Correligionários de Dilma Rousseff e Aécio Neves avaliam reflexos da eleição presidencial na política do município
Serafim Venzon (PSDB) e Felipe Belotto (PT) projetam reflexos da eleição presidencial na política local
Serafim Venzon (PSDB) e Felipe Belotto (PT) projetam reflexos da eleição presidencial na política local
A vitória de Dilma Rousseff (PT) no domingo encerra o ciclo eleitoral em 2014, mas não encerra as avaliações políticas. Pelo contrário, nos municípios, como é o caso de Brusque, é tempo de avaliar os resultados e já projetar a eleição municipal, que será realizada em 2016. Os partidos políticos começam, logo, a definir as alianças para o pleito que marcará a sucessão do governo Paulo Eccel (PT).
O resultado favorável de Dilma no país, por exemplo, contrastou com os resultados obtidos por ela em Santa Catarina e em Brusque, no qual Aécio Neves (PSDB) saiu vitorioso com ampla margem de votos. A pedido do Município dia a Dia, representantes partidários dos dois candidatos fizeram avaliações sobre o resultado do pleito. A começar pelo presidente do PT municipal, vereador Felipe Belotto.
Para ele, inicialmente, a vitória da presidente representa uma sequência nos projetos do governo federal. “Sentimos os efeitos da crise econômica, mas preservando emprego e o salário do trabalhador. E os programas sociais que foram reconhecidos por todos os candidatos, no qual o governo federal era protagonista”.
Belotto afirma que o fato de Aécio ter feito 82% dos votos em Brusque não afeta a relação do município com o governo federal. Para ele, a presidente é “republicana”, e não deixará de investir por razões políticas. Como exemplo, o vereador cita o próprio governador Raimundo Colombo (PSD) que, em 2010, fez oposição à presidente, mas que nos anos seguintes não deixou de firmar convênios e receber recursos.
“Se Brusque vê hoje muitas obras do governo federal, não se deve só ao empenho do prefeito. Blumenau, governado pelo PSDB, também recebeu muito recurso”, pondera Belotto.
Histórico
Questionado se o fraco desempenho de Dilma em Brusque, e também da candidata do partido a deputada federal, Marli Leandro, não serviria para adiantar uma rejeição ao PT na próxima eleição, Belotto é enfático ao refutar. Ele sustenta que eleição municipal é uma coisa e eleição presidencial é outra. A história, por sua vez, confirma essa tese.
Em anos anteriores, o resultado da eleição presidencial não convergiu com o da eleição municipal. Em 2002, Lula ganhou a eleição em Brusque, e em Santa Catarina também. Na eleição seguinte, em 2004, o PT teve desempenho fraco na disputa municipal, ficando em terceiro lugar e sem nenhum vereador eleito. Em 2006, nas eleições gerais, o então deputado estadual Paulo Eccel, concorrendo à reeleição, também não teve sucesso.
No entanto, em 2008, Brusque elegeu Eccel para a prefeitura e, em 2010, novamente foi contra o PT na eleição nacional. Posteriormente, reelegeu Paulo Eccel à prefeitura, em 2012. Agora, em 2014, o cenário na eleição nacional se repetiu. Ou seja, o município vem alternando entre rechaçar e eleger governos do PT. “Há um descolamento total dos dois tipos de eleição. Quando vão para a urna, as pessoas têm capacidade para discernir os dois tipos”, diz Belotto.
Belotto diz que “aqueles que tentam vincular as duas eleições estão tentando buscar uma guarida para seus anseios políticos. A gente vê parte da oposição achando que foram eles que ganharam 80% dos votos, e não o Aécio neves, mas não vai ser o Aécio o candidato a prefeito deles”.
Eleição municipal
O presidente do PT afirma que a estratégia para a próxima eleição municipal é procurar um político que repactue as ideias e o perfil de Paulo Eccel. “O Paulo representa a honestidade na política, a competência e o investimento no serviço público”.
Para ele, o desafio é mostrar que o PT também é o partido da classe média. Com o governo Lula, diz o vereador, a sigla concentrou sua base eleitoral nas classes C, D e E, mais presente nas periferias e no nordeste, e se distanciou da classe média e do empresariado. O objetivo, daqui para frente, é se reaproximar deste público.
Insatisfação
Do lado do PSDB, o discurso é de insatisfação com o resultado das urnas. O deputado estadual reeleito Serafim Venzon, que coordenou a campanha de Aécio Neves no Vale do Itajaí, comentou a derrota de seu candidato, em nível nacional, e teceu críticas à “máquina do governo”.
“Tinha tanta gente descontente com o governo, com a política econômica e social, e tendo essa resposta, só da para analisar o seguinte: existem 13 milhões de famílias que recebem bolsa família, isso gera perto de 40 milhões de votos. São 40 milhões de pessoas que não analisam nenhum programa, e sim sobre o ponto de vista do que estão recebendo, aquela merrequinha do Bolsa Família que, evidente, é melhor do que não receber nada, para eles”, discursou.
Venzon afirma que a derrota da Dilma em Brusque é mais um recado para o PT nacional do que para o municipal, mas diz que isso também respinga na administração municipal, comandada por Paulo Eccel. Ele reconhece a quantidade de obras estruturais feitas pela atual administração, mas afirma que “só isso não basta”.
“Obras de saneamento, melhoria das ruas, várias obras e praças que prefeito fez, PAC macrodrenagem, tudo isso é importante, mas não é isso que muda a vida das pessoas”, afirma o deputado, “o que muda é o salário que ele recebe, se a empresa vai mal, ela demite, ou cria formas de comprimir o salário. Essa é a análise que se faz”, diz, completando que, ao refutar Dilma, a “mensagem” do brusquense é para o governo petista em todas as esferas.
Alternativa
Para Venzon, a derrota de Dilma não chega a “fortalecer” a oposição, mas dá mais gás ao PSDB, por exemplo, para se apresentar como alternativa ao PT na disputa municipal, em 2016. “Não somos oposição ao prefeito, mas somos uma grande alternativa para a próxima eleição. Ficou bem demonstrado que o cidadão brusquense não está satisfeito com o conjunto da política nacional, e que a alternativa que o prefeito apresenta não é a preferida”.