Corrupção é debatida por acadêmicos de Brusque
Magnitude da investigação faz com que ela seja cada vez mais estudada nos cursos de Direito
Magnitude da investigação faz com que ela seja cada vez mais estudada nos cursos de Direito
A Operação Lava Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil. Dezenas de pessoas envolvidas com a política de primeiro escalão e grandes empreiteiras foram presas, algumas condenadas e outras estão tendo que se explicar à Justiça Federal. A magnitude da operação é tão grande que ela já começa a ser tema de discussão nos cursos de Direito pelo Brasil, onde são estudados as práticas no processo.
A Lava Jato é importante porque ela praticamente reinaugurou o instituto da delação premiada – que é quando um acusado aceita contar tudo que sabe à Justiça em troca de uma condenação mais leve. Esta prática já existe há tempo, mas era pouco usada. Na operação, os investigadores da Polícia Federal, Ministério Público Federal e outras forças utilizaram largamente este expediente.
A delação é usada em vários países como forma mais eficaz de combater o crime organizado. Ainda assim, existe muita controvérsia quanto ao seu custo-benefício. Por isso, o debate nas universidades é importante para o amadurecimento do meio jurídico.
O coordenador do curso de Direito do Centro Universitário de Brusque (Unifebe), José Carlos Schmitz, afirma que o corpo docente tem a liberdade de abordar temas atuais em sala de aula, como é o caso da Lava Jato. “Por se tratar de um tema que envolve todos os brasileiros, os professores têm toda a liberdade para abordar, desde que não emitam, evidentemente, opinião política”, afirma.
A Unifebe possui duas matrizes curriculares em funcionamento, 2010/2 e 2012/2. Em ambas, claro, há as disciplinas de Direito Penal e Direito Processual Penal, onde a delação premiada e a Lava Jato encaixam-se. Alterar a matriz não está nos planos, diz o coordenador, porém, dentro de cada matéria existe a ementa a ser abordada no semestre. Schmitz afirma que existe a possibilidade de que o professor inclua, ali, o estudo de operações contra a corrupção.
Para o coordenador, a Lava Jato também poderá despertar mais interesse pela advocacia entre a população, e entre os acadêmicos muitos buscarão a magistratura, pois a operação é tocada por um juiz federal, e, quem sabe, pela carreira de delegado da Polícia Federal.
Juscelino Carlos Boos é professor de Direito Penal e Direito Processual Penal na Unifebe. Ele afirma a investigação federal em si não é estudada porque não há acesso ao processo, mas operações contra a corrupção entram em debate, para que os futuros advogados saibam como um processo deste tipo deve seguir.
Boos considera muito importante os professores e alunos manterem-se atualizados sobre o que vem acontecendo, e a Lava Jato é ainda mais importante. “O direito é muito dinâmico. Quando começa o semestre, eu costumo brincar com meus alunos que no Direito dois mais dois nem sempre são quatro”, afirma.
Rodrigo Sagradin está na 10ª fase de Direito na Unifebe. “As investigações relacionadas à corrupção, como a Lava Jato, são de grande importância para a democracia. Pois mostram esquemas de desvios de verbas públicas. Acredito que isto acaba conscientizando a população e evitando novos esquemas de corrupção”, afirma.
Sagradin está no fim do curso, mas ainda assim ele acredita que a Lava Jato mudará o entendimento dos futuros advogados, pois ela tende, sim, a ser tema de debates nas universidades.