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Costureira brusquense com deficiência auditiva trabalha há mais de 20 anos na área

Relação entre Adriana Maierling e as chefes é de amizade e sintonia

A deficiência auditiva da costureira Adriana Maierling não a impediu de trabalhar, criar dois filhos e ser uma mulher independente. Natural de Brusque, ela tem 47 anos e reside no bairro São Pedro. É o que contam as chefes e amigas Rosália Maria Imhof, de 60 anos, e Tatiana Imhof Buss, de 37 anos, que trabalham com ela há quase 20 anos.

Rosália e Tatiana auxiliaram na entrevista com a costureira, tamanha a sintonia entre as amigas, que conseguem se entender com gestos, e poucas palavras. Adriana lê os lábios de quem fala, e também responde com palavras e gestos.

Ela começou a trabalhar na Schlösser, aos 14 anos. Com 15 anos se casou e, aos 16, teve o primeiro filho, Gustavo, hoje com 29 anos.

Rosália conta que foi demitida do último emprego e começou a trabalhar em uma nova empresa. Adriana aprendeu a costurar na máquina com ela.

“Quando tinha pouco serviço, fui ensinando ela na máquina. Como ela tinha interesse, aprendeu bem e agora ela completa 20 anos de costureira”, conta Rosália. Ela destaca ainda que para ensiná-la, não teve dificuldade. “Sempre nos comunicamos bem com ela. Apesar de não falarmos em libras, mais com gestos mesmo”, comenta.

Atualmente, eles trabalham em seis pessoas, todos com muito tempo de casa, inclusive. E todos se comunicam com Adriana sem grandes problemas. “Ela é muito inteligente, não é preciso fazer som, apenas mexer a boca que ela lê os lábios”, explica Tatiana.

Nos casos em que é preciso se comunicar com pessoas de fora, ou médico da empresa, por exemplo, alguns dos colegas acompanham ela para ajudar na comunicação.

Estudos e Libras

Em 2020, Adriana chegou a retomar os estudos no Sesi, onde completou até a oitava série. Porém, ela caiu de moto e fraturou a clavícula e teve que parar. Logo em seguida, começou a pandemia da Covid-19 e ela se afastou dos estudos novamente.

Ela começou a aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras) há oito anos, um ano após se separar do marido. Ela ensinou alguns gestos para Tatiana e Rosália, mas elas são fluentes em Libras.

Na entrevista, Adriana mostrou como se fala diversas palavras no idioma. Entre elas, mãe, pai, filha e adjetivos como feliz, contente e linda. São gestos simples, mas para quem não consegue falar faz muita diferença.

Dificuldades com a pandemia

Mesmo com a independência de ir e vir nas lojas, farmácias, médicos e dentistas, com a pandemia do coronavírus e a obrigatoriedade do uso de máscara, a costureira está tendo dificuldades para se comunicar.

Ela precisa tirar a máscara para que as pessoas consigam ler os seus lábios e entender mais tranquilamente, e os estabelecimentos não permitem. Adriana ressalta que fica muito triste com a situação, pois precisa do rosto para se comunicar.

Com isso, ela se viu impedida de fazer as coisas sozinha como sempre fez. Por isso, usa máscaras transparentes para facilitar o contato, mas de vez em quando alguém a acompanha nos locais.

Aparelho de audição

Atualmente, a costureira tem um aparelho no ouvido, e outro foi montado ao contrário, e não consegue usar ainda. Quando ela usar o novo aparelho, ela não vai conseguir ouvir vozes, apenas sons como batidas de porta, sirenes e buzinas.

Como Adriana costuma ser independente, ao longo do tempo foi realizando adaptações em casa. Rosália conta que ela dificilmente perdeu o horário que faz nestes anos todos, das 5h às 13h30.

“Há muitos anos comprei pra ela um despertador que vibra. Ela colocava no travesseiro para sentir a vibração e saber que tinha que acordar”, conta Tatiana.

Ela chegou a ter dois despertadores, e nos últimos tempos comprou pela internet um relógio de pulso digital, chamado smartwatch, que também vibra para despertar, com a ajuda de Tatiana.

Quando alguém toca a campainha no apartamento, a luz acende em vez de fazer barulho. E assim, Adriana vai superando as adversidades. 

Além do trabalho, patroas consideram Adriana parte da família Foto: Lorena Polli

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