudes interiores e exteriores do ser humano.

Sabendo disso, a propaganda industrial e comercial explora, com esperteza e sagacidade, esse aspecto comunicativo da corporeidade.

Essa linguagem corporal é muito presente na fenomenologia da sexualidade humana. Expressa bem seu caráter ambivalente. Pois, pode ser instrumento de comunicação em encontros amorosos altamente gratificantes, libertantes, construtivos. Por outro lado, porém, também pode ensejar encontros frustrantes, escravizantes, destrutivos do ser humano no que tem de mais íntimo e pessoal.

O corpo e consequentemente a corporeidade são duas riquezas que possuímos. O corpo é o âmbito da maioria de nossas experiências. Ele é mediação interna e externa com tudo o que nos cerca, nos toca ou tocamos.